Ética é o conjunto de valores, ou padrões, a partir dos quais uma pessoa entende o que seja certo ou errado e toma decisões. A ética é importante por que respeita os outros e a dignidade humana.

Sábado, 15 de Setembro de 2012
Porque é que há gente aficcionada e se mantém fiel à tradição?
Deve haver muito tribalismo. Marias e Manéis são criados no ambiente tauromáquico desde a infância, absorvem a cartilha e vão com os outros e as outras. São alvo da influência e evitam pensar, interessar-se, terem coragem em discordar e mudar, mesmo que vacilem e reconheçam que há sofrimento dos animais. Mas seria difícil discordar, seria incómodo, provocaria zanga e arriscaria acusação de traição e castigo por parte da multidão. 

Com certeza, que reconhecem sofrimento da parte dos animais, mas mais forte do que compaixão será o gosto pelo "espectáculo", pela "festa das pessoas (claro que os animais não festejam, pois sofrem)", a presunção, a cumplicidade, o companheirismo, a confraternização, mais ou menos embriagada e embriagadora. 

Para essa onda, então que se lixe o sofrimento dos bichos, quando a tourada é tão "entusiasmante"?

Trata-se, pois, de defender o espectáculo, a tradição, o negócio, a facturação dos “artistas”, as "admiráveis qualidades" da tauromaquia e os "feitos culturais, virtuosos e admiráveis dos artistas tauromáquicos" e as barrigadas de gozo que as touradas proporcionam?

Penso que cartas abertas críticas e didácticas dirigidas ao lobby pouco influência terão na evolução desta mentalidade, mas deverão ter um ricochete importante e levar o público em geral a tomar conhecimento e a reflectir sobre a realidade da tauromaquia. Pouco esforço exigem, pois os argumentos dos críticos da tauromaquia são óbvios. Penso que devem ser frequentes e variadas.
Provavelmente, até provocarão respostas dos aficcionados, que representem tiros nos próprios pés.

Vasco Reis
médico veterinário aposentado
Aljezur


publicado por Maluvfx às 10:43
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Terça-feira, 11 de Setembro de 2012
(des)Argumentos: Touradas IV
DEFENSORES DOS ANIMAIS: A tourada é um ato bárbaro indigno de pessoas civilizadas que desrespeitam os mais elementares direitos de todos os seres vivos da Terra: viver sem sofrimento.

AFICIONADOS: A tourada é um nobre espetáculo em que um ser humano enfrenta um animal selvagem, com técnica, coragem, elegência, num ritual com milénios.

ARGUMENTOS EM DEFESA DAS TOURADAS
1 - Se não houvessem touradas e os seus adeptos, os touros bravos já estavam extintos.
2 - Quem não gosta ou não concorda, tem a opção de não ver. Pois, quem gosta não tem o direito de ver?
3 - As touradas são uma tradição antiga e por isso deve ser defendidas e perpetuadas.
4 - Está cientificamente que os touros não sofrem durante as touradas.
5 - O que se exige nua tourada de um touro é apenas que seja fiel à natureza com que nasceu.
6 - Se quem gosta respeita, ou devia respeitar quem não gosta, quem não gosta deve respeitar quem não gosta.
7 - A arte de tourear é uma arte bonita.
8 - As touradas enaltecem a nobreza do touro.

in PENSAR AZUL, Alves, F; Arêdes J.; Carvalho J.


publicado por Maluvfx às 06:46
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Segunda-feira, 3 de Setembro de 2012
"Entram guizos chocas e capotes"
A tourada é nesta altura um assunto polémico. É uma batalha pacífica travada pelos aficionados e pelos manifestantes pelos direitos dos animais. Dois grupos distintos defendem a sua grande paixão, e um lado os que apoiam e defendem a arte secular do toureio, do outro quem quer assegurar o direito dos animais.

Fora desta grande batalha, e na maioria dos portugueses estão os indiferentes. E no dia em que legalmente for exigido colocar um ponto final nesta batalha, tal como em quaisquer eleições, é a conquista dos indiferentes que vai marcar a diferença.

As manifestações pacíficas são um forte direito de quem quer impor a sua indignação, mas aos olhos do público em geral não fazem a diferença. A maior parte das pessoas embrenha-se nos seus problemas pessoais, e pensa haver assuntos mais importantes para o país decidir antes de tomar uma resolução contra ou a favor das touradas.

No entanto, a meu ver, o dia de ontem marca um grande ponto de viragem nesta batalha. O momento em que um toureiro decide investir contra um grupo de manifestantes pacíficos, mostra que para aquele homem não existe qualquer respeito pela vida humana. Acredito que nesta altura não poderá haver nenhum aficionado que possa estar orgulhoso daquele triste momento. Não fosse motivo mais do que suficiente condenar este acto por ser um atentado à vida humana, temos ainda que considerar o quase canibalismo deste homem. Visto que decide agredir com um animal, apoiantes dos direitos dos animais.
Não fosse trágica, esta situação é no mínimo irónica, e a meu ver, era exactamente a mesma coisa que os defensores dos direitos dos animais obrigassem um toureiro a lidar um familiar seu.

Os votos conquistam-se nos indecisos, e o dia de ontem pode ter ajudado uma grande maioria a decidir.

Tendo sido um atentado à vida, além dos trâmites legais, resta-nos apenas esperar que na arena seja aplicado algum tipo de sanção ao toureiro que fez isto. Caso não aconteça temos todos que ir preparando dorso e assumir que mais dia menos dia esta gente pode começar a espetar as bandarilhas em quem quer que passe.

Fonte


publicado por Maluvfx às 13:07
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Sábado, 1 de Setembro de 2012
E ninguém gosta mais dos touros que os aficonados.. olha se não gostassem!
 O Estoque: Um instrumento de tortura proibido nas touradas à portuguesa, mas que se pode utilizar e se utiliza, tal como aconteceu hoje, em Barrancos - Portugal (?) 

O estoque/espada é um instrumento que incorpora uma lâmina pontiaguda de 80 cm. A sua função é cortar a veia cava caudal e a aorta posterior, localizadas na cavidade torácica, mas, de acordo com um estudo realizado em Espanha, ela não é devidamente cumprida em cerca de 80% das ocorrências.

Na maior parte dos casos, o que sucede é serem danificados nervos que comprometem o sistema músculo-esquelético da caixa torácica, o que, associado a grandes lesões do pulmão, provoca uma dramática dificuldade respiratória. Nestes casos, o sangue passa do pulmão para os brônquios e partir daí chega à traqueia e sai pela boca e pelo nariz.

Acontece ainda, com alguma frequência, a espada tocar a parte externa dos pulmões e o bovino engolir o seu próprio sangue; e chega a acontecer a lâmina entrar no fígado e/ou no estômago do animal!

A estocada que esta foto documenta foi efectuada há uns anos por um aprendiz de matador, em Barrancos, e não foi bem sucedida. A vítima acabou por ser abatida, sob aplausos, com uma dezena de punhaladas na cabeça, por via da “puntilla” - um outro instrumento de tortura.

Fonte:  Marinhenses Anti-touradas


publicado por Maluvfx às 14:05
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Quinta-feira, 9 de Agosto de 2012
(des)Argumentos: Touradas III
"Eu sou a favor das touradas...
Compreendo e aceito que haja qem não goste.. Não compreendo é os argumentos que as pessoas anti-touradas usam...
Se não acham correcto usar o animal para a diversão do Homem(um dos vossos argumentos), porque é que todos os dias comem carninha, huuuummm isso é muito bom...
O touro vive 4 anos em plena liberdade a alimentar-se das pastagens naturais por onde se passeia enquanto que os animais que comemos vivem pouco mais que 6 meses presos em estabulos quase sem espaço para se mexerem, alimentados cm farinha, e qimicos e depois sao mortos sabemos lá em que condiçoes... Todos nós temos pena do lince ibérico entre outros animais que estao em vias de extinção mas querem acabar cm as touradas, logu extinguir o touro bravo... Tds se queixam que se estão a perder as tradiçoes mas há que acabar cm mais uma, as touradas.. Tds acham normal u Homem ser picado por uma agulha mas um touro com uma bandarilha já é um horror...
E a adrenalina?! Alguem sabe o que a adrenalina faz au touro i á dor q possa existir?!
Alguem sabe porque é que até é "bom" aqele golpe i perda de sangue por parte do touro?!...
Ninguem anti-touradas consegue ver o respeito e carinho que há por aquele animal... Os aficionados, como eu adoram o touro..."

Respostas:

"Desde sempre o homem caçou para comer, naturalmente.
Não me digas que o touro como animal não existe ou existia. Como ser vivo existe a muitos milhares de anos. Essa faz-me rir, concerteza...
O Lince está em vias de extinção porque o homem, como ser humano e que utiliza os neurónios para articular, falar e... em caçar. O Lince está em vias de extinção porque em Portugal há mais caçadores do que caça e atiram em tudo o que mexe. Matam águias, falcões etc... Alguns, por pura diversão. Os portugueses que caçam não utilizam a cabeça para pensar e dar uzo aos neurónios que lá nascem... Alguns utilizam-na para usar o chapeu, os óculos e o cabelo - se bem que muitos não têm cabelo, portanto...
Fico estarrecido quando tu, Filipa me dizes que o homem também é picado. Claro, para tirar ou dar sangue a terceiros, é um acto sublime. Portanto não colhe o argumento que utilizas...
Eu sou contra as touradas, porque é um acto bárbaro, não-humano e não dignifica o ser humano. Não é uma tradição, não pode ser uma tradição...
Como tal deve terminar rapidamente...
No entanto, reconheço que não terminará brevemente.
Irá extingir-se por si...
Não é perene, como tal aguarda o fim... como tudo, aliás.
Mas o que acho é a ileterácia que grande maioria dos toureiros(as) e o séquito que gravita, nunca vi tamanha ignorância, quando se lhes coloca qualquer questão fora deste âmbito, espalham-se completamente...
Filipa, ainda estás a tempo de mudar, só não muda quem não quer... e quando se está do lado errado da barricada...
Mais: ter um animal de estimação não é ter boneco, é necessário cuidar muito bem do animal e dar-lhe todas as condições para ter uma vida digna. Infelizmente teve um familiar que quando o animal lhe dava problemas abandonava-o na serrão do Marão. Fiz qeixa dessa pessoa. Foi condenada a 3 anos de prisão, suspensa e não pode ter animal alguns durante 12 anos... Foi muito leve, deveria ter sido pena efectiva.
Para além de tudo isto deveria ser obrigatório ter cadastro para se ter um animal. Aquilo que eu vejo diariamente é lamentável. Se o animal faz uma necessidade orgânica sólida a maioria das pessoas deixa-o ficar nas ruas ou passeios. É triste. Se fosse na sua casa, concerteza que o limpava. A rua é de todos e todos devemos zelar pelos bem estar e limpeza das mesmas.
Já estou a fugir ao assunto primordial e que aqui me trouxe no entanto deixo o meu lamento por tanta falta clareza e de princípios.

Matar para comer, para nos defendermos, ou para de um modo geral, sobrevivermos, nada tem a ver com torturar um animal por prazer. È triste que não consigas perceber isso. Gozar com o sofrimento alheio é proprio de mentalidades sadistas, e de pessoas com fraca formação moral. Se não concordas com a forma como os animais para abate são tratados deves lutar contra isso e não tentar justificar o erro das touradas, com outros erros que os homens cometem sobre os animais. È bom que saibas que em paises mais civilizados que o nosso, os animais, mesmo que sejam para abate tem que ser tratados com respeito e dignidade. E se em Portugal não existe legisleção que proteja e defenda os animais, é em grande parte devido ao lobby tauromaquico, uma vez que as touradas, são em tudo incompativeis com o tratamento que os animais devem ter numa sociedade civilizada. Quanto á questão da tradição como deverias saber existem tradições boas e más e aponto o exemplo da mutilação genital que, infelizmente é tradição no continente africano. Não me parece que contudo concordes com tal pratica. Essa é uma má tradição com a qual importa acabar, tal como a tourada, que basicamente consiste em espetar ferros nas costas de um animal. Tudo o resto é para enfeitar uma pratica propria de selvagens. Assim seria bom que os apoiantes deste costume cruel deixassem de buscar justificações para o injustificavel, porque a tortura e a crueldade não tem justificação possivel."

Fonte: Comentários publicados em 2009 no Fórum MATP - Movimento Anti-Touradas de Portugal


publicado por Maluvfx às 13:38
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Quarta-feira, 8 de Agosto de 2012
Argumentos: Touradas II [Touro Bravo]
Texto exemplarmente completo e detalhado sobre todas as questões que se levantam nos debates sobre tourada, incluindo a ideia de que as touradas evitam a extinção do touro bravo:

"Não vamos entrar pelos argumentos, porque aí, lamento, mas espalham-se os aficionados. O único argumento legítimo e verdadeiro que têm, é o de a tourada ser um espectáculo legalizado e, como tal, terem todo o direito a participar. Ponto final porque acabam aí os argumentos válidos.
O sr. que fala em adrenalina ou no sangramento para alívio do touro obviamente não entende nada de biologia, de fisiologia ou de comportamento animal; percebe apenas da sua adrenalina quando assiste a espectáculos de violência. Essa dos sangramento para alívio dos humores foi uma prática médica muito em voga na Idade Média mas abandonada posteriormente. 
O que está na base do movimento anti-touradas não é claramente uma questão de gostos. Os gostos não se discutem. O pior é quando os nossos gostos colidem com a vida ou a integridade física de outros. Gostar é diferente de amar ou respeitar. É por demais evidente que os pedófilos gostam crianças; mas é uma maneira de gostar que passa pela exploração dos menores e pela negação dos seus direitos. Os que vivem da indústria tauromáquica cuidam dos touros porque vivem da sua exploração; se eles não lhes trouxessem rendimento, duvido que tratassem deles em regime pro-bono. Mas fica o desafio: vamos ver quantos aficionados amam verdadeiramente a raça taurina e se dispõem a cuidar dos exemplares existentes quando acabarem as touradas. Como fazem, por exemplo, as associações de animais por este país fora, que abnegadamente se dedicam a cuidar de cães e gatos abandonados. 
Outra falácia comum para fugir à discussão séria sobre ética é comparar a vida em liberdade que precede a tortura na arena à vida dos animais em criação intensiva. É claro que a criação intensiva é uma ignomínia, mas não invalida que as corridas de touros não constituam também uma ignomínia. Aqui podemos cair na questão de comparar coisas parvas como campos de concentração, por exemplo: seria melhor acabar em Auschwitz ou em Treblinka? É melhor morrer à nascença ou aos 4 anos? Com uma facada no peito ou afogado? Tudo isto são questões absolutamente laterais e cujo único objectivo é desviar a atenção de uma pergunta muito simples: 
É eticamente aceitável criar um animal para o massacrar publicamente e ganhar dinheiro assim?

Se respondermos sim, abrimos a porta para as lutas de cães, de galos, e até de indivíduos que, por grande carência financeira ou mesmo falta de neurónios, se disponham a entrar num recinto e participar numa luta de morte em jeito de espectáculo. Há quem goste de ver. E se vamos pela quantidade de público a assistir, nada batia os linchamentos públicos nos pelourinhos. Mas isso também acabou; houve uma altura em que passámos a considerar isso um espectáculo incorrecto e imoral. 
Vi agora que ainda há mais uns pseudo-argumentos: comparar injecções ou vacinas com as bandarilhas. Parece uma brincadeira comparar uma agulha fina com o objectivo de tratar uma doença ou evitar outra - no caso das vacinas - com a introdução de 9cm em metal grosso, cujos 3cm finais são em forma de arpão para não sair e continuar a rasgar os músculos e os ligamentos durante a lide. Das duas, três: ou está a brincar, ou não usa o raciocínio ou quer enganar os outros. 
Depois vem mais uma das bandeiras frequentemente agitadas: a da extinção do touro bravo. Como muitos dos que lutam contra a existência das touradas são pro-ambientalistas, este parece ser um argumento forte. Parece, mas obviamente não é. O que os ecologistas defendem é a não interferência nos ecossistemas porque há equilíbrios frágeis cuja totalidade das varáveis são desconhecidas e as rupturas imprevisíveis. Não tem nada a ver com o touro bravo. A extinção do touro bravo teria o mesmo impacto ambiental que a extinção do caniche. Podemos lamentá-la, claro, por razões sentimentais, mas não afectam em nada os ecossistemas. E se falamos de ambiente, as herdades onde se faz a criação extensiva de touros podiam dar lugar a montados de sobro e plantação de oliveiras. Temos um clima e um solo excelentes para a produção de azeite e cortiça e não somos autónomos na questão do azeite, o que nos traria ganhos financeiros e mais independência económica. Os toureiros, se quisessem reconverter-se, podiam ir para a apanha da azeitona com as suas calcinhas justas e a jaqueta de lantejoulas; não seria prático mas dava uma nota de cor aos campos nessa altura do ano."
Cristina d'Eça Leal

Fonte:  Texto escrito por uma Amiga e publicado em 2009 no Fórum MATP - Movimento Anti-Touradas de Portugal


publicado por Maluvfx às 22:21
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"... nada que se compare à dor que o touro está a sentir"
Na sua página do Facebook, Nuno Markl publicou o seguinte:
"Pode-se ser chutado para tarde por muitas razões de programação; mas ser chutado para tarde por causa de tourada dói ainda mais. Mas - lá está - nada que se compare à dor que o touro está a sentir por esta altura."
E respondeu a alguns comentários:

"... As audiências das transmissões das touradas não são mesmo nada de especial.

A RTP não é merda. Tem um notável director chamado Hugo Andrade, que sabe tudo o que eu penso sobre a tourada e que nos dá toda a liberdade para contestarmos, criticarmos e dizermos tudo o que pensamos sobre esta controversa questão. Já é um bom princípio que nos seja dado esse espaço e esta liberdade!

... pois, eu tenho é sérios problemas em respeitar qualquer coisa que envolva tortura e derrame de sangue. Por isso, peço desculpa, mas a tourada não respeito assim lá muito... 
... a questão dos contribuintes e dos impostos dava pano para mangas. Mas à partida o 5 Para a Meia-Noite, nem que seja por convidados que leva, por artistas que divulga, é mais serviço público do que um espectáculo violento e sangrento. 
- eu respeito muito a liberdade. Por isso é que adorava ver os touros a libertarem-se da arena...

... hoje não sou eu que faço o 5; é a Ana na 3. Mas estão preparadas umas bocas. Já que os aficionados reclamam tanto pela liberdade de ver a tourada, que tenhamos nós liberdade a seguir para dizer o que pensamos. Acho que os amantes da tourada não têm razão de queixa. Nós, os que contestamos, passamos a vida a fazê-lo; mas é ou não é verdade que continuam a ter o espectáculo com fartura? Então deixem-nos protestar contra ele com fartura, também. É difícil mudar quem cresceu a apreciar tourada. Permitam-nos que tentemos, pelo menos, fazer ver às gerações mais novas que Portugal tem tradições muito mais interessantes e menos violentas do que isto. Dito isto, quando chegará o argumento "a tourada é ecológica porque se não fosse isto, o touro estava extinto"?

... - eu queixo-me desde que me conheço. Nasci a queixar-me. Mas se uma pessoa não se queixa e aceita passivamente tudo, as coisas não avançam. O mal deste país é, muitas vezes, esse..."

Este foi o comentário que se destacou:

"Estamos a falar... 
... de uma emboscada organizada pelo homem, de forma voluntária e livre, na qual o toureiro entra porque quer, sai quando desejar, mas em que o touro é obrigado a intervir, sendo empurrado para a arena, sem alternativa? 
... de uma emboscada organizada pelo homem, de forma voluntária e livre, na qual o toureiro recorre a instrumentos perfurantes e a armas letais estranhas à sua própria anatomia? 
... de uma emboscada organizada pelo homem, de forma voluntária e livre, na qual o toureiro monta um cavalo que lhe proporciona (outra) injusta vantagem no ataque ao touro 
... de uma emboscada organizada pelo homem, de forma voluntária e livre, em que o touro, obrigado a participar, é condicionado e diminuído na sua condição natural (cornos serrados e/ou revestidos)? 
... de uma emboscada organizada pelo homem, de forma voluntária e livre, em que o touro, obrigado a participar, está sozinho contra tudo e todos? 
... de uma emboscada organizada pelo homem, de forma voluntária e livre, em que o touro, obrigado a participar, é provocado, incitado, picado e instigado a reagir? 
... de uma emboscada organizada pelo homem, de forma voluntária e livre, na qual o o toureiro age primeiro, ataca e agride, por motivos fúteis e gratuitos... até conseguir obter uma reacção de defesa (da própria vida) e de contra-ataque, por parte do touro, obrigado a participar? 
... de uma emboscada organizada pelo homem, de forma voluntária e livre, na qual o touro, obrigado a participar, luta pela própria vida, enquanto o toureiro... o toureiro luta exactamente pelo quê? 
... de uma emboscada organizada pelo homem, de forma voluntária e livre, na qual o o touro, obrigado a participar, é submetido a uma sessão de tortura e a um sofrimento dispensável, inútil, evitável e excessivo? 
É disto que estamos a falar? 
Se é disto que estamos a falar, parece-me tão-somente natural que exista quem prefira torcer pelo touro..."
por Pedro Fernandes


publicado por Maluvfx às 22:12
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(des)Argumentos: Touradas II
FightBull
Dificilmente se muda a opinião de alguém que concorda com Touradas. Isso é normalmente adquirido pela educação, e a razão pouco costuma conseguir influenciar.

No entanto, ficam expostas algumas respostas aos argumentos mais vulgares de quem se esforça por tentar justificar uma prática sem justificação. Para quem se decidir a pensar.


1 - As Touradas são uma tradição antiga e por isso devem ser defendidas e perpetuadas.

As touradas são de facto uma tradição (importada de Espanha). Mas isso por si só não deve justicar que se pratiquem. As tradições têm normalmente origem em tempos antigos, em que as sociedades, mentalidades e modos de vida eram bastante diferentes dos actuais. Com o tempo, o Homem e as suas comunidades tendem a aperfeiçoar e desenvolver a sua forma de viver e pensar. Chama-se a isso evolução. É por essa razão que já não tomamos banho com baldes de água aquecida numa fogueira, é por essa razão que a escravatura, que tanto agradava a algumas pessoas, foi abolida e é também por essa razão que já não acreditamos que basta dançar ou sacrificar um animal para fazer chover.
As tradições, por muito bonitas que sejam, só fazem sentido quando são compatíveis com as formas de pensar e os conceitos vigentes. Como hoje em dia, o respeito pelo sofrimento dos animais começa a fazer parte da forma de pensar de muita gente, as Touradas deveriam ser postas em causa e abolidas (ou repensadas, colocando na arena, por exemplo, o Toureiro nu em frente ao Touro - sempre era mais masculino do que com aqueles fatos - E cada um que se desenrascasse. Se é espectáculo que querem...)
O que o Homem deve ambicionar é uma sociedade mais inteligente, mais culta, com menos violência, injustiça e sofrimento. As tradições não devem nunca ser um obstáculo à prática de valores mais importantes.

2 - Se não fossem as Touradas e os seus adeptos, a raça dos Touros Bravos já estava extinta.

Isto é evidentemente falso. Os Pandas e outros animais que correram risco de extinção nunca serviram para as Touradas e continuam a existir. Felizmente existem no nosso país reservas e espaços destinados a que determinadas raças subsistam caso os seus habitats naturais não o permitam. De qualquer forma com certeza de que os aficionados que dizem tanto amar os Touros se esforçariam para que estes sobrevivessem mesmo que não servissem para nada.
Independentemente de tudo isto, o mais importante é deixar claro que perpetuar uma espécie de animais apenas para que estes possam ser usados em espectáculos que se baseiam no seu sofrimento não é um acto nobre nem louvável. E muito menos favorável ao próprio animal. Se é para isso, que se extingam!

3 - Quem não gosta ou não concorda, não veja.

Felizmente na nossa sociedade, as coisas não são assim. Se toda a gente fechasse os olhos às injustiças que se passam à sua volta o mundo seria certamente bastante diferente.
É evidente que quando sabemos que se passa algo com que não concordamos, o remédio não é olhar para outro lado. Isso já muita gente faz em relação a demasiadas coisas.
Este argumento é tão despropositado que torna-se quase ridículo combatê-lo. No entanto pode dizer-se o seguinte:
Quem se insurge contra as touradas não o faz por prazer nem proveito próprio. Esse esforço deve, por isso, ser respeitado por quem consegue assistir ao espectáculo sem a mínima misericórdia e reflexão pelo que lá se passa.

4 - Quem é contra as Touradas devia preocupar-se com outras coisas que também são feitas, nomeadamente o abandono de cães.

O Ser Humano tem a capacidade de se preocupar com várias coisas ao mesmo tempo. É uma espécie de dom.
O facto de se ser contra as Touradas não invalida que a pessoa não se preocupe com muitas outras coisas que se fazem a outros animais. Não é por haver uma guerra no Iraque que não nos podemos preocupar com os assaltos ou com a inflação.
Há sempre coisas mais e menos graves, mas temos evidentemente o direito de nos preocupar com todas.
Certamente que quem critica as touradas insurge-se também contra o abandono de cães, lutas organizadas de animais e muitos outros assuntos.

5 - Quem diz que é contra as touradas é hipócrita porque muitas vezes maltrata os cães e outros animais.

Esta é uma afirmação que não se baseia em nada (nem em lógica nem em senso comum) a não ser na experiência pessoal que eventualmente alguém terá.
Pessoas e argumentos hipócritas haverá sempre, e não é por isso que se pode generalizar e tomar a parte pelo todo.
Ao contrário daquela afirmação, o razoável é supor que quem é contra as touradas preza os sentimentos dos animais de uma forma profunda e geral. E é normalmente isso que se verifica.

6 - O touro praticamente não sofre com o que lhe é feito na arena.

É de facto difícil afirmar o que é que um Touro sente numa tourada. No entanto, os estudos científicos feitos até agora apontam no sentido de que as agressões sofridas antes e durante as corridas sejam não só dolorosas mas incapacitantes. O touro fica com nervos e músculos rasgados, e a quantidade de sangue que perde continuamente enfraquece-o. Não parece ser sensato pensar que isto pode ser agradável para o Touro, ou mesmo indiferente.
O touro, tal como os outros mamíferos, ao ter sistema nervoso central tem capacidade para sentir dor, ansiedade, medo e sofrimento. E os sinais exteriores que mostra na arena denunciam essas emoções. Não é portanto razoável aceitar a ideia de que os Touros sofrem pouco numa tourada.

7 - Os Touros nascem para serem lidados. São animais agressivos por natureza.

Uma coisa é o instinto de sobrevivência e auto-defesa de um animal, outra é o seu temperamento e personalidade. Embora o cortex cerebral de um Touro seja bastante mais básico do que o Humano (o que faz com que a sua personalidade seja igualmente menos complexa), cada animal tem o seu próprio temperamento, fruto, como no Homem, de factores genéticos associados a experiências vividas. O que todos têm em comum dentro da espécie é a sua técnica de defesa, que utilizam sempre que se sentem em perigo. Isto não deve ser confundido com a chamada "natureza" do animal. Com certeza que um Touro saudável deixado em paz no campo não anda a atacar tudo o que se mexe.

8 - Se quem gosta, respeita a opinião de quem não gosta, porque é que quem é contra não respeita a opinião contrária?

Toda a gente respeita as opiniões de todos e na realidade a opinião de quem é favorável às touradas também deve ser respeitada.
A sua prática é que não.
É fácil entender isto se pensarmos que Hitler era da opinião de que todos os Judeus deviam ser exterminados.
Mesmo que alguém tenha o direito a ter opiniões bizarra sobre qualquer assunto a sua colocação em prática não tem que ser respeitada nem tolerada se isso for ilegítimo. Se a prática de Touradas choca contra princípios considerados importantes por quem se lhes opõe, esta não tem que ser admitida.

9 - A arte de tourear é tão bonita que seria uma pena perdê-la.

A “arte” de tourear pode de facto ser considerada bonita, ter grande mérito artístico e principalmente técnico. Mas perde toda a legitimidade quando necessita de fazer sofrer física e psicológicamente animais para ser executada. Tal sofrimento não se pode impôr a um animal que não tem nada a ver com o assunto. É injusto, prepotente e cobarde fazê-lo. Esta arte, se bonita, é injusta e cobarde e nenhuma arte pode ter mérito assim. Nesse aspecto penso que todos concordarão. É uma arte desonrosa, para utilizar a linha de valores da tauromaquia.
A arte de lutar até à morte dos gladiadores era considerada bastante mais honrosa e bonita por quem assistia. Mesmo essa acabou. Será também uma pena?

10 - As Touradas enaltecem a nobreza do Touro.

Só uma mente muito ignorante ou distorcida pode realmente acreditar que os Touros quando vão para uma arena cumprem um qualquer desígnio divino.
A justificação de que o Touro é nobre por lutar pela vida numa tourada vem de quem alimenta o seu negócio e enriquece à custa deste espectáculo perverso mas rentável.
A nobreza é um conceito inventado pelo homem. Na natureza todos os animais são iguais e todos lutam pela sobrevivência. Ninguém duvida de que o Homem, numa luta com as suas armas e condições consegue ser superior a qualquer outro animal. Provar isso numa luta desigual não é nobre, é estúpido.

Os argumentos contra as Touradas:

Não há qualquer justificação moral para se causar sofrimento a um animal para fins de entretenimento.A recusa em ter consideração pelo sofrimento de um animal só pode ter origem em três factores:falta de cultura, falta de educação ou falta de carácter.É muito simples, pouco mais há a dizer sobre o assunto.

Fonte


publicado por Maluvfx às 07:33
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Tourada... Arte ou Bestialidade?
... tema mais que debatido, onde a conclusão nunca é uma conclusão, ou seja, nunca tem um resultado.
O gosto pelas Touradas, resulta e é adquirido quase sempre, pela educação. Assim sendo, os ouvido são tapados à voz da razão, ignorando-se assim, o sofrimento e a tortura que o animal está sujeito. A tradição, continua na procura da justificação utópica ao acto. Acto este, plagiado pelas tradições do nosso país vizinho: Espanha.

O que é uma tradição?
Pelo dicionário: acto de transmitir ou entregar;
transmissão oral de lendas, factos, etc. , de pais para filhos; transmissão de valores espirituais de geração em geração; conhecimento ou prática que provém da transmissão oral ou de hábitos inveterados; hábito; uso; notícia de um facto transmitido oralmente ou por testemunho que livros, sucessivamente publicados, confirmam; recordação; memória.

Por mim: Tradição, na maioria dos casos, igual a parvoice. As tradição são uma forma de reavivar o passado. Não me pegruntem o porquê de se querer faze-lo. Uma tradição tem que ser vista como uma inimiga da evolução, uma luta contra a outra, e mesmo assim, a Tradição por muitas vezes ganha (Volto a repetir, na maioria dos casos = infelizmente). O Homem 'avança' e aperfeiçoa as suas técnicas, actualiza a sua maneira de viver e de pensar... e sendo tudo isto tão obrigatório, porque é que se insiste nesta tradição tão descabida...? É por todo este processo de evolução, que por exemplo, já não aquecemos baldes de água para te tomar banho. A torneira está à nossa frente; a evolução está acessível, para quê complicar?

Outra coisa que me altera, são os dizeres acerca de, se não fosses as Touradas, o Touro Bravo estaria extinto...! Ora... se os toureiros e afins, são tão amigos dos Touros e remam todos contra o mar da extinção... porque é que os matam? Prefiro que sejam extintos a que sejam mortos. Mesmo sendo um bicho inútil, esses toureiros pseudo-protectores dos touros, estariam 'obrigados' a defende-los...
Mas enfim... isto é só algum dos muitos problemas.
Para mim Tourada = A cultura do sofrimento.
Fonte


publicado por Maluvfx às 07:01
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Segunda-feira, 6 de Agosto de 2012
As corridas de touros são o espetáculo com mais público a seguir ao futebol
Começa logo por ser discutível o futebol deixar a categoria de atividade desportiva para passar a ser considerado espetáculo.

Segundo dados do Instituto Nacional de Estatística, os concertos de música ligeira são os que movimentam maior número de espectadores (3,2 milhões), seguidos pelo teatro (1,6 milhões), variedades, música clássica, circo e, por último, a tourada. Isto para falarmos apenas de espetáculos ao vivo, porque se contabilizarmos as visitas a museus (10,3 milhões), galerias de arte (5,5 milhões) e cinema (16,4 milhões), então a clivagem é muito superior.

A ex-ministra da Cultura, Gabriela Canavilhas, afirmou que «[a] tauromaquia existe e movimenta 650 mil espectadores. É nossa obrigação cumprir a lei e a lei diz que temos que a regular». Aqui temos mais uma abusiva manipulação de números: os espetáculos tauromáquicos registaram a entrada (venda de bilhetes, incluindo aqueles que são comprados pelas autarquias, como forma encapotada de subvenção) de 650.000 espectadores. É sabido que o público das corridas de touros é errante; não assiste apenas a uma corrida de touros por ano, assim como um frequentador de museus faz diversas visitas anualmente. Só nos grandes recintos a tourada consegue hoje em dia números significativos de audiência; não porque o público local marque presença em força, mas porque os aficionados viajam até às praças onde podem assistir aos eventos mais publicitados. Assim, teríamos que estabelecer uma média de participações para se ter uma ideia aproximada do real número de pessoas mobilizadas (se forem 5, o número de aficionados desce imediatamente para 130 000; se forem 10, baixa para 65 000).

As verbas destinadas à compra de bilhetes para atividades tauromáquicas estão anotadas nos registos públicos referentes às despesas das autarquias. Dos alegados 650 mil espectadores, uma enorme percentagem assistiu às corridas de touros gratuitamente. Estranhamente, esses convidados dos promotores da tauromaquia, para a estatística, contaram como público.

Terá sido por o anterior Ministério da Cultura ter esgotado a sua função no cumprimento de leis, ao invés de refletir sobre o que se entende por «espetáculo artístico», que foi despromovido a Secretaria de Estado?

Se o Estado considera que um espetáculo artístico pode consistir em infligir sofrimento em animais para entretenimento público, então por que razão havemos de excluir da regulamentação as lutas de cães ou de galos? Se os critérios se baseiam no interesse do público e na receita de bilheteira, é completamente subjetivo considerar que as touradas sejam defensáveis e as lutas de cães ou de galos não o sejam.

Mas mesmo que assim não fosse, não podemos esquecer que os autos de fé não terminaram por falta de público, mas por se considerar que eram indignos e que contribuíam para a banalização da violência.

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publicado por Maluvfx às 22:05
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