Ética é o conjunto de valores, ou padrões, a partir dos quais uma pessoa entende o que seja certo ou errado e toma decisões.
A ética é importante por que respeita os outros e a dignidade humana.
Artigo de Priscila Di Ciero – NutricionistaNutricionista paulistana formada em 2001, Priscila Di Ciero é especialista em nutrição esportiva, com cursos de extensão em nutrição funcional, estética e suplementação. Atuou em diversas academias, clínicas médicas e centros estéticos da capital paulista. É membro do Departamento de Medicina e Nutrição da Sociedade Vegetariana Brasileira e tem vasta experiência em atendimento a vegetarianos, além de ministrar aulas/palestras sobre o tema para nutricionistas, estudantes de nutrição e demais interessados. Atualmente, presta consultoria a restaurantes, escolas e empresas, além de atender em consultório e, quando necessário, nas residências dos clientes. Profissional sempre em busca de atualizações, Priscila é diretamente implicada e comprometida com o sucesso do tratamento e bem estar de seus clientes. Visite o site dela em www.prisciladiciero.com.brO consumo de dietas vegetarianas tem sido associado a muitos benefícios à saúde, incluindo menores taxas de mortes por doenças cardiovasculares, diabetes e certos tipos de câncer (GIOVANNUCCI et. al., 1994; THOROGOOD et al., 1994; FRASER et al., 1995) e baixo risco de dislipidemia, hipertensão e obesidade (APPLEBY et al., 1995). De modo similar, os benefícios múltiplos de dietas vegetarianas sobre a melhora da aptidão física e da performance têm sido analisadas ao longo dos anos.
HANNE et al (1986) demonstraram não existir diferenças significativas nas variáveis: aptidão física, antropométricas, metabólicas (incluindo capacidade aeróbia e anaeróbia), força, função pulmonar e níveis séricos de proteína e hemoglobina entre atletas ovo-lacto-vegetarianos, lacto-vegetarianos e vegetarianos. Esses resultados corroboram os apresentadados por RABEN et al. (1992) que demonstraram não haver diferenças na performance física de atletas de resistência quando estes são alimentados com dietas vegetarianas ou não vegetarianas durante um período de 6 semanas.
Os valores hematológicos, antropométricos e metabólicos de mulheres vegetarianas fisicamente ativas foram comparados aos de mulheres não vegetarianas fisicamente ativas. Embora as vegetarianas tivessem valores de glicose sanguínea e colesterol significativamente menores, não houve diferença entre os grupos na capacidade cardio-respiratória submáxima ou máxima e no eletrocardiograma durante teste progressivo em esteira (NIEMAN et al., 1989).
A nutrição representa um determinante crítico da resposta imune, e dados epidemiológicos sugerem que deficiências nutricionais alteram a imunocompetência e aumentam o risco de infecções. RICHTER et al (1991) demonstraram que a função imune de atletas que consomem uma dieta rica em proteína animal, é similar à de atletas que consomem uma dieta lacto-ovovegetariana.
Alterações Hormonais
Alguns estudos sugerem que uma proporção significativa de atletas amenorréicas são vegetarianas (ROSE et al., 1991; PEDERSEN et al., 1991). No entanto, existe evidência crescente de que a baixa ingestão energética, e não a qualidade da dieta, é a principal causa de oligomenorréia em atletas e que, o equilíbrio positivo, normaliza o perfil hormonal e a menstruação. O esforço para manter ciclos menstruais normais deve incluir ingestão maior de alimentos energéticos e gorduras, redução de fibras e do treinamento extenuante (AMERICAN DIETETIC ASSOCIATION, 1997).
Proteína
Geralmente as dietas vegetarianas fornecem uma menor quantidade de proteína que as dietas não-vegetarianas. Embora a qualidade da proteína de dietas vegetarianas seja adequada para os adultos, as proteínas vegetais não são tão bem absorvidas como as proteínas animais. Assim, essa regulação pode ser feita aumentando-se em 10% a quantidade protéica consumida.
Portanto, a recomendação de ingestão para atletas vegetarianos é cerca de 1,3 a 1,8g/ Kg de peso corporal (AMERICAN DIETETIC ASSOCIATION, 1997). Embora as dietas vegetarianas sejam mais pobres em proteínas totais, a ingestão de proteínas tanto em ovo-lacto-vegetarianos quanto em vegans parece ser adequada (AMERICAN DIETETIC ASSOCIATION, 1997). A adequada ingestão calórica é um importante fator para se suprir as necessidades diárias de proteínas em atletas.
Creatina
A suplementação com creatina foi sugerida como recurso ergogênico para atletas que realizam sessões repetidas de exercícios de alta intensidade e curta duração. Indivíduos vegetarianos, quando comparados aos nãovegetarianos, apresentam menores níveis plasmáticos de creatina (DELANGHE et al., 1989), porém, isso não reflete diminuição de seu conteúdo muscular. Em estudo com indivíduos vegetarianos, os níveis teciduais de creatina estão dentro do normal (115 mmol/Kg).
Um estudo randomizado e duplo-cego foi incapaz de verificar qualquer efeito da creatina sobre a potência física de atletas vegetarianos (CLARYS ET al., 1997). SHOMRAT e colabores (2000) suplementaram creatina em vegetarianos e onívoros por uma semana, e a performance no teste anaeróbio de Wingate foi determinada antes e após essa suplementação. Os resultados mostraram que ambos tiveram maior massa muscular e média de força máxima durante os testes. Porém, o pico de força máxima foi significantemente maior pela suplementação nos onívoros. Concluiu-se que a ingestão de creatina responde similarmente no aumento da média de força máxima durante exercício máximo e curto. É possível que os níveis de creatina (e de fosfocreatina) muscular antes da suplementação eram similares em ambos grupos.
Vitaminas e Minerais
A absorção de alguns nutrientes pode ser potencialmente inibida em dietas vegetarianas pela presença de dois antinutrientes: fitato (grãos), tanino (chás) e fibra alimentar (principalmente as insolúveis). Mas os alimentos vegetais também contêm substâncias que aumentam a absorção dietética do ferro, como a vitamina C e o ácido cítrico que são encontrados em frutas e vegetais (CRAIG, 1994; AMERICAN DIETETIC ASSOCIATION, 1997).
Atletas vegetarianos podem desenvolver deficiências pela baixa ingestão de vitaminas B12 e D, riboflavina, ferro, cálcio e zinco, já que boas fontes destes nutrientes são encontrados em alimentos de origem animal (AMERICAN DIETETIC ASSOCIATION, 1997). A deficiência da vitamina B12 nos vegetarianos foi acompanhado pelo aumento da suscetibilidade de algumas infecções (TAMURA et al., 1999).
Como a necessidade de vitamina B12 é pequena e ela é tanto armazenada quanto reciclada no corpo, os sintomas da deficiência podem demorar anos para aparecer. A absorção de vitamina B12 torna-se menos eficiente conforme o corpo envelhece, e assim, os suplementos podem ser aconselhados para todos os vegetarianos mais velhos (AMERICAN DIETETIC ASSOCIATION, 1997).
O ferro, em particular, é um nutriente preocupante, já que em dietas vegetarianas a sua biodisponibilidade é baixa (AMERICAN DIETETIC ASSOCIATION, 1997). Entretanto, um estudo realizado com mulheres australianas, mostrou que não houve diferença significativa na ingestão de ferro total e que a concentração sérica de ferritina menor que 12_g/L (indicadora de baixa reserva de ferro) foi encontrada similarmente entre os dois grupos. A concentração de hemoglobina não foi significantemente diferente (BALL & BARTLETT, 1999). A presença da anemia em vegetarianos é rara (NIEMAN et al., 1989).
Considerações Finais
A posição da American Dietetic Association (ADA) é que as dietas vegetarianas apropriadamente planejadas são saudáveis, adequadas em termos nutricionais e apresentam benefícios para a saúde na prevenção e no tratamento de determinadas doenças.
Dietas vegetarianas também podem atender à necessidade de atletas competitivos. As dietas vegetarianas que atendem às necessidades energéticas e incluem boas fontes protéicas (por exemplo, alimentos á base de soja, feijões) podem fornecer quantidade adequada de proteína sem o uso de suplementos especiais ou suplementos.
Aconselha-se que os profissionais de saúde estejam sempre atualizados para fornecer orientações aos vegetarianos de modo a maximizar os benefícios e minimizar os problemas nutricionais que as dietas vegetarianas possam trazer.
Referências Bibliográficas
1. POSITION OF THE AMERICAN DIETETIC ASSOCIATION: VEGETARIAN DIETS. J Am Diet Assoc,. 97:1317-1321, 1997.
2. APPLEBY, PN et al. Journal of Human Nutrition diet, 8:305-314, 1995.
3. BALL, MJ & BARTLETT, MA. American Journal Clinical Nutrition, 70:353-8, 1999.
4. CRAIG, WJ. American Journal Clinical Nutrition, 59(suppl):1233S-7S, 1994.
5. FRASER, GE et. al. American Journal of Epidemiology, 142:746-758, 1995.
6. GIOVANNUCCI, E. et al. Cancer Research, 54:2390-2397, 1994.
7. HANNE, N et al. Journal of Sports Medicine and Physical Fitness, 26:180-185, 1986.
8. RABEN, A. et al. Medicine Science Sports Exercise, 24:1290-1297, 1992.
9. RICHTER, EA et al. Medicine Science Sports Exercise, 23:517- 521,1991.
10. ROSE, DP et al. American Journal of Clinical Nutrition, 54:520-525, 1991.
11. NIEMAN, DC et al. International Journal of Sports Medicine, 10:243-250, 1989.
12. PEDERSEN, AB et al. American Journal of Clinical Nutrition. 53:879-885, 1991.
13. TAMURA, J et al. Clin Exp Immunol, 116:28-32, 1999.
14. THOROGOOD, M et al. British Medical Journal, 308:1667-1670, 1994.
via Vista-se
“Eu acabei de chegar de uma corrida de canoa de 70 milhas que durou um dia,” disse Fremont uma hora depois de ter terminado a maratona de Porcos Voadores de Cincinnati em 5 horas, 59 minutos, 46 segundos.
De acordo com a USA Track & Field, ele bateu o recorde anterior para homens com 87 anos que era de 6:48:44.
Porque ele é capaz de estar tão ativo aos 87 anos?
Ele diz que a resposta está no seu prato.
“Eu não consumo nenhum queijo, carne ou ovos faz 18 anos”
Fremont expoe as virtudes da dieta vegana com a mesma paixão e determinação que corre as maratonas, particpa das corridas de longa distância de canoas e como fundador da Rivers Unlimited em 1972, trabalha para limpar os rios de Ohio.
Fremont mudou para uma dieta vegana em 1991, quando foi diagnosticado com uma cancer de colon-retal.
“Eu nunca mais comi como antes desde de o dia do diagnostico”, ele diz. “Eu fiz minhas 3 amigas limparem todas as porcarias que haviam na minha geladeira. Esta dieta, diz Fremont, é o que da a ele sua vantagem. Mas ele reconhece que esta mudança é dificil para a maior parte das pessoas.
“Comer é uma questão de qualidade de vida,” diz Fremont. “A maioria das pessoas não consegue se imaginar abrindo mão de ovos, bacon, bife grelhado, leite e sorvete. Eu perdi um amigo – professor em UC. Ele me disse, “Eu tenho cancer de prostata”. Eu disse a ele, “Você precisa abrir mão do queijo.”
Mas o amigo dele disse que a qualidade de vida dele fazia as consequencias da sua dieta, valerem a pena. “Eu não entendi aquilo,” Disse Fremont. “é uma falta de imaginação. Imagine que você pode viver.” Fremont, é claro, não apenas sobreviveu – ele ganhou saúde. Seus records em maratonas são a prova disto.
Para Fremont, tudo veio por causa da dieta vegana: “Se uma pessoa te contasse que se você se tornasse vegano, você poderia quebrar records em maratonas, você se tornaria?” ele diz. “Esta é a minha história.”
No proximo ano eu terei 88 anos, comenta. “Eles não tem record para atlétas de 88 anos”
Eu era um cara que não aguentava ver um animal sofrendo nas ruas e não ajudar. Cheguei à ter 30 cães resgatados só no quintal da minha casa. Mas ao mesmo tempo eu era o melhor cliente de uma churrascaria perto de onde eu morava. O gerente abriu até conta pra mim de tanto que eu frequentava. Acostumado à comer animais desde pequeno e sem nunca ter me interessado em ter um computador, eu nunca entrava na internet, onde poderia me conscientizar sobre a causa, o que iria acontecer mais tarde. Eu achava que era um defensor dos animais. Mas na verdade eu era apenas um defensor de cães e gatos. Até que um dia eu comprei um lap top, comecei à entrar toda hora no orkut e ver muitas vegetarianas nas comunidades de defesa dos animais. Os orkuts das vegetarianas foram me conscientizando, e, cerca de um mês depois eu resolví virar vegetariano. Fiquei só 5 dias vegetariano e decidí ser vegan enquanto assistía, totalmente revoltado e indignado, ao filme “terráqueos”.
Não só virei vegan como também saí pesquisando e estudando à fundo tudo sobre o veganismo e a causa animal e me tornei um ativista da causa. Sou lutador e professor de jiu jitsu e tenho também usado meu desempenho nos campeonatos para ajudar à derrubar o mito de que o vegetarianismo deixa as pessoas fracas e inaptas para praticarem esportes. Na verdade, é exatamente o contrário. Se você pesquisa o assunto, vê que o ser humano é de natureza vegetariana e é essa a sua alimentação original.
Depois que eu mudei minha alimentação eu perdí um peso de gordura, que antes, por mais que eu treinasse e fizesse dietas, não conseguia perder. Não perdí nada de músculo e a minha força até aumentou. Eu levantava 100 kg de supino e em pouco tempo estava levantando 110 kg. Fiquei mais rápido e meu condicionamento melhorou sem que eu fizesse nenhum trabalho específico pra isso. E a comprovação disso foi que eu ganhei em outubro do ano passado, a medalha de bronze no pan americano entre 16 lutadores, na categoria máxima, de faixa preta. Colocação esta que me deu a classificação para o mundal deste ano, no qual fiquei com a quarta colocação entre 14 atlétas.
A competição é eliminatória (perdeu sai), e eu perdí apenas para o atleta que veio a ser o campeão mundial. Fui o único lutador que perdeu para o campeão apenas por pontos. Nada mal para um “desnutrido” e “totalmente desprovido de proteínas essenciais”, segundo muitos onívoros.
Estou treinando muito e espero ano que vem vencer o mundial e abrir o kimono para mostrar ao público a tatuagem vegana que eu vou fazer. Nada melhor do que derrubar os mitos na prática!
Minha alimentação básica diária e em véspera de competições: Almoço e jantar: Carne de soja, macarrão de sêmola de trigo (sem ovos na composição) ou arroz, batata e cenoura. Às vezes feijão também.
Outras refeições pela manhã e à tarde: Leite de soja batido com banana, quinua orgânica em pó e açúcar orgânico. Pão integral e biscoitos integrais sem componentes de origem animal.
Fonte: Vista-se