Ética é o conjunto de valores, ou padrões, a partir dos quais uma pessoa entende o que seja certo ou errado e toma decisões. A ética é importante por que respeita os outros e a dignidade humana.

Sexta-feira, 10 de Maio de 2013
O homem é superior aos animais?
por Daniella Borges 

 Resolvi escrever essa reflexão depois de participar de diversas discussões que tive sobre animais e geralmente as mesmas pessoas que dizem: “Porque você vai cuidar de animais se tem tanta criança na rua?” – falarei disso depois – também dizem que o homem é superior aos animais, portanto sua vida é mais importante.
Vale ressaltar que o que você irá ler a seguir é minha opinião formada a partir de experiências e também com base em algumas fontes (todas citadas no texto). Respeito opiniões contrárias a minha, no entanto, espero que esse post te faça refletir. Espero que você possa comentar dando a sua opinião. Esteja livre para concordar ou discordar.
O próprio homem dizendo que ele é mais importante entre as espécies me soa tão egoísta. Afinal de contas é ele mesmo dizendo que ele é superior. O homem não é o criador da vida, portanto ele não tem propriedade para categorizar a mesma, no entanto, o homem o faz sempre colocando-se  no topo da pirâmide. Somente o criador da vida, se este existir, poderia categorizar aquilo que criou, hierarquizando e dando a devida importância a cada um se assim fosse o certo.

O homem e a ciência


Se analisarmos o homem e sua interação com o meio ambiente, fica claro que o homem depende de outras espécies para viver, no entanto, não existe nenhuma espécie que dependa dele para sobreviver. Os animais domésticos dependem do ser humano para sobreviver, no entanto, o homem quem causou essa condição. Se estes animais estivessem soltos em um ambiente natural (não alterado pelo homem), eles certamente conseguiriam viver tranquilamente e assim era antes do homem introduzir essas espécies em seu meio social. E se o homem fosse extinto amanhã? Nenhum animal seria prejudicado, pelo contrário, a natureza poderia triunfar novamente. (Exceto os cães de raças criadas pelo próprio homem, enquanto que os vira-latas teriam mais chances).  Recomendo que assistam o documentário do History Channel, O Mundo sem ninguém que fala mais a respeito do assunto e veja como a natureza conseguiria se recompor novamente. Em contrapartida, se algumas espécies forem extintas, essa extinção poderia alterar toda uma cadeia alimentar, levando outras espécies a extinção.
O homem em relação a natureza, seu ciclo e cadeia alimentar não é importante e pode ser desprezado, enquanto que outras espécies são fundamentais. Se o homem não é  importante dentro do ambiente em que está inserido, o que faz dele superior?

O homem como ser racional

homem pensando O homem é superior aos animais?
Alguns argumentam que o homem é superior pois é o único ser racional, no entanto, quem definiu que racionalidade pode ser um critério para avaliar a superioridade entre as espécies? Se isso fosse válido, todos os outros animais deveriam ser categorizados numa hierarquia em ordem de inteligência racional, afinal de contas, existem seres mais inteligentes que outros. Nós nos alimentamos de porcos, que são seres mais inteligentes que cães e fazemos dos cães nossos animais de estimação. Oras, mas se racionalidade define a superioridade das espécies, porque não estamos com porcos em nossas casas e estamos nos alimentando de cães? Porque de fato, não existe superioridade no grau de inteligência de uma espécie. É sabido que o homem é o único animal considerado racional, no entanto, não podemos esquecer que muitas das nossas atitudes são irracionais, algumas até mesmo instintivas, e sabemos que muitas vezes nossa racionalidade nos faz agir de forma desprezível de forma  que um ser irracional talvez jamais o faria. A racionalidade não nos faz atingir a plenitude da moralidade.
Segundo Regan, filósofo norte-americano, inteligência, autonomia ou racionalidade são critérios que excluem não só os animais como uma porção de seres humanos. Não se trata portanto apenas de defender os animais – como quem se cansa da humanidade – mas de defender os humanos com o mesmo afinco: é no mesmo tecido moral que se costuram os direitos de ambos. Alguns animais possuem uma complexidade psicológica que os torna sujeitos de uma vida; possuem, portanto, valor inerente e têm tanto direito de serem tratados com respeito quanto humanos não paradigmáticos. Uma vez que esses seres humanos não-paradigmáticos fazem parte da comunidade moral, o mesmo status moral há de ser atribuído aos animais com capacidades psicológicas similares, que também passam a estar envolvidos nas relações morais.
A exclusão e inferiorização dos animais por parte do homem é apenas um preconceito especista. Veja, no direito humano, um homem têm direito não pela sua inteligência ou racionalidade, mas sim, pela sua sensibilidade e consciência em si, sendo assim porque os animais devem ser excludentes?
Por exemplo, seres humanos com retardo mental têm status moral, embora sejam deficientes em racionalidade. Na mesma situação se encontram crianças que ainda não desenvolveram plenamente sua autonomia ou idosos senis. “Não-paradigmático” refere-se, pois, àqueles que não têm o que é paradigmático no ser humano – a posse de algum atributo, como racionalidade, por exemplo. Assim, certos animais têm certos direitos porque humanos não-paradigmáticos têm tais direitos.
É preciso focar no valor inerente de cada ser, o sujeito de uma vida: “criaturas conscientes que possuem um bem-estar individual que tem importância para nós independente de nossa utilidade para os outros.” Despreza-se sexo, raça, local de nascimento, habilidades, inteligência, personalidade, saúde ou patologia. O valor inerente é absoluto: independe da utilidade que um indivíduo possa ter para outros. Reforço bem essa parte, pois as pessoas tendem a categorizar se alguém é importante ou não de acordo com o que ela sente ou pensa a respeito de outrém, enquanto que a base moral deve ser o respeito ao valor inerente de cada indivíduo. Ações que desrespeitam o valor inerente de um indivíduo não são apenas ações imorais: são também ações injustas, por violarem direitos morais individuais. E o que garante o valor inerente a todos nós, não são nossas diferenças, mas sim, nossas similaridades ou igualdades.
Vale lembrar que a moral que é aplicada a todos é de responsabilidade de alguns, os agentes morais. Por exemplo, um adulto tem a responsabilidade moral sobre uma criança, adultos enfermos e animais, que aqui fazem papel de pacientes morais. Não é preciso dizer o quanto injusto seria o agente moral agredir um idoso ou uma criança, por exemplo.
Excluir os animais não é uma questão de sentimentalismo, mas sim, de injustiça, pois é  impossível justificar que os animais não possuem ou que possuem menos valor inerente que os seres humanos.
Se você quiser saber mais a respeito, leia a Teoria dos direitos animais humanos e não-humanos de Tom Regan. Para quem quiser ler o resumo segue o link: http://www.cfh.ufsc.br/ethic@/ET33ART6.pdf

O homem e a religião


1177635989 religiao O homem é superior aos animais?
Saindo um pouco do campo da ciência e filosofia, muitos recorrem a religião para justificar seus argumentos, por isso usarei aqui alguns trechos bíblicos, apesar de acreditar que estes não seriam argumentos válidos, uma vez que não temos aqui uma verdade absoluta, pois dependemos da crença de alguns para sustentar esses argumentos.
Existem passagens da bíblia que dizem que o homem deve dominar a natureza.  No entanto, ao mesmo tempo que ELE fala do seu domínio, o que é totalmente plausível, afinal de contas se não tivéssemos domínio sobre ela não teríamos evoluído até o ponto que estamos, ELE diz para preservamos e nos sujeitarmos a natureza. Segue trechos bíblicos:

Vale Lembrar que segundo o dicionário superioridade é a qualidade ou estado de uma pessoa ou coisa que está acima das outras; vantagem, preeminência, preponderância, primazia, supremacia: a superioridade do mérito. Logo, uma pessoa superior não poderia sujeitar-se.
ELE segue:  “Quando sitiares uma cidade por muito tempo, pelejando contra ela para a tomar, não destruirás o seu arvoredo, metendo nele o machado, porque dele comerás; pelo que não o cortarás, pois será a árvore do campo algum homem, para que fosse sitiada por ti?”.  Aqui fica claro, que o homem deve zelar e preservar a natureza.
Por fim, conclui: “E DEPOIS destas coisas vi quatro anjos que estavam sobre os quatro cantos da terra, retendo os quatro ventos da terra, para que nenhum vento soprasse sobre a terra, nem sobre o mar, nem contra árvore alguma”; “E foi-lhes dito que não fizessem dano à erva da terra, nem a verdura alguma, nem a árvore alguma, mas somente aos homens que não têm nas suas testas o sinal de Deus”.
Quem é superior a alguém tem supremacia para agir de acordo com sua vontade, porém ELE deixa claro que o homem não deve causar danos a natureza, respeitando assim sua integridade. Existem outras citações, no entanto,  apenas com essas acho que já fica claro que em nenhum momento ELE diz que o homem é mais importante ou superior a natureza, mas sim, que deve dominá-la, preservá-la e sujeitar-se também. Quando ele cita a dominação, não quer dizer a dominação como ser  superior, mas sim,  em deter o conhecimento a cerca da natureza, como foi com o domínio do fogo, por exemplo.
Para quem quiser ler mais a respeito deixo aqui o link: http://umapalavra.wordpress.com/2007/10/15/a-palavra-de-deus-e-a-natureza/
Infelizmente, vejo que no espiritismo a situação se agrava. Veja nesse trecho: “Kardec (A Gênese, 1868) explica que entre os seres inferiores da criação não existe ainda o senso moral como no ser humano (porém é conhecido que, de maneira mais rudimentar, o senso de moral exista sim em alguns animais), de certa maneira, o instinto ainda impera. Desta forma, a luta entre estes seres ocorre para suprimento de uma satisfação material, que na maior parte das vezes é a da alimentação.” Se você leu acima, já entendeu que a moral também se aplica a pacientes morais, ou seja, a moral não precisa ser percebida por um animal para que ele faça parte dela. Mais uma vez, se fosse assim deveríamos excluir aqui os seres humanos não-paradigmáticos.
Além disso o espiritismo prega a hierarquização pelo grau evolutivo dos espíritos, colocando assim os animais em uma escala inferior. No entanto, como nada disso pode ser provado, nos limitemos aos princípios da moralidade.
Mais:
http://animaiseoespiritismo.blogspot.com/2011/07/visao-espirita-e-relacao-homem-e-outro.html
http://pt.scribd.com/doc/20883990/Relacao-Homem-Animal
Cada religião tem sua visão particular sobre isso, porém vale ressaltar que a visão humanista está intrínseca à religiões cristãs. Houve um momento em que reforçar a superioridade do homem se fez necessária, tanto do homem em relação as espécies, quanto do homem em relação ao próprio homem. As antigas religiões pagãs pregavam a igualdade entre o homem e a natureza, uma vez que fazem parte da mesma energia.
Mais: http://www.submarino.com.br/produto/1/81897/livro:+historia+ilustrada+das+religioes

O homem e o sistema capitalista

 Homem Grana O homem é superior aos animais?
O capitalismo só pode sobreviver em um ambiente onde poucos controlam muitos. Onde o lucro se faz da exploração dos mais fracos, portanto é perfeitamente aceitável que em nosso sistema seja comum a prática da hierarquização.  Vale citar a opressão que existe em relação aos negros, mulheres, homossexuais, pobres, animais, ao longo de toda a história. É de lembrar a apaixonada discussão, no século XVI, sobre a natureza dos índios americanos – decretado que não possuíam alma, decidiram-se por tratá-los como animais de carga. Já o Führer do III Reich, Hitler anunciava que mataria os judeus e outros indesejáveis “como piolhos” que eram. Seu regime seria o precursor do extermínio em larga escala de “vidas que não merecem viver” – doentes mentais no topo da lista que incluía uma série de doenças (supostamente) hereditárias.
A forte tendência que o homem têm de hierarquizar é o fator primordial que causa guerras, afinal de contas as diferenças são usadas como justificativas para que homens julguem uns aos outros. ”Derrubada a barreira na espécie é preciso abandonar a barreira da espécie: por uma questão de coerência”.
Recomendo a leitura do livro A Cabana, que entre os assuntos abordados fala sobre os problemas causados pela hierarquia. Obviamente é um livro de ficção, no entanto, pode nos fazer refletir sobre o assunto.
A partir do momento que o homem passar a enxergar todos como seus verdadeiros iguais, mesmo que haja diferenças entre gostos, opiniões, atitudes, religiões, políticas, etc., talvez passássemos a perceber que os animais também são nossos iguais.
Meu post teve o objetivo de abordar diversas óticas sobre o mesmo assunto. Meu objetivo não é o aprofundamento em cada uma delas, por esse motivo deixei mais fontes para consulta, mas apenas debater alguns pontos principais sobre essa questão.


Finalizo este post com algumas citações:

(…) O uso do termo igual é restrito à hipótese de que os animais têm direitos a um reconhecimento igual dos seus interesses, sejam eles quais forem. Mas isto não quer dizer que todos os animais tenham os mesmos interesses, nem que haja um absolutismo moral que não permita em qualquer circunstânciauma alternativa à norma, bem como, que entre os animais não humanos e os animais humanos não encontremos alguma diferença significativa. O que não podemos é simplesmente arbitrar que a qualidade do ser racional, por exemplo, é suficiente para colocar o humano no topo de uma cadeia alimentar altamente canibalesca (GURGEL, 2003, p.75).


“ Quando o homem aprender a respeitar até o menor ser da criação,  seja animal ou vegetal, ninguém precisará de o ensinar  a amar o seu semelhante.” – Albert Schwweitzer  pensador Prêmio Nobel da Paz – 1952

“ Virá o dia em que a matança de um animal será considerada crime contra a humanidade.“ Leonardo Da Vinci 1452 – 1519 –  Pintor, escultor, arquiteto, engenheiro, anatomista, físico, inventor  considerado por vários o maior gênio da história.

“ Não me interessa nenhuma religião cujos princípios não melhoram  nem tomam em consideração as condições dos animais.” - Abraham Lincoln Presidente dos Estados Unidos da América

“ A grandeza de uma nação e o seu progresso moral podem ser avaliados  pelo modo como os seus animais são tratados.“ Mahatma Gandhi - 1869 – 1948 – um dos idealizadores e fundadores do moderno estado indiano  influente defensor do Satyagraha (princípio da não-agressão, forma não-violenta de protesto) como um meio de revolução.

“ A compaixão pelos animais está intimamente ligada à bondade  de carácter, e pode ser seguramente afirmado que quem é cruel  com os animais não pode ser um bom homem.“ Arthur Schopenhauer - 1788 – 1860 - filósofo alemão.

“ Primeiro foi necessário civilizar o homem em relação ao próprio homem.  Agora é necessário civilizar o homem em relação à natureza e aos animais.“ Victor Hugo –  escritor e poeta francês.

“ Por que é que o sofrimento dos animais me comove tanto?  Porque fazem parte da mesma comunidade a que pertenço,  da mesma forma que os meus próprios semelhantes.“ Émile Zola  - escritor.

Não há diferenças fundamentais entre o homem e os animais  nas suas faculdades mentais… os animais, como os homens,  demonstram sentir prazer, dor, felicidade e sofrimento.“ Charles Darwin – cientista e naturalista britânico pai da teoria da evolução.


” Olhe no fundo dos olhos de um animal e, por um momento,  troque de lugar com ele. A vida dele se tornará tão preciosa quanto a sua  e você se tornará tão vulnerável quanto ele. Agora sorria, se você acredita que todos os animais merecem o nosso respeito e a nossa protecção, pois em determinado ponto eles são nós  e nós somos eles.”  Philip Ochoa –  Presidente da University of Success&REG.

 “ Ao estudar as características e a índole dos animais,  encontrei um resultado humilhante para mim.” Mark Twain – escritor e romancista norte-americano.

“ Entre a brutalidade para com o Animal e a crueldade  para com o Homem, há só uma diferença: a vítima.” Alphonse de Lamartine – escritor, poeta e político francês.

” A vida é valor absoluto. Não existe vida menor ou maior, inferior ou superior.  Engana-se quem mata ou subjuga um animal por julgá-lo um ser inferior. Diante da consciência que abriga a essência da vida, o crime é o mesmo.” Olympia Salete –  escritora e poetisa brasileira.

“ Esse direito – o de matar um veado ou uma vaca - parece-nos natural porque nós estamos no alto da hierarquia.  Mas bastaria que um terceiro entrasse no jogo, por exemplo, um visitante de outro planeta  a quem Deus tivesse dito “Tu reinarás sobre as criaturas de todas as outras estrelas”,  para que toda a evidência do Gênese fosse posta em dúvida.  O homem atrelado à carroça de um marciano – eventualmente grelhado no espeto  por um visitante da Via-Láctea – talvez se lembrasse da costeleta de vitela que tinha o hábito de cortar em seu prato.  Pediria (tarde demais), desculpas à vaca.” – Milan Kundera escritor.

” O erro da ética até ao momento tem sido a crença  de que só se deve aplicá-la em relação aos homens.” Dr. Albert Schweitzer – teológo, músico, filósofo e médico alsaciano.

”  Entre 135 criminosos, incluindo ladrões e estupradores,  118 admitiram que quando eram crianças queimaram,  enforcaram ou esfaquearam animais domésticos.”  Ogonyok – revista soviética anti-crueldade.
 ”  Em meu pensamento, a vida de um cordeiro não é menos importante que a vida de um ser humano.”   Mahatma Gandhi - Estadista e filósofo.

Se quiser ler mais citações: http://www.refugiodabicharada.com/index.php?option=com_content&view=article&id=156:grandes-citacoes-sobre-animais&catid=1:noticias-recentes&Itemid=103






publicado por Maluvfx às 03:02
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Sexta-feira, 16 de Novembro de 2012
Byron. um Labrador Especial!
Kate Cross sofre de uma rara doença chamada Síndrome de Ehlers-Danlos.
Isso faz com que as suas juntas fiquem tão fracas que até mesmo o ato de abrir uma porta pode deslocar seu ombro, cotovelo ou punho.
Realizar qualquer tarefa do dia a dia seria impossível para ela…

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Até que ela conheceu Byron, um labrador.

Ela não saia de casa sozinha por anos até receber a ajuda de Byron em 2007. Agora seu companheiro fiel.

Ele ajuda a atravessar a rua…

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Coloca as roupas na máquina de lavar…

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Faz a cama e ajuda a pegar algumas coisas na geladeira…

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Sabe sacar dinheiro, para que ela só precise digitar a senha…

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Ajuda nas compras…

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E até paga…

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Ajuda a lavar seu pratinho de comida.

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E depois ainda ajuda a dona a esticar as pernas no sofá…

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Kate Cross agora chama Byron de seu melhor amigo.

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publicado por Maluvfx às 09:47
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Domingo, 11 de Novembro de 2012
Histórias de animais abandonados por causa da crise e que conseguiram sobreviver

Por Lucília Galha

Napoleão foi vítima de uma tentativa de enforcamento, Megan foi deixada no lixo e Sara foi atirada de um carro em andamento. Há animais abandonados para morrer e que, mesmo assim, conseguem recuperar. Seis histórias comoventes

Napoleão foi abandonado com um arame de ferro enrolado à volta do pescoço – estava tão apertado que toda a zona ficou com feridas profundas. Terá sido vítima de uma tentativa de enforcamento. O cão andava a deambular há algum tempo perto do parque de campismo da Costa de Caparica. Um dia, à tarde, três voluntários da União Zoófila foram buscá-lo.

O resgate foi difícil e demorou mais de uma hora. Primeiro, foi preciso localizar o animal; depois, tentaram atraí-lo com comida, misturada com tranquilizante, para o adormecerem. Por duas vezes, o cão comeu e fugiu. Era Verão, estava muito calor mas, embora desidratado, o animal ainda resistiu. Só passados 45 minutos começou a cambalear e, por fim, deitou-se no chão e adormeceu.

Quando, nessa mesma tarde, Napoleão entrou no consultório de Luísa Filipe, directora clínica da União Zoófila, a médica ficou surpreendida. “Pensei que não iria sobreviver”, conta. O cão tinha muita febre e estava abatido. Foi logo sedado para retirar o arame – os médicos tiveram de usar um alicate.

“O arame passava-lhe de fora para dentro do pescoço como se fosse um atacador. Nunca tinha visto nada assim”, lembra a veterinária. A cirurgia durou cerca de três horas. Durante mais de 15 dias, o cão voltou diariamente ao hospital para fazer o penso, tomou antibióticos e anti-inflamatórios e também fez medicação para suportar a dor.

O abandono de animais domésticos acontece todos os anos e agrava-se nos períodos de férias, sobretudo no Verão. Mas, agora, há mais uma razão: a crise.

“As pessoas levam-nos às consultas cada vez mais tarde, deixam-nos adoecer até à última e as vacinas também estão atrasadas. Isto acontece até com pessoas que antes cumpriam escrupulosamente”, diz à SÁBADO Luísa Filipe, directora clínica da União Zoófila. A associação está sobrelotada (tem 550 cães e 200 gatos), estão mais animais por metro quadrado do que seria desejável e não se consegue responder a todas as solicitações.

Carregue na foto seguinte para continuar a ler.
Animais abandonados por causa da crise que conseguiram sobreviver
Napoleão
Como foi abandonado 
Tinha um arame de ferro enrolado à volta do pescoço
Como recuperou
O treinador começou por pôr a coleira no chão só para o cão a cheirar. Só ao fim de seis semanas conseguiu pôr-lha ao pescoço

Fisicamente, Napoleão ficou bom ao fim de algumas semanas. Mas demorou mais tempo a recuperar do estado de choque. No início, não saía do seu compartimento e tremia quando alguém se aproximava. “Os cães são altamente sociáveis, mas ele não queria relacionar-se com os humanos de forma alguma”, conta à SÁBADO Miguel Oliveira, treinador da escola de cães Caniteam. Primeiro, só ia à rua ao colo e mais tarde começou a sair sozinho e a dar-se com os outros animais. Preta, uma das cadelas com que partilhava o espaço, foi fundamental para a recuperação. “Os cães tendem a viver em matilha, não conseguem estar sozinhos. Ele aceitou a Preta e formaram uma matilha. Ela ajudou-o porque é sociável e ele, aos poucos, passou a andar atrás dela. Os elementos da matilha copiam-se”, explica o treinador.

Miguel Oliveira acompanha Napoleão desde o início do ano. Está com ele uma vez por semana durante 45 minutos. O seu trabalho tem sido gradual. Nos primeiros tempos, o treinador sentava-se de costas junto ao cão para ele conhecer o seu cheiro. Depois, começou a fazer festas à Preta – “para que o Napoleão percebesse que ela me aceitava”, explica. A seguir, deu-lhe a cheirar uma coleira para se ir familiarizando com o objecto. Ao fim de seis sessões conseguiu colocar-lhe a coleira ao pescoço. Foi a primeira grande vitória. O cão ficou imóvel, mas não tentou tirá-la. “Ele é que escolheu os tempos para os meus pequenos avanços. Só depois de ter a sua confiança é que consegui que começasse a melhorar”, diz.

Quando o treinador foi dar um passeio com Napoleão no parque florestal de Monsanto, o cão aceitou a coleira e passeou sozinho. Mas ainda não recuperou totalmente. “Afasta-se quando alguém lhe tenta fazer uma festa. O trabalho com ele não começou do zero mas do menos 10”, diz Miguel Oliveira. Agora, o objectivo é arranjar-lhe uma família.
Animais abandonados por causa da crise que conseguiram sobreviver
V
Como foi abandonado 

Foi largado em Loures depois de ter sido espancado consecutivamente
Como recuperou 
Ficou num quarto sozinho só na companhia dos pássaros

Com a crise surgiram dois tipos de situações. “Há aquelas pessoas com dificuldades económicas que pedem ajuda para as despesas, gostam dos seus animais e não os deixam; e há outras que os querem abandonar e dão a crise como desculpa” explica Tânia Silva, da Animais de Rua.

A associação recebe cada vez mais pedidos por email e já não consegue dar uma casa a todos os animais que recolhe na rua. Este ano já entregou 113, mas ainda tem outros 135 para adopção. “E como o ano ainda não acabou, muito provavelmente vão surgir mais”, diz a responsável. A Chão dos Bichos está a passar pelo mesmo problema. Entre Maio e Dezembro do ano passado deu 130 animais; este ano, no mesmo período, só ainda entregou seis.

Segundo a Direcção-Geral de Alimentação e Veterinária, até Setembro foram deixados nos canis municipais 4.262 cães e 1.059 gatos. Contudo, além destes, há ainda aqueles que são recolhidos ou abandonados nas associações e os que ficam na rua. “O abandono está a aumentar de dia para dia”, garante à SÁBADO o veterinário Nóbrega Faria.

No Centro de Recolha e Protecção Animal do Vale do Douro Norte, onde trabalha, a tendência inverteu-se completamente. Antes, 70% dos animais eram apanhados na rua e só 30% eram entregues na associação. Agora é ao contrário. “As pessoas alegam que não têm condições. Acredito que o desemprego seja a principal razão”, diz.
Animais abandonados por causa da crise que conseguiram sobreviver
Rainbow
Como foi abandonado 

Foi atirado por cima de uma rede com dois metros
Como recuperou
Rita Silva, que o acolheu, construiu-lhe uma casa com caixotes para ele se sentir seguro

Rainbow, um cão rafeiro, preto às manchas brancas, foi atirado por cima de uma rede com mais de dois metros para a casa de Rita Silva. Faz agora quatro meses. A presidente da Associação Animal só deu por ele porque os seus outros cães começaram a ladrar. Na altura, chovia muito e o animal estava assustado. “O nome vem daí, porque atrás do sítio onde o encontrei apareceu naquela altura um arco-íris”, diz. Rainbow estava muito magro, tinha uma pata partida (uma fractura antiga, que já tinha formado calo), estava cheio de carraças e ficou com a barriga cheia de cortes por causa da queda.

Durante as duas primeiras semanas, depois do abandono, o animal permaneceu praticamente imóvel. Estava muito traumatizado. Rita pô-lo numa sala isolado dos outros cães e arranjou uns caixotes para lhe construir uma espécie de casa. A ideia era que se sentisse seguro. Para o alimentar, dava-lhe a comida na mão, mas não se aproximava, para não o assustar. Com o tempo, foi retirando os caixotes e deixando lá a comida para que o cão se alimentasse sozinho. “Só agora, quatro meses depois, é que ele se chega a mim sem receios. Mas ainda foge se tento fazer-lhe festas sem ser ele a pedir.”

Há uma diferença entre os animais doentes e os que foram abandonados: o medo. “Estes últimos têm o stresse adicional do abandono. O animal teve contacto com uma pessoa, foi deixado num espaço físico que não conhece e depara-se com a realidade de ter de procurar comida e água, coisa a que não estava habituado. Passa muito tempo sem comer, pode estar desidratado e parasitado e está numa situação de grande fragilidade” explica à SÁBADO o veterinário Joaquim Henriques.

Megan, uma cadela pequena, com apenas 5 kg, foi atacada por um cão de 40 kg que pegou nela pelo pescoço, com os dentes, e a sacudiu até se cansar, entregando-a no fim ao seu dono como se fosse um troféu. Em vez de ajudar a cadela, o proprietário do animal agarrou nela e atirou-a para o lixo.

Houve pessoas que assistiram e chamaram a polícia, mas não foi possível fazer nada contra o homem. “A cadela não tinha dono, não havia ninguém a quem se pudesse pedir responsabilidades”, diz Cláudia Martins, voluntária da Associação Animais de Rua. Em Portugal, o abandono só é punido (com coimas que vão dos 250 aos 3740 euros) se o animal estiver identificado e for possível localizar o dono ou se a pessoa que faz a denúncia presenciar o abandono.

Quando este episódio aconteceu, Megan já vivia na rua há cerca de um mês. Ela e mais três cadelas (presumivelmente suas irmãs) foram deixadas num pinhal perto de Gaia. Uma voluntária da Animais de Rua acompanhou a situação desde o início e, no mínimo duas vezes por dia, deslocava-se ao local para as alimentar.
Aniamis abandonados por causa da crise que conseguiram sobreviver
Megan
Como foi abandonada

Foi atirada para o lixo depois de um cão a ter atacado
Como recuperou 
Ao ver Magui, sua irmã, a brincar com as pessoas, começou a imitá-la. A cadela ajudou-a a recuperar a confiança

Megan foi resgatada do lixo em choque e levada de imediato para o veterinário. Tinha quatro feridas profundas no pescoço, mais três na zona do lombo e outras espalhadas pelo corpo. Estava coberta de sangue e assim que a veterinária a pôs em cima da marquesa as pulgas que tinha no corpo saltaram – já estava a ficar fria, estava perto da morte.

Na mesma altura, a cadela também sofreu um aborto espontâneo. Os médicos limparam e drenaram-lhe as feridas, mas a prioridade foi deixá-la quieta, só a soro, para recuperar do choque. Logo nesse dia, Megan foi para casa de Cláudia Martins – que cuidou dela enquanto esteve em recuperação. “Quando a vi tive um choque, é raro vermos um animal de porte tão pequeno na rua. Ela estava muito assustada.”

A cadela ficou numa cama na cozinha da casa, com acesso ao terraço, mas durante dois dias não se levantou. Só se mexia quando Cláudia Martins lhe mudava o cobertor onde estava deitada, porque as feridas continuavam abertas e a drenar, e também na altura de fazer os pensos, duas vezes por dia. “Tinha de lhe limpar as feridas com água e Betadine. Ela deixava fazer tudo mas tremia ao ponto de se ouvir o ranger dos seus dentes”, conta a voluntária.

A cadela só começou a ganhar confiança quando, duas semanas depois, Magui (uma das irmãs que tinha ficado no pinhal) se juntou a ela. Magui gostava de se dar com as pessoas. Ao vê-la brincar, Megan começou a querer imitá-la.

“Era muito desconfiada mas, tendo a Magui ao lado, que corria para nós e pedia mimos, começou a perceber que nem todas as pessoas fazem mal”, diz Cláudia Martins à SÁBADO. Esta ligação entre as duas cadelas, contudo, não estava relacionada com o facto de serem irmãs. “A partir dos 2 meses, os cães não têm esse sentido de família. Aconteceu porque elas formaram uma matilha”, explica o treinador _Miguel Oliveira. Em Fevereiro, cerca de um mês depois de ter sido abandonada, Megan foi acolhida por uma nova família que também acabou por ficar com a sua irmã.

Apesar de ter sido abandonado para morrer, Seth também recuperou. Estava caído dentro de uma valeta numa estrada perto de Vila Franca de Xira. “Foi atropelado e os carros atiraram-no de um lado para o outro como se fosse uma bola. Até que um lhe acertou com tanta força que o animal caiu para fora da estrada”, conta Rita Silva, responsável da Associação Animal. Segundo os médicos que o assistiram, o cão estava com uma desidratação profunda e já não teria mais do que quatro horas de vida.

Os veterinários acreditam que os animais têm uma capacidade superior de lidar com situações de stresse e dor. Por uma razão: não pensam. “A inconsciência da gravidade da situação ajuda a que não haja um stresse adicional”, explica Joaquim Henriques.
Animais abandonados por causa da crise que conseguiram sobreviver
Sara
Como foi abandonada

Foi atirada de um carro em andamento. Estava grávida
Como recuperou
Ana Sousa, sua nova dona, comprava-lhe petiscos como ração gourmet para a conquistar

Além de desidratado, Seth tinha dois tumores malignos e várias fracturas: na pata esquerda traseira, que estava partida em vários sítios, no fémur e na articulação do cotovelo direito. Foi submetido a duas cirurgias e colocaram-lhe ferros para fixar os ossos partidos. Nos primeiros tempos, reagia mal a qualquer contacto com as pessoas. Para o alimentarem, os veterinários do Hospital do Restelo davam-lhe ração com uma pinça. Só foi para casa ao fim de dois meses.

Rita Silva preparou tudo para a sua chegada: esvaziou a arrecadação da casa e fez-lhe uma cama com cobertores. Também pôs um rádio na divisão para que o animal se sentisse acompanhado. Cinco a seis vezes ao dia, ajudava-o a levantar-se. “Púnhamos-lhe a trela debaixo da barriga para o elevar e amparávamos atrás para que não caísse”, descreve. Mais difícil era fazer-lhe os pensos: a operação demorava cerca de 20 minutos e nem sempre Rita a terminava sem Seth lhe morder.

Os tratamentos prolongaram-se por quase nove meses. Durante esse tempo, o cão teve de fazer muita fisioterapia para recuperar o movimento da pata traseira – aquela que tinha ficado mais afectada. Rita Silva ajudou-o sempre: punha-lhe a trela debaixo da pata e ensinava-o a andar. Repetia o exercício várias vezes ao dia. Esse trabalho acabou por compensar: sete meses depois, Seth já andava sozinho outra vez. Nunca teve uma pata completamente normal, mas adaptou-se. Foi resgatado no início de 2008 e acabou por morrer em Novembro do ano passado, de velhice.

As situações mais frequentes de abandono ocorrem com animais doentes, sobretudo com problemas crónicos que implicam despesas continuadas, e com os mais velhos. “Os cães evoluem na saúde como os humanos, começam a ter cataratas, problemas de coração, e isso tem custos elevados”, diz Tânia Silva, da Animais de Rua.

Sara, uma gata, terá sido vítima de outra situação de abandono muito comum, que se dá quando o animal engravida. Foi atirada de um carro em movimento na Segunda Circular, em Lisboa. O incidente aconteceu há cerca de um ano, no Verão. No fim de uma tarde de quinta-feira, Ana Sousa, presidente da Associação Chão dos Bichos, estava parada no trânsito quando viu uma gata saltar por cima dos capôs dos carros. Assustado, o animal acabou por se refugiar debaixo de um deles e já só saiu dali com a ajuda de Ana.

Sara estava bem tratada, tinha o pêlo bonito e não tinha pulgas. Mas estava grávida. “Penso que terá sido por isso que se livraram do animal”, acredita a responsável. Logo nesse dia, fez uma ecografia na veterinária para perceber se a queda tinha afectado as crias. Aparentemente, estavam todas vivas. Contudo, no sábado de manhã, quando deu à luz, só uma de quatro sobreviveu.
Animais abandonados por causa da crise que conseguiram sobreviver
Babes
Como foi abandonado

A mãe, Sara, foi atirada de um carro em movimento grávida dele e de mais três crias. Só Babes resistiu
Como recuperou 
Foi preciso ensiná-lo a comer, partindo-lhe a ração e pondo-lha na boca

O abandono foi de tal forma traumatizante que a gata esteve um mês escondida dentro de um forno a lenha que Ana tem na sua sala de estar. Foi lá que teve as suas crias. “Tentei várias vezes que ela saísse, tapava o forno com uma placa, punha-lhe latas de comida gourmet, caríssimas, cá fora e tirava-lhe a cria. Ela saía, agarrava-a e voltava para lá”, conta Ana. Houve ainda outra consequência: Babes, filho de Sara, ficou com graves problemas neurológicos por causa da queda. Não consegue correr nem saltar, tem dificuldades de equilíbrio e não tem noção do perigo.

Sara foi a primeira a perceber que o seu filho não era normal. Babes começou a ficar magro, porque não conseguia comer sozinho, e foi ela quem chamou a atenção de Ana. Sempre que a cria se aproximava da ração, a gata miava muito alto, como se estivesse a pedir ajuda. “Ele agarrava e largava os bagos de ração, porque não sabia como se comia. Comecei então a partir-lhe a ração e a pô-la na boca dele para ele perceber que tem de mastigar.”

Sara acompanha-o de perto desde então: quando Babes sobe um degrau, vai logo para junto dele para impedir que caia (porque a cria não consegue descer sozinha) e também o ajuda. “Ele não se lava como os outros gatos, lambe-se mas não consegue limpar o focinho com a pata. Então, é ela que faz isso por ele”, diz a responsável da Associação Chão dos Bichos.

Já casos como o de V, um cão deixado ao abandono em condições extremas (quase sem pêlo, cheio de feridas e muito magro), não se viam em Portugal há cerca de cinco anos. “Agora começaram a existir novamente. Desde o início do Verão que se vêem aqueles cães doentes, esqueléticos, que vagueiam desamparados. Regredimos, e muito”, diz Ana Sousa.

O animal andava por Bucelas, no concelho de Loures, há vários dias quando foi resgatado. Além do aspecto de doente, tinha um hematoma quase do tamanho de uma bola de andebol na barriga. Rita Silva e mais um voluntário da Associação Animal precisaram de quatro horas para o conseguirem apanhar: o cão, de grande dimensão, estava muito assustado e fugia sempre que se aproximavam.

Os veterinários do Hospital do Restelo diagnosticaram-lhe um problema crónico na tiróide (que tinha feito com que o pêlo caísse). Quanto ao hematoma, acreditam ter sido consequência de espancamentos sucessivos. Mas, como o cão não tinha chip, nunca se saberá o que realmente aconteceu.

Fonte: Sábado


publicado por Maluvfx às 03:14
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Sexta-feira, 26 de Outubro de 2012
Neurocientista afirma que animais têm consciência
Em 7 de julho de 2012, foi realizada uma Conferência, em Cambridge, a reunir neurocientistas renomados de todo o mundo, com o intuito de assinar um MANIFESTO, ou seja, um comunicado oficial, que afirma a existência de CONSCIÊNCIA em todos os mamíferos, aves e em outros indivíduos, incluindo os moluscos e polvos.

A pesquisa foi encabeçada pelo neurocientista PHILIP LOW e contou com a presença deSTEPHEN HAWKING.

PHILIP LOW afirma que, depois dessa descoberta, pretende virar VEGETARIANO.

Leia a entrevista a respeito, publicada na VEJA:

"Quais animais têm consciência? Sabemos que todos os mamíferos, todos os pássaros e muitas outras criaturas, como o polvo, possuem as estruturas nervosas que produzem a consciência. Isso quer dizer que esses animais sofrem. É uma verdade inconveniente: sempre foi fácil afirmar que animais não têm consciência. Agora, temos um grupo de neurocientistas respeitados que estudam o fenômeno da consciência, o comportamento dos animais, a rede neural, a anatomia e a genética do cérebro. Não é mais possível dizer que não sabíamos. 

É possível medir a similaridade entre a consciência de mamíferos e pássaros e a dos seres humanos?Isso foi deixado em aberto pelo manifesto. Não temos uma métrica, dada a natureza da nossa abordagem. Sabemos que há tipos diferentes de consciência. Podemos dizer, contudo, que a habilidade de sentir dor e prazer em mamíferos e seres humanos é muito semelhante. 

Que tipo de comportamento animal dá suporte à ideia de que eles têm consciência?Quando um cachorro está com medo, sentindo dor, ou feliz em ver seu dono, são ativadas em seu cérebro estruturas semelhantes às que são ativadas em humanos quando demonstramos medo, dor e prazer. Um comportamento muito importante é o autorreconhecimento no espelho. Dentre os animais que conseguem fazer isso, além dos seres humanos, estão os golfinhos, chimpanzés, bonobos, cães e uma espécie de pássaro chamada pica-pica. 

Quais benefícios poderiam surgir a partir do entendimento da consciência em animais? Há um pouco de ironia nisso. Gastamos muito dinheiro tentando encontrar vida inteligente fora do planeta enquanto estamos cercados de inteligência consciente aqui no planeta. Se considerarmos que um polvo — que tem 500 milhões de neurônios (os humanos tem 100 bilhões) — consegue produzir consciência, estamos muito mais próximos de produzir uma consciência sintética do que pensávamos. É muito mais fácil produzir um modelo com 500 milhões de neurônios do que 100 bilhões. Ou seja, fazer esses modelos sintéticos poderá ser mais fácil agora. 

Qual é a ambição do manifesto? Os neurocientistas se tornaram militantes do movimento sobre o direito dos animais? É uma questão delicada. Nosso papel como cientistas não é dizer o que a sociedade deve fazer, mas tornar público o que enxergamos. A sociedade agora terá uma discussão sobre o que está acontecendo e poderá decidir formular novas leis, realizar mais pesquisas para entender a consciência dos animais ou protegê-los de alguma forma. Nosso papel é reportar os dados. 

As conclusões do manifesto tiveram algum impacto sobre o seu comportamento?Acho que vou virar vegano. É impossível não se sensibilizar com essa nova percepção sobre os animais, em especial sobre sua experiência do sofrimento. Será difícil, adoro queijo. 

O que pode mudar com o impacto dessa descoberta? Os dados são perturbadores, mas muito importantes. No longo prazo, penso que a sociedade dependerá menos dos animais. Será melhor para todos. Deixe-me dar um exemplo. O mundo gasta 20 bilhões de dólares por ano matando 100 milhões de vertebrados em pesquisas médicas. A probabilidade de um remédio advindo desses estudos ser testado em humanos (apenas teste, pode ser que nem funcione) é de 6%. É uma péssima contabilidade. Um primeiro passo é desenvolver abordagens não invasivas. Não acho ser necessário tirar vidas para estudar a vida. Penso que precisamos apelar para nossa própria engenhosidade e desenvolver melhores tecnologias para respeitar a vida dos animais. Temos que colocar a tecnologia em uma posição em que ela serve nossos ideais, em vez de competir com eles."

A íntegra, em inglês, do manifesto que afirma a existência da consciência em todos os mamíferos, aves e outras criaturas, como polvos.
http://fcmconference.org/img/CambridgeDeclarationOnConsciousness.pdf



Fonte: SVB - RJ


publicado por Maluvfx às 14:46
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Segunda-feira, 22 de Outubro de 2012
Animais superiores?
É irónico que tantos humanos se achem superiores aos animais de outras espécies com argumentos como a "nossa inteligência" quando a maioria dos humanos, de inteligência, tem muito pouco. Felizmente a inteligência não é uma virtude, e seja como for é medida por critérios muito relativos, e há quem tenha, segundo esses critérios, muito pouca, mas ainda assim consiga ser melhor pessoa que quem a tem em suposta abundância. Porque é que a inteligência dos ditos inteligentes chega para tão pouco? É que não basta tê-la, há que dar-lhe uso, servir-se dela, para propósitos maiores que apenas "ser inteligente". Se o fizerem, talvez reconheçam que há coisas mais importantes, talvez se comecem a preocupar, talvez olhem menos para o próprio umbigo, talvez percebam que fazemos todos parte de um todo e que o afectamos e às outras partes que o compõem com todas as nossas escolhas, talvez mudem. Talvez mudem. Dá para rasurar esse "talvez"? Não, não somos superiores em nada, muito menos em inteligência. Sejamos apenas superiores ao que temos sido até agora. Sem refúgios, sem desculpas, porque nada nos desresponsabiliza, por mais que não queiramos admitir as nossas responsabilidades. Comes um animal, és responsável pela morte de um indivíduo. Esse indivíduo queria viver, tal como tu. Exploras um animal, és esclavagista. Achas que não porque é "apenas um animal"? Também tu o és. Achas que os outros te são inferiores, as suas vidas menos merecedoras de consideração, porque és um(a) animal especista. Mas podes ser melhor, podes ser apenas um animal.

por Ricardo Petinga


publicado por Maluvfx às 10:19
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Sábado, 6 de Outubro de 2012
Dezenas de pessoas manifestam-se em defesa dos animais

Depois de ter sido entregue, na passada quinta-feira, uma petição com mais de 40 mil assinaturas na Assembleia da Republica, esta tarde dezenas de pessoas juntaram-se em frente ao Parlamento numa manifestação de apoio à nova lei de proteção dos animais em Portugal.


publicado por Maluvfx às 18:02
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Quinta-feira, 27 de Setembro de 2012
Humanos... quase


publicado por Maluvfx às 07:29
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Segunda-feira, 17 de Setembro de 2012
Pense na lagosta
Uma incursão num mundo de exageros, mau gosto, prazeres e crueldade
por DAVID FOSTER WALLACE

O enorme, pungente e muitíssimo bem divulgado Festival da Lagosta do Maine ocorre a cada final de julho na região costeira central do estado, isto é, o lado ocidental da baía de Penobscot, tronco nervoso da indústria da lagosta do Maine. A chamada região costeira central vai de Owl’s Head e Thomaston, ao sul, até Belfast, ao norte. (Na verdade poderia se estender até Bucksport, mas nunca conseguimos passar de Belfast seguindo rumo ao norte pela Rota 1, cujo tráfego no verão é, como se pode imaginar, inimaginável.) As duas principais comunidades da região são Camden, com suas famílias ricas tradicionais, marina, restaurantes cinco estrelas e pousadas maravilhosas, e Rockland, um vilarejo de pescadores muito antigo que a cada verão abriga o festival no histórico Harbor Park, bem ao lado da água.
O turismo e as lagostas são os principais setores de atividade da região costeira central, dois ramos associados ao clima quente, e o Festival da Lagosta do Maine, mais que uma intersecção dessas indústrias, representa uma colisão proposital, alegre, lucrativa e barulhenta. O assunto escolhido para este artigo da revista Gourmet é o 56o FLM, promovido de 30 de julho a 3 de agosto de 2003, neste ano com o tema oficial de “Faróis, Risadas e Lagostas”. O público pagante total superou as 80 mil pessoas, em parte graças a um anúncio veiculado nacionalmente na CNN em junho, no qual a editora sênior da revista Food &Wine saudava o FLM como uma das melhores festividades gastronômicas do mundo.
Pontos altos do festival em 2003: as apresentações de Lee Ann Womack e Orleans, o concurso de beleza anual da Deusa do Mar do Maine, o grande desfile do sábado, a Corrida Sobre Gaiolas de Lagosta em Memória a William G. Atwood no domingo, a Competição Anual de Culinária Amadora, os brinquedos e estandes do parque de diversões, as barraquinhas de comida e a Praça de Alimentação Principal da flm, onde perto de 12 mil quilos de lagostas do Maine fresquinhas são consumidos após serem preparados na “Maior Panela Para Lagostas do Mundo”, perto do acesso norte do festival. Também são oferecidos sanduíches de lagosta, folhados de lagosta, lagosta salteada, salada de lagosta Down East, sopa creme de lagosta, ravióli de lagosta e bolinhos fritos de lagosta. É possível obter lagosta à thermidor em um restaurante tradicional chamado Black Pearl, no cais noroeste do Harbor Park.
Um amplo estande de madeira de pinho patrocinado pelo Conselho de Fomento à Lagosta do Maine distribui panfletos gratuitos com receitas, dicas de consumo e curiosidades sobre lagostas. O vencedor da Competição de Culinária Amadora da sexta-feira preparou Potinhos de Lagosta com Açafrão, receita que agora se encontra disponível ao público para download em www.mainelobsterfestival.com. Há camisetas de lagostas, bonecos articulados de lagostas, lagostas infláveis para piscinas e chapéus acopláveis de lagosta com enormes garras escarlates que chacoalham em molas. Este correspondente viu tudo isso, acompanhado por uma namorada e ambos os pais – um dos quais, a propósito, é nascido e criado no Maine, ainda que no interior da região mais ao norte, uma terra de batatas a um mundo de distância do turismo da região costeira central.ara fins práticos, todo mundo sabe o que é uma lagosta. Como de costume, todavia, existe muito mais para saber do que a maioria de nós se importa em descobrir – é tudo uma questão de interesses pessoais. Em termos taxonômicos, uma lagosta é um crustáceo marinho da família homaridae, caracterizado por cinco pares de patas articuladas dos quais o primeiro termina em grandes garras semelhantes a pinças, utilizadas para subjugar presas. Como muitas outras espécies de carnívoros bentônicos, as lagostas são ao mesmo tempo caçadoras e saprófagas. Possuem antenas, olhos pedunculares e guelras nas patas. Há mais ou menos uma dúzia de tipos diferentes de lagostas ao redor do mundo, mas a espécie aqui relevante é a Homarus americanus, conhecida como lagosta do Maine ou lagosta-americana.A palavra inglesa lobster vem do inglês antigo loppestre, supostamente uma corruptela de locusta, a palavra latina para gafanhoto que também é a raiz de “lagosta”, combinada com o inglês antigo loppe, que significa aranha.
Além disso, um crustáceo é um artrópode aquático da classe crustacea, que inclui caranguejos, camarões, cracas, lagostas e lagostins-de-água-doce. Tudo isso está lá, na enciclopédia. E os artrópodes são membros do filo Arthropoda, que abrange insetos, aranhas, crustáceos e quilópodes/diplópodes, que possuem como principal traço comum, além da ausência de uma estrutura centralizada cerebroespinal, um exoesqueleto quitinoso composto por segmentos,ao qual se articulam pares de apêndices. questão é que lagostas são basicamente insetos marinhos gigantes. (Por sinal, o termo usado pelos nativos da região costeira central para falar de lagostas é “inseto”. Por exemplo: “Aparece lá em casa no sábado, vamos cozinhar uns insetos.”) Como a maioria dos artrópodes, as lagostas remontam ao perío-do jurássico; biologicamente são anteriores aos mamíferos que bem que poderiam ser de outro planeta. E – particularmente em seu estado natural marrom-esverdeado, brandindo as garras como se fossem armas e agitando as grossas antenas – não são bonitas de se ver.E é verdade que se trata de lixeiras do mar, comedoras de coisas mortas, embora também comam um pouco de moluscos vivos, certos tipos de peixes machucados e por vezes umas às outras. Cultura inútil: armadilhas para lagostas geralmente usam como isca arenques mortos.
Mas também são boas de comer. Ou pelo menos é o que achamos agora. Até certa altura do século XIX, todavia, a lagosta era literalmente um alimento de classe baixa, consumido apenas pelos pobres e encarcerados. Até mesmo no rude ambiente penal dos primórdios da história americana algumas das colônias tinham leis limitando o uso de lagostas na alimentação dos detentos a uma única vez por semana, porque isso era julgado cruel e incomum, semelhante a obrigar pessoas a comerem ratos. Uma das razões para esse baixo prestígio era a fartura de lagostas na Nova Inglaterra de então. “Abundância inacreditável” são as palavras com que uma fonte descreve a situação, inclusive com relatos de peregrinos de Plymouth capturando lagostas à vontade com as mãos nuas ou do antigo litoral de Boston coberto de lagostas após uma série de tempestades. Elas foram consideradas um incômodo fedorento e moídas para serem usadas como adubo. Também é preciso levar em conta que as lagostas pré-modernas eram cozidas mortas e em seguida postas em conserva, geralmente em sal ou embalagens herméticas primitivas. A indústria da lagosta no Maine teve início com uma dúzia dessas fábricas de conserva nos anos 1840, de onde as lagostas eram enviadas a lugares tão distantes quanto a Califórnia, e a demanda existia somente por serem baratas e possuírem um alto teor de proteína, basicamente um combustível mastigável.
Hoje em dia, é claro, a lagosta é chique, uma iguaria, poucos graus abaixo do caviar. Possui uma carne mais saborosa e substancial que a maioria dos peixes, com um gosto sutil se comparado ao gosto de mar dos mexilhões e dos mariscos. Na imaginação alimentícia populardos Estados Unidos, a lagosta se tornou o análogo marinho do filé, ao lado do qual é tantas vezes servida como Surf and Turf na parte mais cara dos cardápios de cadeias de restaurantes.
Aliás, um projeto óbvio do FLM e de seu patrocinador onipresente, o Conselho de Fomento à Lagosta do Maine, é combater a ideia de que a lagosta é uma comida luxuosa, cara ou prejudicial à saúde, adequada somente a paladares afetados ou como petisco ocasional para escapar da dieta. Palestrase panfletos enfatizam sem descanso que a carne de lagosta tem menos calorias, menos colesterol e menos gordura saturada que a carne de frango. E na Praça de Alimentação Principal é possível comprar um “quarto” (gíria da indústria para uma lagosta de 600 gramas), um copinho com 120 gramas de manteiga derretida, um saco de batatas fritas e um pãozinho com manteiga por 12 dólares, o que é apenas um tantinho mais caro que jantar no McDonald’s. É claro que o hábito corriqueiro de mergulhar carne de lagosta em manteiga derretida torpedeia todas essas alegres curiosidades saudáveis sobre gordura, o que nunca é mencionado pelo material promocional do Conselho, assim como os informativos da indústria da batata nunca mencionam o creme azedo e os cubinhos de bacon.aiba que no Festival da Lagosta doMaine a democratização da lagosta vem acompanhada por toda a inconveniência maciça e concessão estética da verdadeira democracia. Confira, por exemplo, a supracitada Praça de Alimentação Principal, para a qual existe uma fila constante digna da Disneylândia, e que consiste em meio quilômetroquadrado de balcões de cafeteria protegidos por um toldo e fileiras de longas mesasinstitucionais onde amigos e desconhecidos sentam-se coladinhos, quebrando, mastigando e babando. É um lugar quente, onde o teto descaído aprisiona o vapor e os odores, sendo que estes últimos são fortes e apenas parcialmente relacionados a alimentos. É também um lugar barulhento, e uma porcentagem considerável do ruído total émastigatória.
A comida é servida em bandejas de isopor, os refrigerantes não têm gelo nem gás, o café é café de loja de conveniência em mais isopor e os talheres são de plástico (não é possível encontrar nenhum daqueles garfos especiais e compridos que servem para extrair a carne da cauda, ainda que alguns clientes espertostragam os seus de casa). O número de guardanapos fornecido também não chega nem perto do suficiente, levando-se em consideração que comer lagosta é uma lambuzeira, especialmente quando se está espremido em bancos ao lado de crianças de idades variadas e estágios vastamente diversos de coordenação motora – isso sem mencionar as pessoas que de algum jeito conseguiram contrabandear sua própria cerveja em enormes isopores que bloqueiam a passagem, ou aquelas que aparecem de repente com toalhas de plástico que espalham sobre porções consideráveis das mesas numa tentativa de reservá-las (as mesas) aos seus grupinhos. E assim por diante.
Isolado, qualquer um desses exemplos naturalmente não passa de um incômodo trivial, mas o fato é que o FLM se mostra cheio desses pequenos aborrecimentos irritantes – por exemplo, quando você descobre que precisa pagar 20 dólares a mais por uma cadeira dobrável se quiser se sentar ao assistir a alguma das grandes atrações do Palco Principal; ou a loucura desenfreada que se instala na Tenda Norte quando começa a distribuição dos copinhos minúsculos, que mais parecem dedais, com bocadinhos das receitas finalistas da Competição de Culinária; ou a aclamadíssima final do concurso de beleza Deusa do Mar do Maine, que se revela excruciantemente longa e consiste sobretudo em infinitos agradecimentos e homenagens a patrocinadores locais. Melhor nem falar sobre a terrível inadequação dos banheiros químicos ou sobre o fato de não haver lugar algum para se lavar as mãos antes ou depois de comer.
Na verdade o Festival da Lagosta do Maine é uma feira interiorana de nível médio com gancho culinário, e a esse respeito não difere muito dos festivais de caranguejos de Tidewater, dos festivais de milho do Meio-Oeste, dos festivais de chili do Texas etc.,e compartilha com esses acontecimentoso paradoxo central de todos os apinhados eventos comerciais populares: não é para todos. Nada contra a eufórica editora sênior da Food & Wine, mas eu ficaria surpreso se descobrisse que ela realmente já esteve aqui no Harbor Park, entre multidões matando a tapa os mosquitos da zona do canal enquanto comem Twinkies fritose assistem ao professor Paddy-Whack aterrorizando as crianças sobre pernas de pau de 1,80 metro, vestido com um sobretudo de onde saltam em todas as direções lagostas de plástico dependuradas em molas.
Um parêntese: na verdade, muitas coisas podem ser ditas a respeito das diferenças entre a classe trabalhadora de Rockland e o sabor acentuadamente populista do festival versusa confortável e elitista Camden com sua paisagem caríssima, suas lojas tomadas inteiramente por suéteres de 200 dólares e fileiras de casas vitorianas transformadas em pousadas de luxo. E também a respeito dessas diferenças como os dois lados da grande moeda que é o turismo nos Estados Unidos. Confesso que nunca entendi por que a ideia de férias divertidas de tantas pessoas é calçar chinelos e óculos de sol e se arrastar por um tráfego enlouquecedor até locais turísticos quentes e lotados com o intuito de provar um “sabor local” que por definição é arruinado pela presença de turistas. Isso tudo pode ser uma questão de personalidade e gostos inatos: o fato de eu não gostar de locais turísticos significa que nunca vou compreender seu encanto, e assim provavelmente não sou a pessoa mais indicada para falar sobre isso (o suposto encanto). Do meu ponto de vista, é provável que ser turista faça mesmo algum bem para a alma, mesmo que apenas de vez em quando. Todavia, não que faça bem para a alma de algum modo revigorante ou alentador, mas de um jeito severo e obstinado de vamos-encarar-os-fatos-com-honestidade-e-tentar-encontrar-um-modo-de-lidar-com-eles. Minha experiência pessoal não é a de que viajar pelo país seja relaxante ou amplie os horizontes, ou de que mudanças radicais de lugar e contexto tenham um efeito salutar, mas sim de que o turismo intranacional é radicalmente constritivo e humilhante da pior forma – hostil à minha fantasia de ser um indivíduo genuí-no, de viver de algum modo fora e acima de todo o resto. Ser um turista massificado, para mim, é se tornar um puro americano contemporâneo: alheio, ignorante, ávido por algo que nunca poderá ter, frustrado de um modo que nunca poderá admitir. É macular, através de pura ontologia, a própria imaculabilidade que se foi experimentar. É se impor sobre lugares que, em todas as formas não econômicas, seriam melhores e mais verdadeiros sem a sua presença. É confrontar, em filas e engarrafamentos, transação após transação, uma dimensão de si mesmo tão inescapável quanto dolorosa: na condição de turista você se torna economicamente significativo mas existencialmente detestável. lagosta, em essência, é um alimento de verão. Isso porque agora preferimos lagostas frescas, o que significa que elas precisam ter sido capturadas recentemente, o que por razões tanto táticas quanto econômicas ocorre em profundidades inferiores a 45 metros. Lagostas tendem a ficar mais famintas e ativas (isto é, mais fáceis de capturar) quando a temperatura da água fica entre 7 e 10 graus, como é típico do verão. No outono a maioria das lagostas do Maine migra para águas mais profundas, seja em busca de calor ou para evitar as ondas pesadas que golpeiam o litoral da Nova Inglaterra durante o inverno inteiro. Algumas se enterram no leito marinho. Talvez hibernem; ninguém sabe ao certo. É também no verão que as lagostas trocam de carapaça – mais especificamente, do início à metade de julho.
Artrópodes quitinosos crescem trocando de carapaça, mais ou menos da mesma forma que compramos roupas maiores à medida que envelhecemos e ganhamos peso. Como as lagostas podem viver mais de 100 anos, podem também ficar bem grandes, chegando a passar dos 9 quilos – ainda que nos dias de hoje sejam raras as lagostas da terceira idade, pois as águas da Nova Inglaterra estão cheias de armadilhas. Enfim, disso vem a diferença culinária entre lagostas de casca dura e de casca mole.Uma lagosta de casca mole é uma lagosta que acabou de trocar de carapaça. Ambas são oferecidas nos cardápios de verão dos restaurantes da região costeira central, nos quais as lagostas de casca mole são um pouco mais baratas mesmo sendo mais fáceis de destrinchar e donas de uma carne considerada mais suave.O motivo do desconto é que uma lagosta em fase de troca utiliza uma camada de água do mar como isolamento enquanto a nova carapaça endurece, e por causa disso quando se arrebenta uma lagosta de casca mole há um pouquinho menos de carnee um fragrante jorro d’água que se espalha sobre tudo, às vezes espirrando como um limão e atingindo um companheiro de mesa bem no olho. Se é inverno ou se você está comprando lagostas em algum lugar distante da Nova Inglaterra, por outro lado, dá quase para apostar que a lagosta vai ter a casca dura, que por motivos óbvios é mais transportável.
Como prato principal à la carte, a lagosta pode ser assada, grelhada, cozida ao vapor, refogada, salteada,feita em wok ou no micro-ondas.Mas o método mais comum é a fervura. Quem gosta de comer lagostas em casa provavelmente a prepara desta forma, pois ferver lagostas é muito fácil. É necessário um tacho grande com tampa, que é preenchido com água até mais ou menos a metade (a recomendação mais comum são 2 litros e meio de água por lagosta). O ideal é água do mar, ou adicione duas colheres de sopa de sal a cada litro de água da torneira. Também é interessante saber o peso de cada lagosta. Espera-se a água ferver, coloca-se uma lagosta de cada vez, cobre-se o tacho e aumenta-se o fogo até a água voltar a ferver.Então é preciso baixar o fogo e deixar o tacho em fogo brando – dez minutos para o primeiro meio quilo de lagosta, e acima disso três minutos para cada meio quilo. (Isso considerando-se que estão sendo usadas lagostas de casca dura, que, repito, se você não mora entre Boston e Halifax, são provavelmente as únicas que conseguiu encontrar. No caso de lagostas de casca mole é preciso subtrair três minutos do total.) As lagostas ficamvermelhas porque de algum modo essa fervura suprime todos os pigmentos na quitina, exceto um. Um teste simples para saber se as lagostas estão prontas é tentar arrancar uma das antenas – se ela se descolar da cabeça ao menor esforço, o bicho está pronto para comer.
Um detalhe tão óbvio que a maioria das receitas nem se preocupa em mencionar é que as lagostas precisam estar vivas ao serem colocadas no tacho. Isso faz parte do apelo contemporâneo da lagosta – é o alimento mais fresco que existe. Não acontece decomposição alguma entre a pescaria e a hora de comer. E além de não precisarem ser limpas, temperadas nem depenadas, é simples para os vendedores manter as lagostas vivas. Chegam vivas dentro das armadilhas, são colocadas em recipientes com água do mar e podem (desde que a água seja mantida aerada e as garras dos animais estejam amarradas ou presas para impedir que ataquem uns aos outros por causa do estresse do confinamento) sobreviver até o instante em que são fervidas. Um raciocínio similar embasa o que se chama de “debicar” frangos e galinhas poedeiras nas fazendas de confinamento. A máxima eficiência comercial exige que populações imensas de galináceos sejam confinadas em espaços desnaturadamente exíguos, condições sob as quais muitas aves enlouquecem e bicam umas às outras até a morte. Como observação de caráter puramente empírico, informo que a “debicagem” costuma ser um processo automatizado e que as galinhas não recebem anestésico nenhum. Não sei se os leitores conhecem a “debicagem” ou as práticas relacionadas, como a extração dos chifres do gado em fazendas industriais e o corte da cauda dos porcos em fazendas de confinamento de suínos para impedir vizinhos psicoticamente entediados de arrancá-las com os dentes e assim por diante.uase todo mundo já esteve em supermercados ou restaurantes que contam com aquários de lagostas vivas, onde podemos escolher o jantar enquanto ele encara nosso dedo estendido. E uma parte importante do espetáculo no Festival da Lagosta do Maine é assistir às embarcações dos pescadores de lagostas atracando nos molhes da parte nordeste e descarregando o produto recém-pescado, que é então transferido manualmente ou com auxílio de carrinhos por cerca de 90 metros até os imensos tanques transparentes empilhados ao redor do panelão do festival – que, como mencionei, é divulgado como a Maior Panela para Lagostas do Mundo e pode cozinhar de uma só vez mais de 100 lagostas para a Tenda Principal.
Então aqui vai uma pergunta que se torna praticamente inevitável diante da Maior Panela para Lagostas do Mundo e pode vir à tona em cozinhas espalhadas por todos os Estados Unidos: é certo ferver viva uma criatura senciente para nosso mero prazer gustativo? Um conjunto de preocupações relacionadas: seria a perguntaanterior uma manifestação enfadonha de sentimentalismo ou raciocínio politicamente correto? Nesse contexto, qual seria o sentido de “certo”? Seria isso tudo apenas uma questão de escolha pessoal?
Como talvez você saiba, ou não, um grupo notório conhecido como People for the Ethical Treatment of Animals(Pessoas pelo Tratamento Ético dos Animais) acredita que a moralidade do ato de ferver lagostas não é apenas uma questão de consciência individual. Na verdade, uma das primeiríssimas coisas que escutamos sobre o FLM... bem, vamos definir a cena: estamos vindo de táxi do quase indescritivelmente estranho e rústico aeroporto do condado de Knox, na madrugada anterior à abertura do festival, dividindo o táxi com um consultor político endinheirado que passa metade do ano morando na ilha Vinalhaven, que fica na baía (seu destino é a balsa de Rockland).
O consultor e o motorista estão respondendo a sondagens jornalísticas informais sobre avisão real dos moradores da região sobre o FLM, se por exemplo consideram o festival apenas um evento para atrair turistas e lucrar bastante ou se é algo pelo qual os moradores do local esperam ansiosos, que genuinamente promove seu orgulho como cidadãos etc. O motorista (que passou dos 70 anos e parece fazer parte de um pelotão inteiro de aposentados contratado pela empresa de táxi para ajudar no burburinho do verão, usa um broche de lapela com a bandeira americana e dirige de um modo que pode somente ser descrito como muito cauteloso) nos garante que os moradores apoiam e apreciam o FLM, embora faça vários anos que ele mesmo não comparece ao evento e, parando para pensar, ninguém que ele ou a esposa conheçam. Todavia o consultor seminativo participou de alguns festivais recentes (tive a impressão de que fez isso por ordem da esposa), dos quais guardou como impressão mais vívida o fato de ser necessário “esperar na fila por um tempo interminável e lancinante até comprar as lagostas, e enquanto isso um monte de ex-malucos-beleza zanza para cima e para baixo distribuindo panfletos dizendo que as lagostas morrem sofrendo dores terríveis e que ninguém deveria comê-las”.
E calhou que os pós-hippies das reminiscências do consultor eram ativistas do Peta. Não havia ninguém do Peta à vista no FLM de 2003,[1] mas eles foram uma presença ostensiva em muitos dos festivais recentes. Desde a metade dos anos 90, pelo menos, artigos publicados em todo tipo de jornais, do Camden Herald ao New York Times, descreveram o Peta incitando boicotes ao Festival da Lagosta do Maine, muitas vezes empregando porta-vozes famosos como Mary Tyler Moore em cartas abertas e anúncios declarando coisas como “Lagostas são extraordinariamente sensíveis” e “Para mim, comer uma lagosta está fora de questão.” Mais concreto é o depoimento oral de Dick, nosso floreado e deveras sociável contato na locadora de automóveis, segundo o qual o Peta esteve tão presente nos últimos anos que os ativistas e os nativos do festival chegaram a uma espécie de homeostase de tolerância precária, por exemplo: “Tivemos alguns incidentes uns anos atrás. Uma mulher tirou quase toda a roupa, se pintou inteira de lagosta e quase acabou presa. Mas na maior parte do tempo eles são deixados em paz. [Uma sequência rápida de risadinhas ambíguas, algo que acontece bastante com Dick.] Eles fazem a parte deles e nós fazemos a nossa.”
Essa interlocução inteira ocorre na Rota 1, em 30 de julho, durante um trajeto de 6 quilômetros e cinquenta minutos do aeroporto até a locadora para assinar os documentos de aluguel do carro. Depois de vários desdobramentos irreproduzíveis das anedotas sobre o Peta, Dick (cujo genro é pescador de lagostas por ofício e um dos fornecedores da Praça de Alimentação Principal) expõe o que ele e sua família consideram o fator atenuante crucial em toda essa questão sobre a moralidade de ferver lagostas vivas: “No cérebro das pessoas e dos animais existe uma parte que nos faz sentir dor, e os cérebros das lagostas não têm essa parte.”
Sem entrar no mérito de essa tese estar incorreta por uns onze motivos diferentes, a declaração de Dick se torna interessante por ser mais ou menos ecoada pelo pronunciamento oficial do FLM sobre lagostas e dor, parte integrante de um teste chamado “Teste seu QI de lagosta” encartado no programa do festival de 2003 por cortesia do Conselho de Fomento à Lagosta do Maine: O sistema nervoso da lagosta é muito simples, e na verdade é muito semelhante ao sistema nervoso do gafanhoto. É descentralizado, sem um cérebro. Não há um córtex cerebral, que nos humanos é a área do cérebro que proporciona a experiência da dor.
Embora soe mais sofisticado, boa parte do embasamento neurológico desta afirmação ainda é falsa ou imprecisa. O córtexcerebral humano é a parte do cérebro que lida com as faculdades superiores, como a razão, a autoconsciência metafísica, a linguagem etc. Sabemos que os receptores da dor fazem parte de um sistema muito mais antigo e primitivo de nociceptores e prostaglandinas administrados pelo tronco encefálico e o tálamo. Por exemplo, a experiência corriqueira de encostar a mão sem querer em um forno quente e retirá-la bruscamente antes mesmo de notar que há algo de errado se explica pelo fato de muitos dos processos através dos quais detectamos e evitamos os estímulos dolorosos não envolverem o córtex. No caso da mão e do forno, o cérebro é totalmente contornado; toda a ação neuroquímica importante acontece na espinha dorsal.
Por outro lado, é verdade que o córtex cerebral está envolvido no que se costuma chamar de sofrimento, aflição ou experiência emocional da dor – isto é, experimentar estímulos dolorosos como desagradáveis, muito desagradáveis, intoleráveis e assim por diante.ntes de avançarmos, vamos reconhecer que as questões sobre se e como diferentes tipos de animais sentem dor, e de se e por que seria justificável lhes infligir dor para se alimentar deles, se mostram extremamente complexas e difíceis. E neuroanatomia comparada é apenas parte do problema. Como a dor é uma experiência mental totalmente subjetiva, não temos acesso direto à dor de ninguém ou de coisa alguma, somente à nossa; e até mesmo os princípios pelos quais podemos inferir que outros seres humanos experimentam a dor e têm um interesse legítimo em não sentir dor envolvem filosofia pura – metafísica, epistemologia, teoria dos valores, ética.
O fato de nem mesmo os mamíferos não humanos mais evoluídos serem capazes de usar linguagem para se comunicar conosco a respeito de sua experiência mental subjetiva é apenas a primeira camada da complicação adicional de tentar estender aos animais nossos raciocínios sobre dor e moralidade. E tudo fica cada vez mais abstrato e intrincado à medida que nos afastamos mais e mais dos ma-míferos superiores e passamos aos bovinos e suínos, aos cães e gatos e aos roedores, e então aos pássaros, aos peixes e por fim aos invertebrados, como as lagostas.
Todavia o mais importante aqui é que toda a questão da crueldade com os animais e da moralidade de comê-los não é apenas complexa, mas também desconfortável. Ou pelo menos é desconfortável para mim, e para praticamente todos os meus conhecidos que apreciam uma ampla gama de alimentos e ao mesmo tempo não querem se enxergar como cruéis ou insensíveis. Até onde percebo, minha principal maneira de lidar com esse conflito tem sido evitar pensar sobre esse assunto tão desagradável. Devo admitir que também me parece improvável que muitos leitores de Gourmet queiram pensar sobre isso ou ser questionados a respeito da moralidade dos seus hábitos alimentares por uma revista mensal de gastronomia. Porém, como a pauta definida para este artigo é descrever como foi participar do FLM de 2003, e por causa disso passar vários dias em meio a uma grande massa de americanos comendo lagostas, e consequentemente ser mais ou menos impelido a pensar a fundo sobre lagostas e sobre a experiência de comprar e comer lagostas, calha que não existe uma maneira honesta de evitar certas questões morais.
Há vários motivos para isso. Para começar, não existe só o problema de que as lagostas são fervidas vivas, mas também o de que quem faz isso é você – ou pelo menos isso é feito especificamente para você, in loco. Em termos de moralidade, é preciso admitir que isso é uma faca de dois gumes. Pelo menos comer lagostas não torna ninguém cúmplice do sistema corporativo de fazendas de confinamento que produz a maior parte da carne de boi, porco e frango. Por causa, no mínimo, do modo como são comercializadas e embaladas, comemos essas carnes sem ter de pensar que um dia já foram criaturas sencientes e dotadas de consciência às quais foram feitas coisas horríveis.
Conforme mencionado, a Maior Panela para Lagostas do Mundo, que é destacada como uma atração no programa do festival, fica bem à vista de todos na área norte do FLM. Tente imaginar um Festival da Carne do Nebraska cujas festividades incluíssem caminhões estacionando e gado sendo descarregado por uma rampa para em seguida ser abatido diante do público no Maior Matadouro do Mundo ou coisa parecida – seria impossível. intimidade da coisa toda é maximizada em casa, onde naturalmente a maioria das lagostas é preparada e comida (percebam, contudo, o eufemismo semiconsciente “preparada”, que no caso das lagostas significa na verdade matá-las bem no meio das nossas cozinhas). No cenário habitual, o sujeito chega em casa com as lagostas e toma pequenas providências como encher o tacho de água e pôr para ferver, em seguida retira as lagostas da sacola ou qualquer que seja o recipiente em que tenham sido trazidas... e então coisas desconfortáveis começam a acontecer. Por mais estuporada que esteja depois do trajeto, por exemplo, a lagosta costuma voltar à vida de forma alarmante ao ser colocada na água fervente. Quando é despejada do recipiente para dentro do tacho fumegante, às vezes a lagosta tenta se segurar nas bordas do recipiente ou até mesmo enganchar as garras na beira do tacho como uma pessoa dependurada de um telhado, tentando não cair. Pior ainda é quando a lagosta fica imersa por completo. Mesmo que o sujeito tampe o tacho e saia de perto, normalmente é possível ouvir a tampa chacoalhando e rangendo enquanto a lagosta tenta empurrá-la. Ou escutar as garras da criatura raspando o interior do tacho enquanto se debate. Em outras palavras, a lagosta apresenta um comportamento muito parecido com o que eu ou você apresentaríamos se fôssemos atirados em água fervente (com a óbvia exceção dos gritos). Para falar de modo ainda mais direto, a lagosta age como se sentisse dores terríveis, fazendo com que algumas pessoas abandonem a cozinha levando consigo um daqueles cronômetros de plástico para esperar em outro cômodo até o processo inteiro chegar ao fim.
Há um mito populista relevante acerca do apito agudo que por vezes escapa de uma panela onde se fervem lagostas. O som é causado pelo vapor expelido pela camada de água marinha entre a carne da lagosta e sua carapaça (é por isso que as lagostas de casca mole apitam mais que as de casca dura), mas a versão pop afirma que esse som, semelhante aos guinchos de um coelho, é o grito de morte da lagosta. As lagostas se comunicam através de feromônios na urina e não possuem nada remotamente parecido com o equipamento vocal necessário para gritar, mas o mito é bastante persistente – o que pode, mais uma vez, apontar para um desconforto baixo cultural a respeito dessa história de ferver lagostas. maioria dos eticistas concorda que existem dois critérios principais para determinar se uma criatura viva possui a capacidade de sofrer e, assim, possui interesses genuínos que podemos ou não ter o dever moral de levar em conta.[2] Um deles se relaciona ao hardwareneurológico requerido para a experiência da dor com que o animal vem equipado – nociceptores, prostaglandinas, neurorreceptores de opioides etc. O outro critério é se o animal demonstra algum comportamento associado à dor. E é necessária uma boa dose de ginástica intelectual e detalhismo behaviorista para não ver as ações de lutar, se debater e fazer tilintar tampas de panela como comportamentos associados à dor. Segundo os zoólogos marinhos, em geral uma lagosta leva de 35 a 45 segundos para morrer dentro da água fervente. (Não consegui encontrar nenhuma fonte que mencione o tempo necessário pa-ra que morram em vapor superaquecido; espera-se que seja mais rápido.)
Existem, é claro, outras maneiras de matar sua lagosta in loco e assim obter o máximo de frescor. Alguns cozinheiros têm como hábito espetar a ponta de uma faca afiada e pesada em um ponto logo acima da metade da distância entre os olhos pedunculares da lagosta (mais ou menos onde o Terceiro Olho se localiza nas frontes humanas). A alegação é que isso ou mata a lagosta instantaneamente ou a torna insensível, e dizem que elimina ao menos parte da covardia envolvida no ato de jogar uma criatura em água fervente e em seguida abandonar o recinto.
Até onde pude deduzir conversando com defensores do método da facada na cabeça, o raciocínio é que ele é mais violento, todavia no fim das contas é mais misericordioso, além de que a disposição de exercer agência pessoal e aceitar a responsabilidade de apunhalar a cabeça da lagosta de algum modo honra o animal e autoriza alguém a comê-lo (os argumentos pró-facada muitas vezes têm um sabor vago de “espiritualidade da caça” do nativo americano). Mas o problema do método da facada é biologia básica: os sistemas nervosos das lagostas não operam a partir de um, mas de diversos gânglios conhecidos como feixes de nervos, meio que conectados em série e distribuídos por toda a parte de baixo do corpo do animal, da proa à popa. E incapacitar somente o gânglio frontal não costuma resultar em morte rápida ou perda de consciência.
Outra alternativa é colocar a lagosta em água salgada fria e em seguida ferver lentamente. Cozinheiros que defendem este método recorrem à analogia da rã, que supostamente pode ser impedida de saltar de uma panela fervente se a água for esquentada aos poucos. Para poupar a todos de um resumo das minhas pesquisas, vou simplesmente garantir que a analogia entre rãs e lagostas não se sustenta – e digo mais, se a água na panela não for água marinha e aerada, a lagosta nela imersa é submetida a uma lenta sufocação, embora esta não seja severa o suficiente para impedir que ela se debata e faça barulho quando a água ficar quente o bastante para matá-la. Na realidade, lagostas fervidas aos poucos muitas vezes demonstram todo um conjunto adicional de reações pavorosas e convulsivas que normalmente não são registradas na fervura comum.
Em última análise, as únicas virtudes confirmadas dos métodos de lobotomia caseira e fervura lenta são comparativas, pois há quem prepare lagostas de formas ainda piores, mais cruéis. Cozinheiros interessados em poupar tempo às vezes colocam as lagostas vivas no micro-ondas (geralmente após fazer várias perfurações na carapaça, uma precaução cuja utilidade muitos adeptos do micro-ondas aprendem na prática). Esquartejar a lagosta viva, por outro lado, faz sucesso na Europa – alguns chefs dividem a lagosta ao meio antes de cozinhar; outros gostam de arrancar as patas e a cauda e atirar somente essas partes dentro da panela. há outras más notícias relacionadas ao critério de sofrimento número 1. Ainda que não se destaquem pela visão ou pela audição, as lagostas possuem um tato muito refinado, auxiliado por centenas de milhares de pelos minúsculos que se projetam através da carapaça. “E é por isso”, nas palavras de T. M. Prud-den no clássico do ramo, About Lobsters, “que embora envolta pelo que parece uma armadura sólida e impenetrável, a lagosta é capaz de receber estímulos e sensações do mundo exterior tão prontamente quanto se possuísse uma pele macia e delicada.” E as lagostas possuem nociceptores,[3] bem como versões invertebradas de prostaglandinas e neurotransmissores importantes através dos quais nossos próprios cérebros registram a dor.
Por outro lado, as lagostas não parecem contar com o equipamento necessário para produzir ou absorver opioides naturais como as endorfinas ou as encefalinas, utilizados pelos sistemas nervosos mais avançados para tentar lidar com a dor intensa. A partir desse fato, porém, pode-se concluir que as lagostas talvez sejam ainda mais vulneráveis à dor, pois não contam com a analgesia embutida nos sistemas nervosos dos mamíferos. Ou, em vez disso, concluir que a ausência de opioides naturais implica a ausência das sensações de dor realmente intensas que essas substâncias são destinadas a aliviar. Eu particularmente detecto uma melhora sensível no meu humor ao contemplar esta última possibilidade. É possível que a ausência de hardwarepara endorfinas/encefalinas signifique que para as lagostas a experiência crua e subjetiva da dor seja tão radicalmente diferente da experiência dos mamíferos que pode nem mesmo ser merecedora do termo “dor”. Talvez as lagostas tenham mais em comum com aqueles pacientes de lobotomia frontal sobre quem a gente às vezes lê, que relatam experimentar a dor de uma maneira totalmente diferente de você e eu. É evidente que esses pacientes sentem dor física, neurologicamente falando, mas não desgostam dela – embora também não cheguem a gostar; é como se eles sentissem dor, mas não sentissem nada a respeito dela – ou seja, a dor não lhes aflige nem é algo que desejem evitar.
Talvez as lagostas, que também não possuem lobos frontais, sejam da mesma forma indiferentes ao registro neurológico de ferimento ou perigo que chamamos de dor. Existe, afinal de contas, uma diferença entre: (1) a dor como um evento puramente neurológico e (2) o sofrimento genuíno, onde parece crucial o envolvimento de um componente emocional, uma consciência da dor como uma experiência desagradável, algo a se temer/desgostar/querer evitar.
Ainda assim, após toda a abstração intelectual, restam os fatos da tampa batendo freneticamente, das patas enganchadas de forma patética na beira da panela. Diante do fogão é difícil negar de qualquer modo que aquilo seja uma criatura viva sentindo dor e tentando evitar/escapar dessa experiência dolorosa. Para minha mente leiga, o comportamento da lagosta no tacho parece ser uma expressão de preferência; e é bem possível que uma habilidade para formar preferências seja o critério decisivo para o sofrimento real. Em linhas gerais “preferência” talvez seja um sinônimo de “interesses”, mas é um termo melhor para nossos fins por ser menos abstratamente filosófico – “preferência” parece mais pessoal, e o que está em questão é justamente toda a ideia da experiência pessoal de uma criatura viva.
A lógica desta relação (preferência → sofrimento) pode ser mais facilmente compreensível no caso negativo. Se cortarmos ao meio certos tipos de vermes, muitas vezes as metades seguirão rastejando por aí e cuidando dos seus assuntos vermiformes como se nada tivesse acontecido. Quando, tomando como base seu comportamento pós-operatório, afirmamos que esses vermes não parecem estar sofrendo, estamos na verdade dizendo que não existe indício algum de que os vermes saibam que algo de ruim aconteceu ou que prefeririam não ser divididos ao meio.
As lagostas, porém, manifestam preferências. Experimentos demonstraram que elas são capazes de detectar mudanças de apenas 1 ou 2 graus na temperatura da água; um dos motivos para seus complexos ciclos migratórios (que muitas vezes abarcam mais de 180 quilômetros por ano) é a busca por temperaturas que consideram mais agradáveis. E, como já foi mencionado, as lagostas vivem no leito marinho e não gostam de claridade – se um aquário cheio de lagostas for colocado à luz do sol ou mesmo sob a luz fluorescente de uma loja, elas vão sempre se aglomerar na parte mais escura. Por serem bastante solitárias no oceano, as lagostas também claramente desgostam do amontoamento que é parte indissociável do seu cativeiro em aquários, pois (como também já foi mencionado) um dos motivos pelos quais se amarram as garras das lagostas assim que elas são capturadas é evitar que elas ataquem umas às outras por causa do estresse do armazenamento em espaços exíguos.e qualquer modo, no FML, diante dos aquários borbulhantes em frente à Maior Panela para Lagostas do Mundo, observando as lagostas recém-pescadas se amontoando umas sobre as outras, sacudindo impotentes as garras amarradas, se escondendo nos cantos mais escuros ou se afastando inquietas do vidro quando alguém se aproxima, é difícil não sentir que estão infelizes, ou assustadas, mesmo que seja alguma forma rudimentar dessas emoções... e, a propósito, por que a rudimentariedade tem que ser incluída na questão? Por que uma forma primitiva e inarticulada de sofrimento seria menos urgente ou desconfortável para a pessoa que está colaborando com ela ao pagar pelo alimento resultante desse sofrimento? Não estou tentando passar um sermão ao estilo do Peta – ou pelo menos acho que não. Em vezdisso, estou tentando compreender e articular alguns dos questionamentos perturbadores que vêm à tona em meio às risadas, à animação e ao orgulho comunitário do Festival da Lagosta do Maine. A verdade é que, se comparecendo ao festival o sujeito se permitir cogitar que as lagostas podem sofrer e que prefeririam que isso não acontecesse, o flm começa a ficar parecido com um circo romano ou um festival de torturas medievais.
Parece uma comparação exagerada? Se for o caso, exatamente por quê? Ou que tal esta: é possível que as gerações futuras considerem as práticas de agronegócio e alimentares contemporâneas da mesma maneira como hoje enxergamos os espetáculos de Nero ou os experimentos de Mengele? Minha própria reação inicial é achar tais comparações histéricas e extremadas – todavia, o motivo pelo qual me parecem extremadas é que eu creio que os animais são moralmente menos importantes que os seres humanos;[4] e quando se trata de defender essa crença, ainda que para mim mesmo, preciso reconhecer que: (a) tenho um óbvio interesse egoísta nessa crença, pois gosto de comer certos tipos de animais e quero ser capaz de continuar fazendo isso, e (b) não consegui elaborar nenhum tipo de sistema ético pessoal dentro do qual essa crença se torne verdadeiramente justificável em vez de ser apenas uma conveniência egoísta.evando em conta o lugar onde este artigo será publicado e minha própria falta de sofisticação culinária, tenho curiosidade de saber se o leitor se identifica com quaisquer dessas reações, confissões e desconfortos. Também não quero soar excessivo ou moralista, quando na verdade o que sinto é confusão. Perguntas aos leitores de Gourmet que apreciam refeições bem-feitas e bem-apresentadas envolvendo carne de vaca, vitela, cordeiro, porco, frango, lagosta etc.: Vocês pensam muito sobre a (possível) condição moral e o (provável) sofrimento dos animais envolvidos? Se pensam, quais convicções éticas desenvolveram para se permitir não apenas comer, mas também saborear e desfrutar de iguarias à base de carnes de animais (pois o desfrute refinado, em contraste com a mera ingestão, é naturalmente a razão de ser da gastronomia)? Se, por outro lado, vocês não dão a menor bola para confusões ou convicções e acham coisas como o parágrafo anterior puro umbiguismo sem sentido, o que em seu íntimo faz vocês sentirem que não existe realmente problema algum em desconsiderar de forma peremptória toda essa questão? Isto é, a recusa em pensar nessas coisas seria o produto de um raciocínio ou na verdade vocês apenas não querem pensar sobre o assunto? E se for isso mesmo, por que não? Vocês chegam a pensar, mesmo à toa, sobre as possíveis razões dessa relutância em pensar no assunto? Não estou tentando importunar ninguém – minha curiosidade é genuína. Afinal de contas, ser muito consciente, atencioso e cuidadoso a respeito do que se come e de todo o contexto englobante não é parte do que distingue um verdadeiro gourmet? Ou toda a atenção e a sensibilidade extraordinárias do gourmetdevem se limitar ao sensorial? Tudo poderia realmente ser resumido a uma questão de sabor e apresentação?
Estas últimas indagações, todavia, ainda que sinceras, obviamente envolvem questões muito maiores e mais abstratas a respeito das conexões (caso existentes) entre estética e moralidade – sobre o que realmente significa o adjetivo em uma expressão como “A Revista da Boa Vida” –, e essas questões levam diretamente a águas tão profundas e traiçoeiras que talvez seja melhor encerrar por aqui a discussão pública. Existem limites mesmo para o que as pessoas interessadas podem perguntar umas às outras. J


[1]No fim das contas se descobriu que um tal sr. William R. Rivas-Rivas, membro de alto escalão do quartel-general do Peta na Virginia, estava no festival este ano, ainda que sozinho, cuidando das entradas principal e lateral no sábado, dia 2 de agosto, distribuindo panfletos e adesivos com a inscrição “Ser Fervido Dói”.
[2]“Interesses” significa basicamente preferências fortes e legítimas, que obviamente exigem algum grau de consciência, reatividade a estímulos etc. Veja, por exemplo, o que diz o filósofo utilitarista Peter Singer, cujo livro Libertação Animal, de 1975, é a bíblia do movimento contemporâneo de direitos dos animais: Seria tolice dizer que não está nos interesses de uma pedra ser chutada por um garoto ao longo de uma estrada. Uma pedra não tem interesses, pois não pode sofrer. Nada que possamos fazer com ela representaria qualquer diferença em seu bem-estar. Um rato, por outro lado, tem interesse em não ser chutado ao longo da estrada, pois sofrerá se isso vier a acontecer.
[3]Este é o termo neurológico para receptores sensoriais específicos, “sensíveis a extremos de temperatura potencialmente nocivos, a forças mecânicas e a substâncias químicas liberadas quando os tecidos do corpo sofrem danos”.
[4]Significando bem menos importantes, ao que parece, posto que a comparação moral em jogo não é o valor de uma vida humana versus o valor de uma vida animal, mas sim o valor de uma vida animal versus o valor do gosto humano por um tipo específico de proteína. Até mesmo o “carnófilo” mais teimoso reconheceria que é possível viver e comer bem sem consumir animais.

Fonte
www.mainelobsterfestival.com


publicado por Maluvfx às 06:32
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Sábado, 15 de Setembro de 2012
Cenas de “O Rei Leão” imitam a vida selvagem
Você talvez já tenha se deparado com alguma dessas imagens da vida real pela internet. Animais selvagens e principalmente leões em situações que parecem ter saído do famoso e clássico longa de animação dos estúdios de Walt Disney, O Rei Leão, no original, The Lion King.

Esta imagem onde o leão e seu filhote estão andando sobre uma enorme rocha, nos lembra o momento em que Mufasa leva seu filho Simba ao topo da Pedra do Rei e lhe apresenta todo o reino, que um dia será dele de direito.


O momento foi flagrado no Parque Nacional do Serengeti, na Tanzânia, onde fica Kopjes Simba, o rochedo que inspirou o filme. Seria uma incrível coincidência? Confira outras imagens de momentos muito parecidos com o da animação.


* Informações Daily Mail e G1

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publicado por Maluvfx às 09:00
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Domingo, 2 de Setembro de 2012
Caça
Caçar é assustar, ferir, provocar sofrimento e matar.
No entanto, há quem chame desporto a esta actividade, que pode provocar paixão e ser elogiada. Envolve muitas verbas.
Pois, se há gosto no contacto com a natureza e no exercício físico, isso pode acontecer sem a arma a tiracolo ou apontada, aumentando até o desfrutar.
Para muito gente, os animais vivos são bem mais belos e interessantes do que mortos e ensanguentados. Pode disparar-se também, mas com máquinas fotográficas ou de filmar e assim conseguirem-se, de modo pacífico, belos trofeus em imagens.
O tiro ao alvo é uma boa alternativa para treino da pontaria, para fazer o gosto ao dedo, para proporcionar convívio.
Hoje em dia, a caça em Portugal mal se justifica para servir as pessoas que se alimentam de carne pois, em geral, para se obter o mesmo valor nutritivo é preciso abaterem-se muito mais animais dentre as espécies cinegéticas do que animais das espécies domesticadas criadas para servirem de alimento. Poupar-se-iam, portanto, muito mais vidas no caso de opção por esta possibilidade. Aliás, o consumo de carne é dispensável e nem é dos alimentos mais saudáveis. A experiência dos vegetarianos e dos veganos demonstra isso mesmo, enquanto poupa o sacrifício de animais.
A caça provoca enorme susto aos animais, sejam eles alvejados ou não. Mesmo se a morte for rápida, trata-se sempre de um impacto violentíssimo.
Se o animal ficar ferido, sem morte rápida, ficará em terrível sofrimento.
Espécies cinegéticas podem ser criadas para serem lançadas perante os canos de caçadores, sofrendo estes animais os mesmos choques.
Não falta sofrimento durante a criação em recintos fechados e apertados.
Cartuchos e restos de projécteis espalhados pela natureza são prejudiciais, provocando poluição física e visual.
Acontecem acidentes que vitimam pessoas.
Muitos cães de caça estão sujeitos a condições deficientes de tratamento e de manutenção. Alimentação, espaço, protecção contra intempéries, contenção, desparasitação, etc. muitas vezes não permitem uma razoável qualidade de vida para estes animais.
Num acto de profunda crueldade, muitos cães de caça são abandonados, porque não satisfazem o caçador. Outros são abatidos com maior ou menor sofrimento.
Em Portugal existem milhares de caçadores, no meio de cerca de 10 milhões de portugueses. Dentre estes últimos, a maior parte não tem simpatia pela actividade, muitos sentem-se por ela incomodados e abominam-na, mas pouco se manifestam contra ela.
Legislação recente reconhece o direito à não caça em terrenos de quem o requerer.
A caça incomoda pelo ruído, pela perturbação do ambiente, pelo perigo e, também muito, pela angústia e revolta que provoca a quem está consciente do dizimar e do sofrimento que provoca em animais sencientes, dotados de sistema nervoso comparável ao dos caçadores.

Vasco Reis
médico veterinário


publicado por Maluvfx às 07:14
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