Ética é o conjunto de valores, ou padrões, a partir dos quais uma pessoa entende o que seja certo ou errado e toma decisões.
A ética é importante por que respeita os outros e a dignidade humana.
Quinta-feira, 27 de Setembro de 2012
Humanos... quase
Quarta-feira, 26 de Setembro de 2012
Algarve pela Abolição da Tauromaquia: Garraiada da polémica
Temos a nossa primeira vitória!O Sr. Presidente da Câmara Municipal de Faro, Engenheiro Macário Correia garantiu ao AAT hoje, dia 24 de Setembro de 2012, NÃO AUTORIZAR a Garraiada da Semana da Recepção ao Caloiro em Faro. O AAT, em nome do movimento de cidadania dos abolocionistas da tauromaquia, louva a coragem política deste autarca, elevando a história da cidade de Faro a uma cidade LIMPA DE TAUROMAQUIA!!!!!!!!!
Em nome do CAPT, queremos congratular o AAT pelo seu empenho e dedicação na erradicação da tauromaquia no Algarve, Faro e em Portugal! Muitos parabéns. Pequenos passos levam-nos a grandes vitórias! Deixamos aqui também um agradecimento especial ao Sr. Presidente da Câmara Municipal de Faro, Engenheiro Macário Correia pela audácia e apoio nesta luta tão importante para Portugal e para a evolução deste país. Bem hajam!
CAPT - Campanha Abolicionista da Tauromaquia em Portugal
Movimento Português pela ABOLIÇÃO da tauromaquia em Portugal e no Mundo!
Macário Correia cancela garraiada e declara que touradas não são bem-vindas no concelho
Macário diz que touradas não são bem vindas a Faro
Macário Correia cancela garraiada e declara que touradas não são bem-vindas em Faro Macário Correia cancela garraiada e declara que touradas não são bem-vindas no concelho de FaroFaro: Presidente Macário Correia não autoriza "Garraiada" da semana recepção ao caloiro25-09-12
“ O Algarve pela Abolição da Tauromaquia” (AAT), é um grupo de cidadãos cuja missão é a luta pela abolição das “corridas de touros”, touradas, vacadas, largadas, rodeos e afins ou de qualquer outro tipo de manifestação da chamada “tradição tauromáquica” no Algarve. O AAT diz num comunicado que teve conhecimento de que estava agendada uma “garraiada” na semana de recepção ao caloiro para esta quarta-feira dia 26 de Setembro, actividade da Associação Académica de Estudantes da Universidade do Algarve.
Posto isto, e no seguimento do trabalho do AAT desde 2011, foi feito um pedido ao autarca farense Macário Correia para a não autorização da mesma.
Hoje foi confirmado ao AAT que Macário Correia não deu autorização para esta prática.
Além disso o AAT confirma no mesmo comunicado que as licenças necessárias à garraiada não foram pedidas, sublinhando, assim, a ignorância dos grupos académicos, que mais deveriam ser de formação superior: “graças a ela uma vaca bebé não vai ser “garraiada” ao belo prazer de um grupo de pessoas que de “formação superior” deixam tudo a desejar”.
O AAT propõe ainda à Associação Académica da Ualg “dignar-se” a fazer uma actividade de angariação de fundos a reverter às organizações que em Faro tanto fazem para a manutenção do bem estar de inúmeros animais.
«Garraiada» que já não ia decorrer causa grande polémica em FaroA «Garraiada» da Receção ao Caloiro da Associação Académica da Universidade do Algarve, que se devia realizar esta quarta-feira, esteve envolta em polémica, mas nunca chegou sequer ao pedido de licenciamento.
Tanto a AAUAlg, como o presidente da autarquia, confirmam que tudo não passou de uma intenção, nunca formalizada, apesar de constar do programa do evento. Os estudantes também frisaram que a iniciativa nada tinha que ver com uma tourada, não envolvendo derramamento de sangue.
Segundo a Associação Académica, «foram iniciadas as diligências necessárias para criar condições legais para o referido evento, tendo em especial atenção o cuidado pela seleção da empresa que iria transportar as vacas e com as questões do respetivo licenciamento».
«Contudo, não estando todas as condições reunidas, a AAUALG não entrou sequer com qualquer pedido formal junto da Autarquia para o licenciamento do evento», acrescentou.
O presidente da Câmara de Faro Macário Correia confirmou ao Sul Informação que nunca houve pedido de licenciamento. «Quando me apercebi que isso estava agendado, falei com eles [dirigentes da AAUAlg], que acharam por bem não avançar, dada a polémica que envolve o tema», referiu.
Elogiando a postura do presidente da AAUAlg Pedro Barros, que considerou ser «uma pessoa muito aberta e interessada em fazer a aproximação dos estudantes à cidade», Macário Correia adiantou, ainda assim, que «se tivesse sido feito o pedido, não o autorizava, por ser um assunto controverso».
Quanto ao facto de ter autorizado espetáculos tauromáquicos enquanto presidente da Câmara de Tavira, Macário Correia assegurou que foram «mínimos». «Houve muitos que desaconselhei a fazer. Aprovei alguns de caráter lúdico, mas de sangue muito poucos», referiu. «Tinha, de resto, um acordo com a associação para a diminuição dos mesmos», revelou.
A AAUAlg, por seu lado, frisou que este é um espetáculo de características lúdicas, «que promove o espírito de união e entreajuda entre os caloiros e os seus académicos, não contendo qualquer “crime” de sangue para com os animais eventualmente utilizados, pois a “Garraiada” não é uma Tourada».
«Assim, a AAUALG repudia as declarações das associações de Defesa do Animais, em virtude de nunca antes terem tido a coragem de contactar diretamente a Associação Académica ou os seus dirigentes, realizando juízos de valor sobre pessoas e instituições sem qualquer tipo de fundamento», rematou.
Defensores e detratores das touradas também já se pronunciaramAs notícias que vieram ontem a lume sobre uma decisão do presidente da Câmara de Faro de proibir a realização de uma Garraiada no concelho foram bem recebidas pelas associações anti-tourada. Mas a reação dos que apoiam esta tradição não se fez esperar, com a associação Prótoiro a acusar o autarca de procurar protagonismo, numa altura em que se arrisca a perder o mandato.
Segundo o jornal “i”, que cita um comunicado que lhe foi enviado pela associação pró-tourada, esta acusa Macário Correia de «sobrepor-se à liberdade» dos munícipes, que «deixará de representar». «A Prótoiro repudia veementemente este ataque à liberdade dos cidadãos, neste caso estudantes, de poderem usufruir de uma manifestação cultural tauromáquica de caráter popular, tão enraizada nas nossas comunidades estudantis», disse ainda a associação.
Agradecimento ao Senhor Presidente da Câmara Municipal de Faro
Exmo. Senhor Engenheiro Macário Correia, Dgmo. Presidente da Câmara Municipal de Faro,
Preocupa-nos profundamente a tauromaquia com o seu cortejo de crueldade exercida sobre animais (touros e cavalos) e os seus impactos sociais e sobre a reputação internacional do nosso país.Preocupa-nos a intenção de ser organizada uma garraiada pela Associação Académica da Universidade do Algarve.Foi por isso, que tivemos conhecimento da tomada de posição de V. Exa. com enorme satisfação e alívio.Muito obrigado pela sua acção, que vai poupar grande sofrimento emocional e físico a um animal inocente jovem e vai servir de reflexão e lição de consciencialização sobre respeito por animais (que não são objectos para serem explorados e torturados para gáudio) de um grupo de jovens ou distraídos ou inconscientes ou exibicionistas ou sádicos.Afirmo da minha parte e dos meus contactos, todo o respeito e solidariedade por V. Exa.Junto um texto meu a propósito de vacadas, garraiadas e tauromaquia. Com os melhores cumprimentos e toda a minha consideração e amizade.
Vasco Reis, médico veterinário, Aljezur
Carta aberta: Apelo ao Professor Amílcar, digno docente da Universidade do Algarve, por Vasco Reis
Caro Professor,
Preocupa-nos profundamente a tauromaquia com o seu cortejo de crueldade exercida sobre animais (touros e cavalos) e os seus impactos sociais e sobre a reputação internacional do nosso país. Preocupa-nos a intenção de ser organizada uma garraiada pela Associação Académica da Universidade do Algarve.
Apelo ao Professor Amílcar, digno docente da Universidade do Algarve, para ser solidário na luta contra este flagelo nacional e, dentro do possível, exercer a sua influência sobre as consciências, nomeadamente no seio desta Universidade.
Junto um texto meu a propósito de vacadas, garraiadas e tauromaquia.
Com os melhores cumprimentos e toda a minha consideração e amizade.
Vasco Reis, Aljezur Vacadas e Garraiadas
Segunda-feira, 24 de Setembro de 2012
Resposta do CAPT à declaração "Em defesa dos toiros" dos vereadores do PSD
Os vereadores eleitos pelo PSD em Abrantes demonstram, numa declaração conjunta, não estarem à altura do cargo que ocupam. Ao ler esta inacreditável declaração, ficamos a saber da falta de raciocínio lógico, da má fé, do déficit democrático de que padecem e, consequentemente, da sua inaptidão para o cargo.
1. "O direito à perpetuação da espécie é o direito mais elementar de qualquer ser vivo." Os direitos mais elementares de quaisquer seres vivos são o da vida, o da integridade física e o da autonomia - qualquer deles negados pela atividade tauromáquica.
2. "Como todos sabemos, a Tauromaquia é o único garante da perpetuação da raça dos toiros e da sua qualidade de vida pelo que cabe aos verdadeiros defensores dos direitos dos animais defendê-la contra os grupos fundamentalistas que, disfarçados de defensores dos direitos dos animais, pretendem, apenas, acabar com os toiros e com a sua qualidade de vida." Não nos parece admissível que em democracia os detentores de cargos públicos optem por insultar os que pensam de forma diferente, nem que tentem generalizar a aceitação dos seus dislates. Afirmar que massacrar animais em praça pública é a única forma de preservar qualquer espécie é um atentado à nossa inteligência e bom senso. Até porque poderíamos lançar-lhes o repto de proporem essa modalidade a organismos internacionais empenhados na preservação de espécies como a do rinoceronte, elefante, zebra, tigre, etc. Se acreditassem mesmo no que estão a dizer, não hesitariam em fazê-lo, arriscando o descrédito e o vexame a toda uma classe política.
3. "Nós até podemos compreender que, num país de gente domesticada, castrada e habituada a viver amarrada à manjedoura do Orçamento de Estado, a vida do toiro, livre, selvagem, inteiro, ofenda a sua sensibilidade e a sua vocação." Um comentário que parece feito à medida dos militantes partidários deste país, que fazem carreira à custa do seguidismo às diretrizes oriundas das cúpulas, saltitando entre a Assembleia da República, a vereação autárquica e os empregos em empresas públicas. Muito pouco aplicável a quem dedica o seu tempo livre e o seu dinheiro a fazer algo pelos que precisam.
4. "É óbvio que a vida curta e triste do boi se identifica muito mais com o modelo de vida desta gente." Mais uma vez a sua incapacidade de compreensão do que é um regime democrático ressalta, ao criarem um estereótipo para mais facilmente ofenderem os seus opositores.
5. Nos dois últimos parágrafos o que dizem basicamente é que só os portugueses que se batem por manter viva a indústria tauromáquica, canalizando recursos públicos para a mesma, é que não são bois tristes.
Triste é sustentarmos este tipo de funcionários que confunde interesse público com interesse pessoal; que durante o horário laboral produz documentos vazios de ideias mas plenos de agressividade como é característica, aliás, da cultura tauromáquica.
CAPT - Campanha Abolicionista da Tauromaquia em PortugalMovimento Português pela ABOLIÇÃO da tauromaquia em Portugal e no Mundo! EM DEFESA DOS TOIROSDeclaração dos vereadores eleitos pelo PSDOs vereadores eleitos pelo PSD querem deixar claro que a sua proposta para que a câmara declare a Tauromaquia como Património Cultural e Imaterial de Abrantes não é apresentada do ponto de vista do aficionado mas do ponto de vista da defesa dos direitos dos animais..O direito à perpetuação da espécie é o direito mais elementar de qualquer ser vivo..Além disso, não aceitamos que a qualidade de vida do toiro seja sacrificada para satisfazer a sensibilidade hipócrita e os caprichos puritanos e pseudo-moralistas dos fundamentalistas pós-modernos..Como todos sabemos, a Tauromaquia é o único garante da perpetuação da raça dos toiros e da sua qualidade de vida pelo que cabe aos verdadeiros defensores dos direitos dos animais defendê-la contra os grupos fundamentalistas que, disfarçados de defensores dos direitos dos animais, pretendem, apenas, acabar com os toiros e com a sua qualidade de vida..Nós até podemos compreender que, num país de gente domesticada, castrada e habituada a viver amarrada à manjedoura do Orçamento de Estado, a vida do toiro, livre, selvagem, inteiro, ofenda a sua sensibilidade e a sua vocação..É óbvio que a vida curta e triste do boi se identifica muito mais com o modelo de vida desta gente..Mas os alentejanos e ribatejanos nunca se identificaram com este tipo de gente pelo que têm a obrigação moral de defender intransigentemente aquilo que garante a perpetuação da raça dos toiros e da sua qualidade de vida, independentemente de gostarem ou não de touradas..Por esta razão, muitas câmaras do Alentejo e do Ribatejo já deliberaram reconhecer a tauromaquia como património cultural imaterial dos seus municípios e as câmaras do Alto Alentejo já deliberaram, por unanimidade, reconhecer a tauromaquia como património cultural imaterial do Alto Alentejo, independentemente de terem ou não praça de touros e tradição tauromáquica.
REUNIÃO DA CÂMARA DE 10/9/12http://amar-abrantes.blogs.sapo.pt/524153.html
Domingo, 23 de Setembro de 2012
A Pega
- Momentos pré-pega para os bovinos -
•
Transporte ganadaria-praça, que lhes causa muito stress e os faz perder muito peso;
•
Embolação, que inclui o
corte e limagem dos cornos(ver vóídeo em baixo) sem anestesia, e os deixa ainda mais stressados e debilitados;
•
Lide por cavaleiro tauromáquico - que dura cerca de 10 minutos e inclui o cravar de arpões de 6 a 8 ferros/bandarilhas -, que os deixa exaustos, devido à sua fraca resistência física e às fortes hemorragias que os ferimentos provocam.
- Estado dos bovinos no momento imediatamente antes da pega -
•
Assustados, feridos, febris, com dificuldades respiratórias, esgotados e à beira de um colapso.
- PEGA DE CARAS -Os peões de brega – aqueles indivíduos que ao longo da lide vão saltando para a arena com uns panos cor-de-rosa e que cansam ainda mais os touros - preparam o bovino para a pega, colocando-o no sítio em que o cabo (chefe) dos forcados manda, para então se dar início ao cobarde ato, no qual os intervenientes são oito homens, ou oito mulheres, que desconhecem o significado da palavra compaixão.
Um desses oito forcados provoca o touro, vociferando e batendo palmas. Os restantes, estão colocados em fila indiana, escondidos atrás daquele, para que o touro não os veja.
Enquanto o touro é instigado a investir, evidencia sinais de exaustão, medo e tristeza, como sejam: língua caída, respiração ofegante, emissão de berros, e, muitas vezes, choro. Nas touradas televisionadas, os berros são propositadamente abafados por palavras proferidas pelos comentadores de serviço, e as lágrimas não são mostradas, optando-se nesses momentos pela transmissão de imagens de sorrisos de crianças inocentes ou de poses de figuras públicas que se encontram nas bancadas.
Muitos dos bovinos demonstram uma grande falta de vontade de investir. Alguns chegam a escavar a terra com uma das patas dianteiras, olhando na direção do forcado que os provoca, talvez na esperança de que isso funcione como um aviso de investida que faça, por si só, o homem-ameaça ir-se embora dali.
Quando, finalmente, o animal corre em direção ao homem-ameaça, este salta-lhe para a cara, conseguindo, muitas das vezes, agarrar-se ao seu pescoço ou aos seus cornos. O bovino sacode a cabeça na esperança de se ver livre daquilo, mas aparecem, de imediato, mais 7 indivíduos para o imobilizar. São os chamados “ajudas”, um dos quais é “rabejador”. Este último, começa por dar vários puxões fortes ao rabo da vítima, para a destabilizar e travar, e após a imobilização, quando já não está nenhum dos seus colegas em cima dela, remata esta cena triste fazendo com que o touro se mova em círculos, para que os colegas possam abandonar o local sem correr qualquer risco de investida.
- Uma das variantes da pega de caras – “AGARRAR” -Por diversos motivos, como o touro ser mais manso do que o desejável, ou a falta de habilidade dos forcados, quando se está a tornar difícil concretizar a pega, uma das opções de recurso, algumas vezes tomada, é o grupo, todo em “molho”, atirar-se para cima do animal. Em linguagem tauromáquica, chama-se a esta cruel variante: “agarrar”. Imagine-se o estado em que o bovino fica, com vários homens a caírem sobre os ferros terminados em arpões que tem cravados no corpo! Veja-se esta foto:
- Vivo para os currais -Existem outras variantes da pega de caras e outros tipos de pegas, como a de cernelha, mas, por vezes, após várias tentativas falhadas, nenhuma chega a ser consumada. Quando assim é, diz-se que o touro “volta vivo aos currais”. Esta expressão diz tudo!
- Efeitos dos puxões nos rabos dos bovinos -
Conforme referido no ponto “Pega de Caras”, o rabejador dá vários puxões ao rabo da vítima: para a destabilizar e travar, numa primeira fase, e para a obrigar a mover-se em círculos, numa segunda.
A cauda dos bovinos é um prolongamento da sua coluna vertebral. É composta, na sua estrutura óssea, por uma sequência de vértebras, chamadas coccígeas ou caudais, que se articulam umas com as outras. Ora, ao ser puxada, isso provoca, muitas das vezes, luxação das vértebras, ou seja, perda da condição anatômica de contato entre elas, e ruptura de ligamentos e de vasos sanguíneos. Chega a ocorrer desinserção da cauda da sua conexão com o tronco. Como a porção caudal da coluna vertebral está na continuação dos outros segmentos da coluna vertebral e diretamente ligada à região sacral, afecções que ocorrem primeiramente nas vértebras caudais podem repercutir-se mais para frente, comprometendo inclusive a medula espinhal que está contida dentro do canal vertebral. Estes processos patológicos são extremamente dolorosos.
Um dos sinais, muitas vezes presente, de que ocorreram lesões na coluna vertebral dos bovinos durante a pega, é a notória falta de estabilidade e força nas patas traseiras, enquanto o seu rabo está a ser puxado e logo após esse triste momento.
Fonte:
Marinhenses Anti-touradas= A PEGA – Parte I = = A PEGA – Parte II =
Sábado, 22 de Setembro de 2012
...
Venho da vigília em frente ao Palácio de Belém, onde um presidente eleito com 1/4 dos votos possíveis consulta um Conselho de Estado que ninguém escolheu sobre a situação de um Governo eleito por uma mesma minoria, confrontado com o fracasso da sua política e com o geral repúdio da população. Gosto desta sensação de um país a despertar, mas incomodam-me algumas questões: quantas pessoas estariam na rua se não houvessem mexido nos seus subsídios e pensões de reforma, quantos de nós continuaríamos a manifestar-nos se nos devolvessem metade do que nos roubaram, quantos nesta multidão querem realmente mudar a sua vida e o mundo? E quantos estão conscientes da verdadeira dimensão da crise, cuja ponta do iceberg é a Troika, o capitalismo selvagem e os governos-marionetas dos partidos do arco do poder (e uma oposição estéril), mas cujo fundo é o colapso da ignorância e da avidez de uma humanidade que se converteu na maior predadora do mundo, da natureza e da vida, devastando os recursos naturais e as espécies animais e vegetais ao ritmo alucinante de mais de 300 por dia? Quem é que lê os relatórios científicos da ONU sobre a insustentabilidade do consumo de carne e lacticínios? Quem é que está preocupado com o futuro dos seus filhos e netos num planeta que dentro de 20 anos conhecerá guerras pela água por causa das nossas opções alimentares de hoje? Quem é que vê e pensa a política para além do imediato? Quem é que pode ser um líder para uma nova civilização? Pensemos nisto e sejamos a resposta. Então terá sentido virmos para as ruas.
Sexta-feira, 21 de Setembro de 2012
Depoimentos...
Estão sempre a dizer para nos calarmos, argumentando que a porcaria em que participam directa ou indirectamente está salvaguardada pela lei e por uma qualquer distorcida "lei dos gostos e das opiniões" e tentando também dissuadir-nos na luta dizendo que só estamos a ajudar à porcaria da festa. Não, vamos deixar que as pessoas sejam expostas passiva e acriticamente, ainda por cima em ambiente festivo de tortura, que propicia e bem ao desenvolvimento de distúrbios psicológicos, sem as expor a uma visão oposta. Claro, e depois sempre com as lamúrias de que não querem que isto seja uma ditadura. Que isto seja uma ditadura querem os senhores, que mais não queriam que tudo encarneiradinho a participar na porcaria das vossas festas sanguinárias, a fazer fila para comprar os vossos bilhetes sujos! E depois dizem para irmos viver para o Peru e ainda aproveitam as condições desfavoráveis do país noutros aspectos sócio-económicos, ainda que seja claramente muito melhor viver pobre e sem compactuar culturalmente na tortura de animais do que ser pobre e, além disso, fazê-lo. Que ridicularidade! Mas dizem para irmos para um país livre de touradas e não vermos simplesmente, como se a nossa consciência deprimisse sem o estímulo visual, como as suas mentes condicionadas deprimem a transmissão do impulso nervoso pelo nervo óptico, para não conseguirem enxergar a valente merda que fazem quando participam num espectáculo bárbaro! Até podiam pegar na gente aficcionada toda e formar uma nação isolada e dizer que não tínhamos nada que ver com as suas tradições culturais, que não tínhamos nada que interferir nas suas expressões culturais! Pois, só que os animais, infelizmente para suas insolências, não existem para servir sob um país ou os interesses humanos. Isso é coisa do passado. Hoje em dia, com o desenvolvimento tecnológico, não é justificável que os animais continuem a servir o homem, ou a prestar juramento a uma bandeira ou ao cifrão, quase como regime militar obrigatório. É ridículo e é arcaico. Estão também sempre com a história de que quem é contra é porque não conhece as touradas e arroga conhecimento. Eu não preciso de saber que gás usavam no extermínio de judeus ou que pão lhes davam de comer nos campos de concentração ou que armamento os obrigavam a produzir para o exército alemão para saber que foi uma calamidade que teve que ser terminada, ainda que pela força. A única coisa que eu prefiro de saber é que é um espectáculo que promove maus tratos a animais, humilhação, agonia, desespero, obrigando-os a participar neste delírio psicopata! Não preciso de saber mais nada. Tradição, história? A evolução suplanta tudo isso! A história da humanidade é como a história de qualquer pessoa individual, serve para aprender com os erros do passado e alterar a conduta para algo que promova a coerência e a integridade! Já Leonardo Da Vinci, no século XV, defendia os animais. Mas tal como na sua época, as suas invenções e visão do mundo no geral eram demasiado avançadas para a mentalidade rústica que imperava, talvez quase 6 séculos depois! algumas das suas ideias sejam grandes demais para caber na cabeça de muita gente, infelizmente. Mas não se preocupem, que este espectáculo decadente há-de acabar, quando se educarem as crianças para o respeito absoluto da vida alheia, sem descriminação de espécie, e não se permitir que elas sejam mais expostas a violência contra animais em ambiente depressor da sensibilidade! As touradas, como outras actividades que constituem verdadeiros atentados à dignidade da vida animal e à sua plena expressão em ambiente natural, e uma afronta tão ignominiosa que faz nutir asco à inteligência e à integridade do homem moderno! Eu até acho ridículo que em tantos sítios se pondere sequer resolver isto por meio de referendos. Também foi preciso fazer um referendo para consagrar na lei a proibição de matar, maltratar ou torturar um ser humano? Ou somos suficientemente atrasadinhos para isso? Então, porque raio é preciso atender a lobbies para decidir isso? Decidir democraticamente vidas, não é democracia alguma. A vida tem um valor intrínseco infinitamente superior a qualquer sistema político ou social! Deixemos de ser ridículos. Postos de trabalho? Mas agora vamos justificar imoralidades com base em questões económicas? É o dinheiro que dita o valor ou a extensão de uma vida? Até dá vómitos pensar isso! Se a Igreja de um dia para o outros começasse a ter problemas financeiros e descobrisse que se restaurasse os autos-de-fé até teria suficiente assistência para reequilibrar as suas finanças seria legítimo fazê-lo?! Quanto parvoíce vai para aqui... E sim, é mais do que óbvio que os espectáculos estão a decair em assistência. Até porque, sabem que mais, prefiro gastar 6 € ou 8 € até que sejam a ver um bom filme durante 2 horas do que a gastar um balúrdio descomunal para compactuar nos maus tratos a seres sencientes! Mas onde é que está a dúvida? O que raio é que as torturas ensinam? A ser-se cobarde? A ser-se exibicionista? A fazer depender a sua felicidade de reputação da violência contra seres que não se podem defender? Também se sentem bem a bater em mulheres e crianças, se tiverem uma plateia a aplaudir-vos? Enfim, enfim...
Eu compreendo perfeitamente que uma má formação pessoal e influências culturais negativas e persistentes possam inculcar uma visão dos animais como meras coisas, utensílios do ser humano, utensílios de caça, de divertimento, de palhaçada, de testes ridículos. Apenas peço que uma vez na vida parem para pensar que se calhar o mundinho iludido em que vivem de superioridade incontestável da vida humana sobre a animal, não passa disso mesmo, de uma ilusão inculcada culturalmente.
por Ricardo Lopes
Quinta-feira, 20 de Setembro de 2012
Intelectuais contra as touradas
(...) um cartaz sem data, mas provavelmente de meados do século passado (foi visado pela Comissão de Censura), no qual várias personalidades portuguesas se pronunciavam sobre touradas, a convite da
Sociedade Protectora dos Animais.
(..) esse cartaz (..) transcrevia posições antigas contra as touradas que se tornaram actuais (...) transcrevo alguns dos depoimentos de intelectuais portugueses da época que nele constam:
"Os espectáculos bárbaros e cruéis, em que o prazer dos espectadores está precisamente na contemplação do martírio e, porventura, na agonia dos animais sacrificados, em que se integram as corridas de touros, o tiro aos pombos e os combates de animais uns contra os outros, devem ser banidos de todas as sociedades com pretensão a civilizadas".
Pedro José da Cunha, Professor e
Antigo Reitor da Universidade de Lisboa
"Sou contra os 'touros de morte' como teria sido contra os bárbaros combates dos circos romanos, em que os homens eram atirados às feras. Não posso concordar, portanto, com que se atirem, nos nossos circos, as pobres feras aos homens!"
Leal da Câmara, Professor e Pintor de Arte
"Como homem e como professor não posso deixar de lhes enviar a minha mais completa e entusiástica adesão ao protesto levantada pela Sociedade Protectora dos Animais contra um espectáculo indigno do nosso tempo, da nossa mentalidade, da nossa civilização".
Aurélio Quintanilha, Professor da Universidade de Coimbra
"A multidão desvairada das praças de touros é a mesma multidão odiosa das arenas de Roma, é a mesma multidão que nas madrugadas das execuções se proscreve dos leitos para ir contemplar, numa bestialidade repugnante, o dos condenados à morte a contorcer-se no garrote ou na forca, a cabeça dos decapitados dependurando-se sangrenta, clamando vingança, não das mãos delicadas, da filha de Herodíades, mas sim das mãos imundas, indignas do carrasco."
Ferreira de Castro, Escritor
(...)
Seria hoje possível encher um cartaz com depoimentos semelhantes de intelectuais portugueses?
Fonte:
De Rerum Natura
"A última corrida de touros em Arronches"
A infausta morte, ocorrida a 16 de Março, de Francisco Matias, membro do grupo de Forcados Amadores de Portalegre, quando treinava a chamada “sorte da gaiola” numa tenta em Esperança, Arronches, trouxe-me à memória o conto de Luís Rebelo da Silva (1822-1871) que li no meu terceiro ano do liceu, por constar de uma selecta de língua portuguesa.
Muita gente se lembra desse conto, “Última corrida de touros em Salvaterra”, que até já deu a letra de um fado. Mas, para quem nunca o leu, acrescento que também aí há uma morte na arena, embora de um cavaleiro, o Conde dos Arcos. O velho pai, o Marquês de Marialva, que assistia à lide, desceu da bancada para enfrentar o touro, conseguindo ao matá-lo vingar a morte do filho. A corrida era real pois D. José estava a assistir, acompanhado pelo Marquês de Pombal. Nesta altura, o melhor é dar a palavra ao escritor, que narra assim o diálogo entre o rei e o primeiro-ministro:
“Sebastião José de Carvalho voltava de propósito as costas à praça, falando com o monarca. Punia assim a barbaridade do circo. — Temos guerra com a Espanha, Senhor. É inevitável. Vossa Majestade não pode consentir que os touros lhe matem o tempo e os vassalos! Se continuássemos neste caminho... cedo iria Portugal à vela. — Foi a última corrida, marquês. A morte do conde dos Arcos acabou com os touros reais, enquanto eu reinar.”
Fui agora averiguar a veracidade desta história. A morte do Conde dos Arcos foi, de facto, autêntica, embora não tenha ocorrido na praça de Salvaterra, sob o olhar do rei e da sua corte (D. José já tinha falecido), mas sim num “brinco”, à vara larga, num sítio da lezíria perto de Salvaterra. O escritor romanceou bastante o episódio de modo que este melhor entrasse na literatura... Se eu, em jovem, julguei verídica a conclusão, agora limito-me a desejar que o tivesse sido: o fim das corridas de touros em Salvaterra. Impressionado com as circunstâncias da morte do jovem portalegrense, ao mesmo tempo que apresento os pêsames à sua família e amigos, não posso deixar de pensar que uma boa forma de manter viva a memória do jovem – o sexto forcado a morrer em lides taurinas nos últimos vinte anos! - seria determinar que a última corrida em Arronches, tal como a de Salvaterra no conto, tivesse mesmo sido a última.
D. José pode não ter proibido as corridas de touros, mas D. Maria II fê-lo em todo o território nacional. Em 1836, doze anos antes de Rebelo da Silva publicar o seu conto, o ministro do Reino Passos Manuel promulgou um decreto proibindo as touradas:
“Considerando que as corridas de touros são um divertimento bárbaro e impróprio de Nações civilizadas, bem assim que semelhantes espectáculos servem unicamente para habituar os homens ao crime e à ferocidade, e desejando eu remover todas as causas que possam impedir ou retardar o aperfeiçoamento moral da Nação Portuguesa, hei por bem decretar que de hora em diante fiquem proibidas em todo o Reino as corridas de touros.”
A proibição não durou mais do que escassos nove meses, tendo a tradição voltado a ser o que era. Nos dias de hoje surgiu, porém, uma nova interdição de touros. A maioria municipal socialista acaba de declarar Viana do Castelo a primeira “cidade anti-touradas” em Portugal, emulando 53 cidades espanholas. O que se vai fazer com a praça de touros de Viana? Pois a ideia da Câmara é excelente: transformá-la num Centro Ciência Viva, um espaço cultural aberto a todos e não apenas aos aficionados.
Aos defensores dos espectáculos tauromáquicos têm-se oposto os defensores dos direitos dos animais. Se os primeiros dizem que “
se há alguém que cuida e que ama os touros são os próprios toureiros", os segundos ripostam que isso "
é o mesmo que dizer que os pedófilos são os melhores amigos das crianças" (Público, 5/12/2008). Como argumento para o fim das touradas, não só em Arronches como no resto do país, julgo que nem é preciso invocar os direitos dos animais. Quando há uma absurda sucessão de mortes humanas, bastará invocar os direitos dos homens.»
Crónica de Carlos Fiolhais in "Público"Março 2009
(vale a pena lerem os comentários desta crónica)