Ética é o conjunto de valores, ou padrões, a partir dos quais uma pessoa entende o que seja certo ou errado e toma decisões. A ética é importante por que respeita os outros e a dignidade humana.
Segunda-feira, 25 de Maio de 2009
Touradas: Factos, Razão e Ética – Parte III (Maiorias e Minorias)
24 DE MAIO DE 2009
Por Miguel Moutinho, Presidente da ANIMAL ©

A indústria tauromáquica em Portugal (assim como noutros países, diga-se) está, mais do que nunca, numa situação de crise de aceitação social e de apoio político (algo que tem cada vez menos, enfrentando cada vez mais oposição e crítica ou, pelo menos, distanciamento), o que tem também reflexos económicos. É, por isso, uma indústria que, mais do que nunca, se encontra em estado de verdadeiro desespero. E, como indústria que é, tem estado a apresentar inúmeras evidências de quão ameaçada se está a sentir, o que teve o seu pico numa primeira manifestação pró-tauromaquia em frente ao Campo Pequeno (a primeira manifestação do género alguma vez feita, que confessou, de forma explícita, quão social e politicamente pressionada está esta indústria). Esta indústria está também a tentar dar respostas aos seus críticos e a preparar contra-ataques para defender a tauromaquia. Isto tem vindo a acontecer, e sabe-se que será intensificado, mas é algo que está condenado ao insucesso, não só porque é uma indústria que desenvolve uma actividade indefensável – a de torturar animais em nome do entretenimento – mas também porque todas as linhas de resposta ou contra-ataque da indústria tauromáquica são ostensivamente inválidas, inúteis e não respondem nem resolvem o problema que se lhes coloca. Numa série de artigos, da qual o presente faz parte, a ANIMAL analisa, individualmente, e com base em factos, na razão e numa ética universal e objectiva, cada resposta / contra-ataque da indústria tauromáquica às críticas que enfrenta.

1) Tem sido frequente, e começa a ser uma insistência muito repetida, a alegação feita pelos defensores das touradas de que as pessoas que se opõem às touradas são uma minoria, enquanto as pessoas que gostam de touradas são uma maioria. O raciocínio que preside a esta alegação é o seguinte: do facto de haver poucas dezenas ou centenas de activistas contra as touradas a participar nas manifestações semanais promovidas pela ANIMAL em frente ao Campo Pequeno quando ali há tourada, enquanto alguns milhares de aficionados entram na praça para assistirem às mesmas touradas, pode-se concluir que o mesmo ocorre, em termos globais e de forma proporcional, na sociedade portuguesa: poucos opõem-se às touradas enquanto muito mais gostam delas e querem que elas continuem.

Esta ideia enferma, antes de mais, de um problema de raciocínio evidente: generaliza a partir de casos particulares não representativos do fenómeno sobre o qual a generalização é feita. Tomemos como exemplo a noite de 7 de Maio do ano corrente, em que cerca de 200 pessoas participaram na manifestação anti-touradas promovida pela ANIMAL que decorreu no Campo Pequeno, enquanto cerca de 7.000 aficionados terão entrado na Praça de Touros do Campo Pequeno para assistir à tourada que ali decorreu. Significa isto que há apenas 200 pessoas que se opõem às touradas e 7.000 pessoas a favor destas? Claro que não. Significa isto que, proporcionalmente, há muito menos pessoas que se opõem às touradas na sociedade portuguesa enquanto muitas mais são a favor delas? Também não. E porquê? Porque aquela situação particular não é de todo ilustrativa / representativa da sociedade – que é maioritariamente composta por indivíduos que nem são aficionados das touradas, nem são activistas anti-touradas. Uns gostam de touradas, outros são-lhes indiferentes e outros detestam-nas e querem que elas sejam proibidas. Só estudos científicos, que tenham por base perguntas formuladas de forma correcta, clara e não dirigida, que sejam realizados por empresas de sondagens qualificadas e insuspeitas e que sejam rigorosamente preparados por profissionais de sociologia e estatística, por exemplo, é que poderão dar respostas válidas neste sentido. E a verdade é que as poucas sondagens com cientificidade e rigor que existem sobre o assunto das touradas apresentam resultados que indicam que uma percentagem grande ou muito grande dos portugueses não gosta de touradas. Segundo uma sondagem DN/Marktest de 25 de Julho de 2002, já nesse ano havia 74,5% dos portugueses que não gostavam de qualquer tipo de touradas, com ou sem morte dos touros na arena. Cinco anos depois, uma resposta formulada em termos mais fortes pelos portugueses (no sentido em que se pronunciaram acerca da proibição das touradas e não apenas sobre se gostam delas ou não) foi apresentada no contexto de uma sondagem MetrisGfK/CIES/ISCTE, realizada entre Fevereiro e Março de 2007, segundo a qual 50,5% dos portugueses queriam, já há mais de dois anos atrás, as touradas proibidas em todo o país (enquanto apenas 39,5% discordavam de uma tal proibição), enquanto 52,4% dos portugueses queriam que não fossem autorizadas touradas nas cidades e vilas onde residem, nomeadamente através da transformação oficial destas localidades em cidades ou vilas anti-touradas (enquanto apenas 36,8% discordavam desta medida). Significa isto que os estudos preparados e realizados de forma rigorosa e científica mostram exactamente o contrário daquilo que os defensores das touradas gostariam que acontecesse – a maioria expressiva ou extremamente expressiva dos portugueses quer as touradas proibidas ou, pelo menos, não gosta de qualquer tipo de touradas.

Há ainda um outro aspecto que deve ser referido a propósito dos números de apoiantes e opositores das touradas – e que é importante para compreender as dimensões de quaisquer movimentos com visões opostas integrados em qualquer área da sociedade portuguesa. Há manifestações anti-touradas que têm apenas 50, 100 ou 200 participantes. Mas também há manifestações anti-touradas que têm 500, 1.000 ou 2.000 participantes. Num país onde é incomum as pessoas manifestarem-se nas ruas por razões éticas e estritamente altruístas – em defesa dos direitos dos animais, em defesa dos direitos humanos, em defesa da conservação da natureza ou da protecção do equilíbrio ecológico do planeta, etc. –, o número de manifestantes nunca pode ser visto como um sinal proporcionalmente representativo do número de apoiantes da causa que esse movimento que se está a manifestar tem. Por exemplo, uma manifestação de extrema-direita, se estiver bem organizada e conseguir mobilizar todos os seus apoiantes, pode conseguir ser bastante participada – mas tal não significará que a maioria dos portugueses se revê naquela visão política. E, do mesmo modo, se uma acção de protesto contra a tortura de prisioneiros políticos promovida pela Amnistia Internacional tiver apenas 20 manifestantes, daí não se seguirá – ao contrário do que implicaria a lógica dos aficionados das touradas – que só uma minoria de portugueses é que se opõe à tortura de prisioneiros políticos.

Por último, a propósito de questões éticas, de maiorias e minorias, de democracias, votações e referendos, é ainda fundamental estabelecer o seguinte ponto. Uma questão ética deve ser analisada e tratada com base em factos relevantes para a discussão, para o tratamento dos quais em tudo releva o recurso à melhor informação cientificamente obtida e validada que estiver disponível acerca desses factos e que seja relevante para a discussão, e por meio do uso de raciocínios válidos e de um genuíno interesse em chegar a conclusões verdadeiras – e não às que são apenas convenientes. Ora, se de uma tal análise de questões éticas como as touradas, a tortura de prisioneiros políticos, etc., resultar a conclusão de que são práticas eticamente condenáveis que não devem ser permitidas em circunstância alguma, isso será o bastante para levar sociedades, governos e parlamentos a pôr termo a essas práticas. É com base neste processo de análise e decisão ética que se devem tratar questões éticas e não com base em gostos subjectivos variáveis de indivíduos ou na opinião eventualmente mal-informada de maiorias ou minorias. É por isso que, se por um lado é, apesar de tudo, nas democracias que os direitos humanos e os direitos dos animais são mais respeitados e protegidos, por outro lado, o respeito pelos direitos humanos e pelos direitos dos animais nunca deve depender do que pensam as maiorias acerca destes direitos. São direitos que nunca devem ser votados nem devem ser referendados. São valores de tal maneira fundamentais, que devem estar consagrados nas constituições políticas dos estados e que, independentemente das orientações políticas de quem governe os estados e de quem eleja quem os governe, devem estar sempre juridicamente protegidos. Não o fazer será errado, injusto e extremamente perigoso. Segue-se daqui que, apesar de ser verdade que a maioria dos portugueses se opõe às touradas, não é isso que faz com que elas sejam erradas e devam ser abolidas. Pelo contrário, é porque há factos e razões morais apoiadas nesses factos que fazem com que as touradas sejam erradas e devam ser abolidas que, felizmente, a maioria dos portugueses já percebeu e concluiu que elas devem ser proibidas.

2) É também comum os defensores das touradas dizerem que “a tourada é o segundo espectáculo pago com mais espectadores a seguir ao futebol”, aqui alegando que, como tal, do suposto grande interesse do público que a tourada teria (e que não é verdadeiro, como de seguida se demonstra), resultaria a implicação de que a tourada seria imediatamente aceitável.

Esta afirmação – além de ser totalmente irrelevante para a discussão porque em nada contribui para fazer das touradas uma prática eticamente aceitável – é objectivamente errada e falsa. Errada, desde logo, porque o futebol não é um espectáculo, mas sim uma actividade desportiva. Mas, mais do que errada neste sentido, esta é uma afirmação falsa.

Segundo dados do Instituto Nacional de Estatística (INE) acerca das actividades culturais realizadas em Portugal e da resposta que estas tiveram dos espectadores em 2006 (sendo que, depois destes dados, foram publicados novos resultados em 2007 que não reflectiram mudanças importantes, no âmbito da tauromaquia, face aos números de 2006), no ano de 2006 realizaram-se 24 717 sessões de espectáculos ao vivo, com um total de 8,8 milhões de espectadores. Destes, os espectáculos com maior número de espectadores foram os concertos de música ligeira, com 3,2 milhões de espectadores. O teatro teve 1,6 milhões de espectadores. A seguir ao teatro, os espectáculos de variedades, música clássica, dança e, por último, circo foram os que tiveram mais espectadores. E só depois surge a tauromaquia, com uma pequeníssima percentagem de 2,4% de espectadores na contagem geral de espectadores em espectáculos ao vivo. Nesse ano, 10,3 milhões de visitantes percorreram os museus do país, mais de 5,5 milhões de visitantes foram a exposições temporárias de artes plásticas e o cinema registou 16,4 milhões de espectadores. Ora, como facilmente se conclui, não só em relação aos outros espectáculos ao vivo, como também em relação a todas as outras actividades culturais, a tauromaquia registou um número extremamente pequeno de espectadores – enquanto muitas mais pessoas, felizmente, foram a espectáculos de música, teatro, dança, visitaram museus e exposições e foram ao cinema. Depois da análise destes dados do INE, facilmente concluímos que a afirmação vulgarmente avançada pelos defensores das touradas de que “a tourada é o segundo espectáculo pago com mais espectadores a seguir ao futebol” é, numa palavra, risível.

Finalmente, importa ainda analisar um outro valor mais recente. De acordo com o Relatório de Actividade Tauromáquica de 2008, publicado pela Inspecção-Geral das Actividades Culturais, em 2008 os espectáculos tauromáquicos em Portugal registaram a entrada de 698.142 espectadores. Com base nestes dados, os defensores das touradas alegraram-se grandemente e passaram a dizer que, em 2008, 698.142 pessoas foram às touradas em Portugal. No entanto, isto não é verdade. Estes números referem-se sempre às entradas de espectadores em praças de touros – e, obviamente, não à entrada de pessoas diferenciadas. Ou seja, se considerarmos que a maior parte das pessoas que vai a touradas vai a várias touradas, sendo a mesma pessoa espectadora de diversas touradas, isso significa que, por exemplo, na época tauromáquica de 2008, uma mesma pessoa pode ter sido espectador 5, 10 ou 15 vezes em diversas touradas, numa mesma zona ou em diversas zonas do país, contando, neste caso, como espectador 5, 10 ou 15 vezes, mas continuando a ser apenas uma pessoa. Logo, é fundamental ser-se rigoroso e afirmar apenas que, em 2008, as touradas registaram a entrada de 698.142 espectadores e não de 698.142 pessoas (do mesmo modo que, em 2006, os museus registaram a entrada de 10,3 milhões de visitantes e não de 10,3 milhões de pessoas diferentes – ou a população portuguesa quase não teria chegado para corresponder a este número de visitantes).


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Domingo, 24 de Maio de 2009
Touradas: Factos, Razão e Ética – Parte II (Os ataques Ad Hominem e os apelos à autoridade)
24 DE MAIO DE 2009
Por Miguel Moutinho, Presidente da ANIMAL ©

A indústria tauromáquica em Portugal (assim como noutros países, diga-se) está, mais do que nunca, numa situação de crise de aceitação social e de apoio político (algo que tem cada vez menos, enfrentando cada vez mais oposição e crítica ou, pelo menos, distanciamento), o que tem também reflexos económicos. É, por isso, uma indústria que, mais do que nunca, se encontra em estado de verdadeiro desespero. E, como indústria que é, tem estado a apresentar inúmeras evidências de quão ameaçada se está a sentir, o que teve o seu pico numa primeira manifestação pró-tauromaquia em frente ao Campo Pequeno (a primeira manifestação do género alguma vez feita, que confessou, de forma explícita, quão social e politicamente pressionada está esta indústria). Esta indústria está também a tentar dar respostas aos seus críticos e a preparar contra-ataques para defender a tauromaquia. Isto tem vindo a acontecer, e sabe-se que será intensificado, mas é algo que está condenado ao insucesso, não só porque é uma indústria que desenvolve uma actividade indefensável – a de torturar animais em nome do entretenimento – mas também porque todas as linhas de resposta ou contra-ataque da indústria tauromáquica são ostensivamente inválidas, inúteis e não respondem nem resolvem o problema que se lhes coloca. Numa série de artigos, da qual o presente faz parte, a ANIMAL analisa, individualmente, e com base em factos, na razão e numa ética universal e objectiva, cada resposta / contra-ataque da indústria tauromáquica às críticas que enfrenta.

Não é uma ideia nova, mas tem sido mais comum, nos últimos tempos, os defensores das touradas tentarem proteger a tauromaquia através de ataques a pessoas e às suas supostas fragilidades (com falácias ad hominem) ou através de elogios e apelos à autoridade de pessoas (argumento da autoridade).

1) No primeiro caso, tem sido comum os defensores das touradas acusarem a ANIMAL e os activistas anti-touradas de oporem às touradas, fazendo campanhas e promovendo manifestações contra estas, porque, segundo os defensores das touradas, estes gostam de protagonismo e querem promover-se através da oposição que fazem às touradas.

Este é um dos contra-ataques típicos. Começa por ostensivamente esquivar-se à questão central – as razões éticas pelas quais a ANIMAL e os activistas anti-touradas se opõem às touradas – para se limitar a lançar apenas um ataque pessoal contra quem se opõe às touradas. Este contra-ataque é falacioso e não responde ao problema em discussão. É a chamada falácia ad hominem. Em vez de se atacar o argumento apresentado pelos indivíduos que se opõem às touradas, ataca-se os próprios indivíduos pessoalmente, deixando completamente esquecida a única parte que interessa na discussão – o(s) argumento(s) ético(s) contra as touradas. Ou seja, em vez de se apresentarem contra-argumentos que invalidariam os argumentos éticos contra as touradas, aquilo que os defensores fazem é atacar os defensores dos animais.

Para percebermos melhor quão falacioso, tolo e ineficaz é este contra-ataque, vejamos o seguinte exemplo. Suponhamos que, como acontece muitas vezes, a organização de defesa dos direitos humanos X (chamemos-lhe Organização X) está a acusar o governo do país Y (chamemos-lhe Governo Y) de permitir ou ordenar a execução de actos de violação de direitos humanos. Suponhamos que, neste caso, o Governo Y responde à Organização X acusando-a e aos seus dirigentes e membros de se quererem promover através da crítica a este Governo, assim tentando obter o protagonismo que, defende o Governo Y, a Organização X e os seus membros procuram. Neste caso, a Organização X está a acusar o Governo Y de violar, por acção ou omissão, os direitos humanos, baseando essa acusação num argumento moral de defesa dos direitos humanos. E o Governo Y, em vez de responder à acusação moral de que é alvo, a propósito dos direitos humanos que é acusado de violar, por acção ou omissão, ataca *pessoalmente* a Organização X e os seus membros, escusando-se totalmente a responder ao que está em causa – a violação dos direitos humanos de que é acusado de permitir ou ordenar.

Este exemplo ajuda-nos a compreender, de forma óbvia, que esta resposta dos defensores das touradas não serve para defender as touradas, levantando uma questão completamente alheia ao debate, sem responder, em momento algum, à questão principal – a dos argumentos éticos contra as touradas.

Acresce que este contra-ataque revela um tremendo cinismo. Dizer que a ANIMAL se opõe às touradas para se promover é o mesmo que dizer que a Amnistia Internacional condena o Governo do Nepal e a ausência de medidas de protecção dos direitos das mulheres por parte deste governo como meio de obter notoriedade, que a UNICEF denuncia a fome e a pobreza extrema e o modo como estas afectam dramaticamente as crianças para obter protagonismo, e assim por diante. Seria o mesmo que dizer que Martin Luther King lutou civicamente – e acabou por ser assassinado em resultado dessa luta – para obter reconhecimento, e que Gandhi, Mandela e outros indivíduos denunciaram graves erros morais e políticos e trabalharam pela justiça só porque queriam ficar na História como grandes líderes morais. E, como é óbvio, esta é uma ideia absolutamente contestável. Felizmente, há muitas pessoas no mundo que querem apenas ajudar quem precisa de ajuda e defender quem precisa de ser defendido, procurando, ora individualmente, ora no contexto da actividade de organizações, trabalhar para eliminar situações diversas de injustiça. E é só como um efeito secundário não pretendido que essas pessoas ou organizações poderão vir a obter notoriedade – mas não porque a procurem ou pretendam.

2) No segundo caso, que é também bastante comum, os defensores das touradas tentam anunciá-las como respeitáveis porque figuras importantes gostam de touradas e querem que elas sejam mantidas. Como noticia o site tauromáquico “Farpas”, os defensores das touradas vão tentar envolver figuras públicas – tais como, segundo os mesmos, Manuel Alegre e Joaquim Letria, entre outros – na defesa das touradas, para ajudarem no contra-ataque que a indústria tauromáquica estará a preparar em resposta à ofensiva cívica que a ANIMAL tem conduzido contra a tauromaquia. Os defensores das touradas previsivelmente defenderão que, uma vez que figuras públicas tais como Manuel Alegre, Jorge Sampaio e Joaquim Letria, entre outras, gostam de touradas e querem que elas continuem a ser permitidas, então as touradas deverão continuar a ser permitidas.

Trata-se de mais uma falácia, conhecida como o “apelo à autoridade”. Não só as figuras públicas que gostam de touradas não estão especialmente qualificadas para travarem uma discussão ética acerca das touradas – não são especialistas em ética, pelo que a sua opinião não é especialmente digna de consideração para a discussão – como também nem sequer tentam esboçar uma resposta moral aos argumentos morais apresentados contra as touradas. Na verdade, aqui, os defensores das touradas esperam que o mero nome destes apreciadores de touradas famosos sirva para convencer a sociedade de que as touradas devem continuar a ser permitidas. E, mais do que isso, os defensores das touradas esperam que o simples facto de Manuel Alegre ou Jorge Sampaio dizerem publicamente que são aficcionados das touradas e que acham que estas devem continuar a ser permitidas seja suficiente para que a opinião do público fique influenciada de modo a acreditar que as touradas devem continuar a ser permitidas por lei.

Ora, obviamente, os factos em discussão não mudam em função de quem se pronuncia acerca deles. Não é porque Manuel Alegre é a favor das touradas e Pedro Abrunhosa contra que as touradas são ou não moralmente permissíveis. Aquilo que deve levar os indivíduos e as sociedades a decidirem se as touradas devem continuar a ser permitidas por lei nos países onde ainda existem nem por um momento deve incluir o facto irrelevante de Ernest Hemingway ter sido um apaixonado por touradas enquanto George Bernard Shaw foi um acérrimo defensor dos direitos dos animais. O que está em discussão é, mais uma vez, se existe alguma boa razão para que um grupo de indivíduos possa continuar a perseguir, molestar e torturar animais apenas para retirarem prazer e/ou lucro dessa actividade. E, até que os defensores das touradas apresentem essa boa razão que falta – e que, até prova em contrário, não existe –, a única conclusão que se pode retirar é que as touradas devem ser proibidas. Sem hesitações.


publicado por Maluvfx às 02:31
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Sábado, 23 de Maio de 2009
Touradas: Factos, Razão e Ética – Parte I (O Sofrimento dos Touros)
24 DE MAIO DE 2009
Por Miguel Moutinho, Presidente da ANIMAL ©

A indústria tauromáquica em Portugal (assim como noutros países, diga-se) está, mais do que nunca, numa situação de crise de aceitação social e de apoio político (algo que tem cada vez menos, enfrentando cada vez mais oposição e crítica ou, pelo menos, distanciamento), o que tem também reflexos económicos. É, por isso, uma indústria que, mais do que nunca, se encontra em estado de verdadeiro desespero. E, como indústria que é, tem estado a apresentar inúmeras evidências de quão ameaçada se está a sentir, o que teve o seu pico numa primeira manifestação pró-tauromaquia em frente ao Campo Pequeno (a primeira manifestação do género alguma vez feita, que confessou, de forma explícita, quão social e politicamente pressionada está esta indústria). Esta indústria está também a tentar dar respostas aos seus críticos e a preparar contra-ataques para defender a tauromaquia. Isto tem vindo a acontecer, e sabe-se que será intensificado, mas é algo que está condenado ao insucesso, não só porque é uma indústria que desenvolve uma actividade indefensável – a de torturar animais em nome do entretenimento – mas também porque todas as linhas de resposta ou contra-ataque da indústria tauromáquica são ostensivamente inválidas, inúteis e não respondem nem resolvem o problema que se lhes coloca. Numa série de artigos, da qual o presente faz parte, a ANIMAL analisa, individualmente, e com base em factos, na razão e numa ética universal e objectiva, cada resposta / contra-ataque da indústria tauromáquica às críticas que enfrenta.

Como a questão central acerca da tourada se prende com o sofrimento que é infligido aos touros e que constitui a base da crítica às touradas, esta é a primeira questão que os defensores das touradas tentam resolver, nomeadamente defendendo que os touros não sofrem nas touradas.

De acordo com os defensores das touradas, o touro é um animal especial que, como nenhum outro na Terra, tem uma aptidão extraordinária para não sentir sofrimento (ou para sofrer menos) quando é exposto a actos que, tais como aqueles que constituem a prática do toureio, são profundamente invasivos e destrutivos. De acordo com os defensores das touradas, em face destes actos (como o acto de espetar, no dorso dos touros, bandarilhas com ferros pontiagudos e com arpões aguçados nas pontas), os touros têm uma reacção completamente diferente da que teriam todos os outros animais na mesma situação – todos os outros animais sofreriam tremendamente e ficariam profundamente lesionados se sofressem estas agressões, mas os touros, como são, segundo os defensores das touradas, especiais, não sofrem (ou sofrem menos, como alguns dizem).

Há três principais pontos que os defensores das touradas referem para sustentar esta tese. De seguida, apresento estes pontos, assim como as objecções que de imediato levantam.

1) Os touros não sofrem (ou sofrem menos) nas touradas porque foram seleccionados geneticamente para serem especialmente resistentes para virem a ser usados em touradas, pelo que, uma vez nestas, não sofrem.

É interessante notar, desde logo, que, ao declararem que os touros usados para touradas foram seleccionados geneticamente para esse fim, os defensores das touradas estão consequentemente a reconhecer algo de muito importante que põe em causa o “argumento ecológico” a favor da manutenção das touradas: os touros usados em touradas são bovinos domésticos pertencentes a uma das muitas variedades de bovinos que existem, não constituindo, por isso, uma espécie com importância ecológica (embora, evidentemente, cada touro tenha uma importância moral enquanto animal possuidor de dignidade) que já existia na natureza e que importa preservar (embora deva ser dito que é perfeitamente possível preservar esta variedade de bovinos, sendo porém certo que isso só fará sentido se não for para que os membros dessa variedade de bovinos sejam vítimas de tortura em touradas).

Em segundo lugar, a selecção genética destes bovinos não os tornou imunes à dor. Tal não seria sequer possível. A dor é um mecanismo extraordinariamente importante para a sobrevivência de qualquer animal. Se um animal não sentir dor, não evitará o que lhe causará a dor e estará em perigo de vida a todo o momento, não tendo qualquer capacidade de sobrevivência relativamente às muitas ameaças que enfrentará. De resto, é possível desde logo identificar inúmeras evidências comportamentais de que os touros sofrem – basta avaliar o comportamento dos touros em praça, quando estão a ser toureados, e perceber como eles exibem sinais de exaustão, confusão e medo, além de ostentarem ferimentos muito graves, jorrando sangue de forma tremendamente abundante, o que não só os debilita como também são lesões que estão inevitavelmente associadas à experiência da dor (tal como qualquer outro animal, os touros têm um sistema nervoso complexo, tendo, obviamente, terminais nervosos nas zonas onde os ferros são cravados, condição neuro-fisiológica que lhes permite, evidentemente, experienciar o sofrimento físico, e experienciá-lo profundamente, quando são espetados com as farpas).

2) Os touros não sofrem (ou sofrem menos) nas touradas porque, como estão a ser agredidos, no momento em que estão a reagir a essas agressões, estão apenas concentrados em defender-se e contra-atacar, não sofrendo nesses momentos. Alguns defensores das touradas dizem até que o facto dos touros reagirem é a prova de que não sofrem porque, segundo os mesmos, a reacção a uma agressão constitui prova de que o animal agredido não sofre.

Esta alegação coloca, antes de mais, um problema. Os defensores das touradas generalizam sempre a bravura e imunidade à dor como uma características que todos os chamados “touros bravos” terão, afirmando que é o facto de serem “bravos” (o que quer que isso signifique, pois nunca foi definido) que faz com que estes touros, diferentemente de todos os outros bovinos e de todos os outros animais, não sintam dor quando são agredidos. Como resolverão, então, a questão dos chamados “touros mansos”? É bastante comum entrarem em touradas touros que, por muito provocados que sejam, não reagem ou reagem menos. Isto pode dever-se a inúmeros factores, mas não é certamente alheio ao facto de haver diferenças de personalidade entre indivíduos – do mesmo modo que uns cães são mais activos e destemidos e outros cães são mais passivos e mais receosos, isso também acontece com os touros. Porém, isto põe em causa a tese tauromáquica que defende que os “touros bravos” são “animais de combate” sempre preparados para a luta com os toureiros e forcados, uma vez que, afinal, muitos nunca chegam a entrar nesta luta porque não reagem, enquanto outros, que reagem pouco, são toureados mesmo assim mas acusados pelos toureiros e aficcionados de serem “mansos” ou de não serem “bons touros”. A ocorrência deste fenómeno é de tal modo frequente, que, só por si, deita por terra o mito do “touro bravo”.

Mas voltemos à alegação de que a reacção às agressões de que são alvo na tourada indicia que os touros não sofrem. Esta alegação radica numa contradição: por um lado, reconhece que os touros estão a reagir a algo que lhes provocou essa reacção, nomeadamente às agressões de que são alvo quando são espetados com ferros, mas, por outro lado, sugere que essa reacção de defesa e contra-ataque não tem origem em sofrimento. Então – é caso para perguntar –, tem origem em quê? O que levará os touros a reagir e a contra-atacar, se não a dor que lhes foi infligida, os ferimentos que lhes foram causados? Além disso, como é que se pode, plausivelmente, sugerir que o facto de um indivíduo estar a reagir é demonstrativo de ausência de dor e que esse estado de reacção imuniza esse indivíduo à dor? Mais uma vez, aqui temos que lembrar que a dor existe por uma razão – é um instrumento de sobrevivência. E, do mesmo modo que é a dor que leva um animal a evitar situações que lhe possam causar dor, é também a dor que leva esse mesmo animal a, uma vez que uma situação lhe cause dor (tal como uma agressão), ele reaja contra o agressor (o toureiro) para evitar mais agressões. Isso acontece muito claramente nas touradas, sendo, além do mais, comum ver touros a tentarem livrar-se dos ferros que lhes são cravados e a produzirem sons típicos de manifestação de dor quando os toureiros lhes espetam as farpas. Os touros reagem, de facto, uns mais, outros menos, mas eles reagem a algo e por uma razão – reagem à agressão e à dor que a agressão lhes causou e reagem para não serem mais agredidos e numa tentativa de se livrarem do que lhes está a causar tanto sofrimento. E só os defensores das touradas é que parecem não perceber esta evidência.

3) Os touros não sofrem (ou sofrem menos) nas touradas porque, nas touradas, se gera uma reacção hormonal especial que fará com que eles, durante a lide, fiquem quase ou totalmente imunes à dor.

Esta ideia, que já era defendida há muito tempo nos meios tauromáquicos, ganhou um corpo aparentemente mais forte quando, recentemente, um professor de medicina veterinária da Universidade Complutense de Madrid, Juan Carlos Illera, anunciou ter estudado o comportamento hormonal dos touros usados em touradas para concluir, segundo o mesmo, que, nas touradas, os touros sofrem muito menos e sentem muito menos stress do que, imagine-se, sentirão quando são transportados das ganadarias para as praças de touros e quando são mantidos nos curros das praças de touros sem chegarem a ser toureados. Ou seja, segundo Illera, os touros sofrem mais quando não lhes é infligida dor (no transporte e nos curros) do que quando lhes é infligida dor (na lide) porque, segundo o mesmo, ao serem bandarilhados, os touros têm reacções hormonais que os tornam quase completamente insensíveis à dor e livres de stress. Importa dizer, em primeira instância, que este estudo nunca foi publicado em qualquer revista científica nem nunca foi revisto por veterinários independentes – foi apenas publicado parcialmente em revistas tauromáquicas e citado em congressos de tauromaquia. Em segundo lugar, o professor Illera nunca respondeu às perguntas que recebeu de outros médicos veterinários que lhe dirigiram perguntas muito específicas acerca das muitas perplexidades que o dito estudo levanta. Em terceiro lugar, tudo o que deste estudo foi tornado público e tudo o que foi possível perceber do mesmo, de como foi feito e de como se chegou às conclusões que apresentou, foi meticulosamente analisado e rebatido pelo também médico veterinário espanhol José Enrique Zaldivar. Zaldivar foi uma das pessoas que enviou questões a Illera e que nunca recebeu resposta do autor do estranho “estudo”. Fê-lo por várias vezes e esperou muito tempo, mas apenas para ficar sem resposta. O tal estudo nunca foi inteiramente tornado público e continua, até hoje, sem ser publicado em qualquer revista científica. E, entretanto, José Enrique Zaldivar escreveu o extenso artigo “Porque é que o touro sofre” (em resposta ao artigo de Illera intitulado “Porque é que o touro não sofre”), no qual demonstra os erros cometidos por Illera para chegar à inválida conclusão de que os touros quase não sofrem durante a lide tauromáquica. Zaldivar enviou este artigo a Illera, mas novamente não recebeu resposta. Convém dizer que, no meio académico, mensagens educadas com perguntas cientificamente legítimas enviadas por colegas só ficam sem resposta quando quem recebe as perguntas não sabe ou não quer responder (ou então se for mesmo muito mal educado). Neste caso, parece tratar-se de ambos os cenários.

Quanto às conclusões de Illera e às objecções que Zaldivar levantou às mesmas, apresento-as sinteticamente de seguida. Illera afirmou que, ao contrário dos touros que foram transportados da ganadaria para a praça, que foram mantidos nos curros e que chegaram a entrar na praça mas não chegaram a ser picados nem toureados (que apresentaram, segundo Illera, sinais elevados de stress e de sofrimento), os touros que não só foram expostos a estas situações mas que foram também, além disso, picados pelos “picadores” na sorte de varas e de seguida toureados apresentaram, nas medições hormonais que lhes foram feitas, sinais muito menores de stress e de sofrimento do que os touros que não foram toureados. Ora, Zaldivar explica por que razão é que essa estranha conclusão foi possível e porque é que ela é inválida. É que Illera tratou os resultados das avaliações hormonais de touros com graves lesões neurológicas (causadas pelos “picadores” e, depois, pelas farpas) segundo padrões normais – só que, como explica Zaldivar, tal não pode legitimamente ser feito, visto que os touros não estão em condições normais para poderem ser avaliados hormonalmente, nomeadamente porque o tipo de lesões que são causadas aos touros em touradas fazem com que as medições hormonais deles depois de sofrerem essas lesões – estando eles com estruturas neurológicas gravemente destruídas – não reflictam o seu actual estado de saúde física e/ou mental, fazendo também com que certamente não reflictam o sofrimento que os animais estão a experienciar e a capacidade que têm e continuam a ter para experienciá-lo. Para melhor se compreender estas questões e quão hábil e racionalmente Zaldivar deitou por terra as conclusões do dito “estudo” de Illera, vale a pena ler o artigo de Zaldivar (se o quiser ler, por favor contacte campanhas@animal.org.pt).

Há ainda alguns defensores das touradas que optam por respostas menos comuns e ainda mais frágeis do que as acima descritas.

A primeira é a de que os ferros usados em touradas ferem tanto os touros e provocam-lhes tanto sofrimento quanto as lâminas de barbear ferem os homens quando se cortam ao fazer a barba. Claro que, neste caso, os defensores das touradas ignoram ou pretendem que se ignore um elemento muito importante: a proporção. Obviamente, as dimensões de uma lâmina de barbear em relação à superfície da face de um homem que esta poderá cortar são incomparáveis às dimensões dos ferros que são cravados no dorso dos animais – sendo que os ferros podem ter até 8cm de comprimento e têm arpões incorporados que podem ter até 4cm de comprimento, sendo cravados e ficando espetados no corpo dos animais, enquanto a lâmina de barbear provoca apenas um pequeno corte e não fica espetada na pele de um homem. Obviamente, os ferros usados em touradas geram lesões de longe mais profundas e graves nos touros (e consequentemente geram um sofrimento muito maior), do que uma lâmina de barbear mal usada pode gerar na face de um homem com um golpe meramente superficial. Esta afirmação é tão absurda, que cedo se tornou impopular mesmo entre os defensores das touradas embora ainda haja quem a use.

A segunda reporta-se à ideia de que o sofrimento faz parte da vida – dos animais e dos humanos. Neste contexto, é comum encontrar defensores das touradas a defender que o sofrimento é uma experiência comum nas suas vidas. Sofrem quando têm que fazer viagens longas, sofrem quando estão doentes, sofrem quando perdem alguém, etc., pelo que sofrer é algo de natural e não deve constituir razão para criticar algo, nomeadamente as touradas. Neste caso, os defensores das touradas fazem uma confusão demasiadamente conveniente entre sofrimento provocado e sofrimento não-provocado. Quando sofremos – ou, melhor, quando nos sentimos desconfortáveis – por fazermos viagens demasiadamente longas, esse é um desconforto que nós não procuramos mas que aceitamos como implicação da necessidade ou do interesse em fazer uma viagem longa. Mas aceitamo-lo apenas condicionadamente: tentamos preveni-lo e aliviá-lo o mais possível, nomeadamente fazendo paragens, dividindo a viagem por partes, utilizando um meio de transporte mais confortável, etc. É, além disso, um desconforto superficial e não uma forma de sofrimento profundo, como é aquele que é causado aos touros em touradas. Por outro lado, quando estamos doentes, o sofrimento que experienciamos é, mais uma vez, não-provocado. Nem queremos ou procuramos estar doentes, nem nos conformamos com isso. Tentamos prevenir as doenças, o sofrimento e mau-estar que nos causam, e, quando ficamos doentes, tentamos curar-nos da melhor e mais rápida maneira possível. Do mesmo modo, quando perdemos alguém que nos é querido, não só escolheríamos sempre não perder esse ente querido e fazer tudo o que pudéssemos para salvá-lo e tê-lo connosco, como também ficamos profundamente transtornados por essa perda – mas tentamos encontrar uma maneira de lidar com ela e com o sofrimento que nos causa. Procuramos o apoio de outras pessoas que nos são queridas, tentamos adoptar uma visão positiva e adaptar-nos a essa perda e, nos casos mais extremos, poderemos recorrer a ajuda de profissionais para lidar com uma eventual depressão que sintamos em resultado dessa perda. O que é certo é que, neste caso como em todos os outros, não procuramos o sofrimento e não o acolhemos passivamente, por muito natural que ele seja – tentamos sempre preveni-lo e, quando ele se abate sobre nós, tentamos aliviá-lo e fazê-lo desaparecer. Nas touradas, o caso é completamente diferente. É provocado sofrimento severo aos touros. Sofrimento que em circunstâncias normais não sofreriam, sofrimento que nunca procuraram, sofrimento que, na verdade, faria com que fugissem, se pudessem, sendo evidente que os touros, nas touradas, tentam por todas as maneiras evitar o que lhes causa o sofrimento e tentam defender-se, embora em vão. Não têm qualquer hipótese de prevenir esse sofrimento que não escolheram, não têm como evitá-lo nem têm como acabar com as causas desse sofrimento ou curar-se. Nem têm quem os ajude – só têm quem, depois de lhes causar tanto sofrimento e tão graves lesões, acabará por levá-los para um matadouro, onde serão mortos depois de tanta agonia.

Conclui-se, então, que, para os touros, sofrer em touradas é infelizmente uma realidade mas não é uma inevitabilidade. É algo que só acontece porque uns lucram e outros divertem-se a provocá-lo. E isso é tão condenável e objectivamente inaceitável, que deve levar à total abolição da tauromaquia.


publicado por Maluvfx às 12:26
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